Disfunção Sexual

disfunção sexual hiv
Pesquisar
Close this search box.

ARTIGOS

Disfunção Sexual

Por Dr. Richard Portier

em 21 de junho de 2023.

Cada vez mais homens vivendo com HIV (HVHIV) queixam-se de disfunção sexual no meu consultório. As principais são: disfunção erétil, baixa libido e ejaculação precoce. Neste artigo veremos a prevalência desses problemas, quais são suas causas e como tratá-las.

Eu utilizei como referência protocolo Sexual and Reproductive Health 2023 da European Association of Urology e o guideline da European AIDS Clinical Society 11.ª edição.

Prevalência e os fatores associados à disfunção erétil

O artigo “Factors associated with erectile dysfunction diagnosis in men with HIV infection: a case–control study”, publicado na HIV Medicine em março de 2021, nos mostra qual é a prevalência e os fatores associados à disfunção erétil.

Este foi um estudo retrospectivo caso-controle, com participantes masculinos da coorte US Military HIV Natural History Study (NHS). Esta coorte é composta por militares da ativa e beneficiários das Forças Armadas dos EUA. 

Os casos foram definidos como homens com diagnóstico de disfunção erétil após a infecção pelo HIV. Homens com diagnóstico antes da infecção foram excluídos. Os controles foram definidos como participantes da coorte sem diagnóstico de disfunção erétil e foram pareados 2:1 por idade no diagnóstico de HIV e duração do acompanhamento.

Dos 5.682 homens na coorte, 543 tiveram diagnóstico de disfunção erétil, resultando em uma prevalência de 9,6%. A idade média foi de 43 anos. Porém, 488 preencheram os critérios de inclusão do diagnóstico de disfunção erétil após o diagnóstico de HIV e foram pareados com 976 controles.

Na análise univariada, depressão, hipertensão, dislipidemia, diabetes, atraso no início da TARV maior que 4 anos, apneia do sono e tabagismo foram significativamente associados à disfunção erétil.

Na análise multivariada, atraso no início da TARV maior que 4 anos, uso de inibidor de protease maior que 1 ano e apneia do sono foram significativamente associados à disfunção erétil.

O que podemos concluir? Primeiro, que apesar da idade média dos participantes ser baixa, a prevalência de disfunção erétil foi 9,6%, considerada alta, o que condiz com minha suspeita inicial.

Segundo, doenças crônicas como depressão, hipertensão, dislipidemia, diabetes, apneia do sono e tabagismo são cada vez mais frequentes no HVHIV, e são possíveis fatores de risco para o problema. Por isso o diagnóstico dessas doenças, mas principalmente, o tratamento medicamentoso é importante para melhora da queixa. 

Terceiro, todas essas comorbidades estão relacionadas com o excesso de gordura corporal, por isso, parte do tratamento consiste em dieta, treino de força e exercício aeróbico, e suplementação, além de cessar o tabagismo. 

Por fim, o uso de um inibidor da protease, como, por exemplo, o atazanavir e o darunavir, por mais de um ano também está associado a disfunção erétil. Por isso, caso o homem utilize um antirretroviral desta classe, a troca pode ser necessária.

Investigação da causa da disfunção erétil

O primeiro passo na avaliação da disfunção erétil é sempre um histórico médico e sexual detalhado. A história sexual deve incluir informações sobre relações sexuais anteriores e atuais, consumo de pornografia, estado emocional atual, início e duração do problema erétil. Uma descrição detalhada deve ser feita da rigidez e duração das ereções sexualmente estimuladas e das ereções matinais, e dos problemas com desejo sexual, excitação, ejaculação e orgasmo. Questionários psicométricos validados, como o IIEF ou sua versão curta, o SHIM, podem ajudar. 

Como a depressão é um dos fatores de risco, o rastreio deste transtorno também é fundamental. Além disso, é necessário perguntas sobre o sono para o diagnóstico de apneia do sono, principalmente em homens com sobrepeso e obesidade.

O segundo passo são os exames complementares, para o diagnóstico de hipertensão, diabetes, dislipidemia e hipogonadismo. Para isso, solicitamos o MAPA (monitorização ambulatorial de pressão arterial), hemoglobina glicada, glicemia de jejum, colesterol total e frações, triglicerídeos, testosterona total e testosterona livre. Além desses exames, eu solicito a densitometria óssea de corpo inteiro para avaliação do percentual de gordura. 

Caso sejam excluídas as principais causas, uma avaliação com um urologista pode ser necessária, para exames mais específicos.

Tratamento da disfunção erétil

Após o diagnóstico, realiza-se o tratamento específico para a causa da disfunção erétil no HVHIV. Caso seja depressão, hipertensão, dislipidemia, diabetes, hipogonadismo ou apneia do sono, o tratamento específico para essas doenças deve ser realizado. Se há tabagismo, o tratamento para cessá-lo também deve ser prescrito.

Vimos também que uma das causas é o uso de um inibidor da protease, como, por exemplo, o atazanavir e o darunavir, por mais de um ano. Por isso, caso o homem utilize um antirretroviral desta classe, a troca pode ser necessária.

Nos homens com diagnóstico de depressão, ou algum indicativo que a causa possa ser psicológica, a psicoterapia é uma ferramenta importante para a melhora no longo prazo.

Por fim, todas essas comorbidades estão relacionadas com o excesso de gordura corporal, por isso, parte do tratamento consiste na mudança no estilo de vida com dieta, treino de força e exercício aeróbico, e suplementação. 

Porém, a resolução dessas causas pode demorar. Por isso, o tratamento com um inibidor da fosfodiesterase tipo 5 (iF5) pode ser necessário. 

Mas antes da prescrição, deve-se calcular o risco cardiovascular do homem. Caso seja baixo, a prescrição pode ser feita. Homens com risco moderado a alta devem ser avaliados por um cardiologista. 

Dos iF5, dois são amplamente utilizados no Brasil: o sildenafil e o tadalafil. O sildenafil é administrado em doses de 25, 50 e 100 mg. A dose inicial recomendada é de 50 mg, 30 a 60 minutos antes da relação, e deve ser adaptada de acordo com a resposta e dos efeitos adversos, que são geralmente de natureza leve e autolimitada.  

O tadalafil é administrado em doses de 10 e 20 mg. A dose inicial recomendada é de 10 mg, 30 a 60 minutos antes da relação, e deve ser adaptada de acordo com a resposta e os efeitos adversos, que são geralmente de natureza leve e autolimitada. Ele também demonstrou ter um benefício clínico nas funções ejaculatórias em pacientes com disfunção erétil.

A dose diária de 5 mg de tadalafil também foi aprovada e licenciada como monoterapia em homens com sintomas de trato urinário inferior relacionados à hiperplasia prostática benigna, devido à sua capacidade de melhorar significativamente os sintomas urinários. 

Portanto, seu uso pode ser considerado em homens com disfunção erétil e que se queixam destes sintomas, e que desejam se beneficiar de uma única terapia. 

Nos homens que utilizam um inibidor da protease para o tratamento do HIV, utiliza-se o sildenafil 25 mg a cada 48 horas e o tadalafil 5 mg como dose inicial, com dose máxima 10 mg em 72 horas.

Caso não haja melhora com os tratamentos iniciais, o urologista pode utilizar terapias combinadas para o tratamento da disfunção erétil.

Prevalência da baixa libido

A pouca libido também é uma queixa de disfunção sexual frequente em meu consultório. O artigo “HIV-1 status is independently associated with decreased erectile function among middle-aged MSM in the era of combination antiretroviral therapy”, publicado na AIDS em junho de 2018, nos mostra a prevalência deste problema.

Este estudo foi realizado na coorte holandesa AGEhIV, uma coorte comparativo prospectivo em andamento que investiga comorbidades relacionadas à idade e seus determinantes em pacientes vivendo com HIV e controles HIV-negativos. Os participantes vivendo com HIV foram recrutados no ambulatório de HIV do Centro Médico Acadêmico de Amsterdã, do Amsterdam Cohort Studies on HIV/AIDS, enquanto os HIV-negativos na clínica de infecções sexualmente transmissíveis do Serviço de Saúde Pública de Amsterdã. Foi aplicado um questionário com perguntas relacionadas ao desejo sexual.

Dos 399 homens que fazem sexo com homens (HSH) vivendo com HIV, 365 (96,6%) estavam com a carga viral abaixo de 200 cópias/mL e a média de contagem de linfócitos CD4 foi de 560 células/mm3. O baixo desejo sexual foi encontrado em 28 (7%) participantes.

Às principais causas de baixa libido no homem são: deficiência de testosterona, hiperprolactinemia, transtorno depressivo e de ansiedade, conflito no relacionamento, AVC, terapia antidepressiva, epilepsia, síndrome de estresse pós-traumático, insuficiência renal, doença coronariana, insuficiência cardíaca, envelhecimento, fisiculturismo, distúrbios alimentares, disfunção erétil e prostatite/síndrome de dor pélvica crônica.

Como existem diversas causas para o problema, o primeiro passo é realizar o diagnóstico da causa antes do tratamento. 

Tratamento da baixa libido

O tratamento da baixa libido depende da causa. Aqui focarei no tratamento das principais causas: deficiência de testosterona, e transtorno depressivo e de ansiedade.

A deficiência de testosterona, de acordo com protocolo da American Urological Association “Evaluation and Management of Testosterone Deficiency: AUA Guideline” é diagnosticada quando o exame de testosterona total está abaixo de 300 ng/dL. Porém, para realizar o diagnóstico, são necessárias duas medições de testosterona total feitas em ocasiões separadas, ambas realizadas de manhã cedo (entre 7:00 e 10:00).

Após o diagnóstico do hipogonadismo, a terapia de reposição de testosterona (TRT) visa, principalmente, restaurar níveis normais do hormônio e melhorar o sintoma de baixa libido. A testosterona pode ser administrada de forma intramuscular ou transdérmica (gel).

A metanálise “Effects of testosterone on sexual function in men: results of a meta-analysis” publicada pela Clinical Endocrinology demonstrou melhora no número de ereções noturnas, pensamentos e motivação sexual, número de relações sexuais bem-sucedidas, pontuação da função erétil e satisfação sexual geral, no homens que realizaram TRT e que estavam com níveis de testosterona abaixo de 346 ng/dL.

O diagnóstico de transtorno depressivo e de ansiedade é clínico, e eu uso os critérios do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 5ª edição (DSM-5). Porém, precisamos lembrar que os antidepressivos podem afetar negativamente a libido. Por isso precisamos escolher um medicamento com menos efeito na função sexual. 

De acordo com a revisão “Sexual side-effects of antidepressant and antipsychotic drugs” publicada na Current Opinion in Psychiatry em novembro de 2015, todos os antidepressivos com atividade serotoninérgica podem causar disfunção sexual leve a grave, como diminuição da libido, orgasmo retardado ou anorgasmia (>60%) e dificuldades de excitação (30%). Porém, antidepressivos noradrenérgicos, dopaminérgicos ou melatoninérgicos não causam disfunção sexual.

Ainda de acordo com a revisão, atualmente, a bupropiona, um inibidor da recaptação de norepinefrina e dopamina, tem grande evidência mostrando pouca ou nenhuma influência na disfunção sexual. A agomelatina também pode ser uma opção, enquanto a desvenlafaxina, vortioxetina, vilazodona e milnaciprano precisam de estudos adicionais para esclarecer sua influência nos eventos adversos sexuais.

Por fim, podemos não encontrar uma causa orgânica para a queixa, restando, como causa, gestões psicológicas. Por isso, grande parte dos HVHIV com baixa libido precisaram realizar terapia para melhorar o sintoma.

Prevalência da ejaculação precoce

Depois da disfunção erétil e da pouca libido, a ejaculação precoce é a terceira disfunção sexual mais frequente no meu consultório. O artigo “Sexual Dysfunctions Among People Living With HIV With Long- Term Treatment With Antiretroviral Therapy”, publicado na Sexual Medicine em maio de 2022, nos mostra a prevalência deste problema.

Este foi um estudo observacional transversal, realizado em um centro de atendimento ambulatorial de PVHIV altamente conceituado na cidade de São Paulo. Os pacientes foram recrutados em seu acompanhamento médico de rotina, de setembro de 2013 a outubro de 2016. A ejaculação precoce  foi avaliada por meio do IPE (Índice de Ejaculação Precoce) traduzido e adaptado para o contexto brasileiro. 

Entre 171 homens vivendo com HIV, a idade média foi de 50 anos, 91% estavam com a carga viral indetectável e a média de contagem de linfócitos CD4 foi de 621 células/mm3.  O diagnóstico de ejaculação precoce ocorreu em 29 (16,9%) participantes.

O que podemos concluir? Assim como a disfunção erétil, a ejaculação precoce é uma disfunção sexual frequente e que diminuiu a qualidade de vida do HVHIV, pois são mais propensos a relatar baixa satisfação com sua relação sexual, dificuldade de relaxar durante a relação sexual e relação sexual menos frequente. 

No entanto, o impacto negativo vai além do problema sexual. A ejaculação precoce pode ter um efeito prejudicial na autoconfiança e no relacionamento e, às vezes, pode causar sofrimento mental, ansiedade, constrangimento e depressão. 

Apesar das possíveis consequências psicológicas e de qualidade de vida, poucos homens procuram tratamento, pois sentem-se constrangidos.

Tratamento medicamentoso da ejaculação precoce

O  medicamento de primeira linha é o cloridrato de dapoxetina, 30 mg ou 60 mg, uma a duas horas antes da relação sexual. Ele foi eficaz em melhorar o tempo de ejaculação, aumentar o controle ejaculatório, diminuir o estresse e aumentar a satisfação sexual. Este medicamento é um antidepressivo da classe dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina, com poucos efeitos colaterais, incluindo náuseas, diarreia, sede, dores de cabeça e tonturas. Pode ser usado concomitante ao tratamento da disfunção erétil. Porém, é contraindicado nas PVHIV que usam o ritonavir por risco de interação medicamentosa.

Por isso eu uso como primeira linha de tratamento na PVHIV intervenções comportamentais e/ou aconselhamento psicossexual, inibidores seletivos de recaptação de serotonina, antidepressivos tricíclicos, clomipramina ou anestésicos tópicos.

Como a ejaculação precoce está relacionada com o transtorno de ansiedade, eu inicialmente trato este transtorno de saúde mental, com o escitalopram, fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina ou sertralina. Todos possuem eficácia semelhante, porém a paroxetina exerce o atraso ejaculatório mais substancial, por isso escolho, na maioria dos casos, este medicamento associado à terapia.

infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para richard@richardportier.com que responderemos o mais breve possível. Obrigado!

© 2022 Richard Portier. CNPJ 31.671.711/0001-11. Todos os direitos reservados. Termos de uso.

Quais suplementos as pessoas vivendo com HIV precisam suplementar?

Pesquisar
Close this search box.

ARTIGOS

Quais suplementos as pessoas vivendo com HIV precisam suplementar?

Por Dr. Richard Portier

em 22 de agosto de 2022.

Se você me acompanha a algum tempo, sabe que sou contra a prescrição de inúmeros suplementos. Por quatro motivos. Primeiro, porque não existem evidências científicas robustas para a prescrição. Ou seja, não sabemos se funcionam ou não. Segundo, porque são caros. Eu não gosto de rasgar o meu dinheiro com coisas que não funcionam. Terceiro, o que transforma um físico é o trabalho duro de longo prazo, através de dieta, treino de força e exercício aeróbico. Quarto, eu não acredito em atalhos, macetes, diquinhas, esquemas revolucionários, suplementos da moda.

Dito isso, neste artigo nós vamos ver os principais suplementos que prescrevo para os meus pacientes vivendo com HIV.

Óbvio que existem situações específicas em que a suplementação será contraindicada, mas para a pessoa vivendo com HIV com carga viral indetectável, contagem de linfócitos CD4 estáveis e sem outras doenças crônicas, utilizar os suplementos sugeridos neste artigo são seguros. Não causam sobrecarga nos órgãos (rins e fígados são as maiores preocupações), nem cortam os efeitos dos antirretrovirais.

Creatina

Uma das perguntas mais frequentes entre as pessoas que vivem com HIV é sobre a creatina. Pode ou não pode suplementar? Interfere no tratamento? Por que tantos médicos falam que “sobrecarrega” o rim?  Vamos responder todos esses questionamentos, explicando a fisiologia da creatina no nosso corpo e o que as evidências científicas nos mostram.

Primeiramente, você precisa saber que a creatina é um dos suplementos mais estudados na medicina e é o que mais possui evidências científicas no ganho de força e massa muscular. Porém, existem diversos mitos relacionados à segurança da creatina, principalmente relacionados ao rim

Essa confusão acontece, pois, nosso corpo produz a creatina a partir de aminoácidos e encontra-se principalmente nas nossas células musculares. Porém, 95% da creatina do corpo está armazenada na forma de fosfocreatina. 

Quando nosso músculo precisa de energia, transforma a fosfocreatina em ATP, que é a molécula de energia utilizada pelas nossas células musculares. Quanto mais força, mais ATP será produzido a partir da creatina. 

Mas é aqui que acontece a confusão: quando nosso corpo transforma a fosfocreatina em ATP, o resultado dessa conversão é a creatinina. Creatinina que é o exame que utilizamos para detectar problemas renais.

Resumindo: uma pessoa que suplementa creatina pode aumentar seus níveis de creatinina, mas isso não é um problema renal. Significa que houve um acúmulo de creatinina devido ao aumento da transformação de fosfocreatina em ATP. É um problema de acúmulo, não dos rins. Por isso, homens que suplementam creatina terão níveis de creatinina entre 1,2 e 1,5. E isso é normal e aceitável.

No estudo “Creatine fails to augment the benefits from resistance training in patients with HIV infection: a randomized, double-blind, placebo-controlled study”, PVHIV suplementaram creatina. Quatro delas apresentaram aumento de creatinina, e quando o suplemento foi suspenso, seus níveis voltaram ao normal após algumas semanas. Ou seja, o aumento de creatinina não foi por lesão renal, mas sim por uma conversão excessiva.

A International Society of Sports Nutrition no artigo “International Society of Sports Nutrition position stand: safety and efficacy of creatine supplementation in exercise, sport, and medicine” fez um parecer positivo sobre a segurança do suplemento.

Porém, existem diversos tipos de creatina no mercado. Veja cinco dicas sobre a creatina:

  1. Se você não está realizando exercício físico de força, nem adianta suplementar. A creatina é uma fonte de energia para os seus músculos. Se você é sedentário, e não faz força, seus músculos não precisam de mais energia. 
  2. Sempre avise o seu médico que está suplementando a creatina. Como explicado, o uso da creatina pode aumentar a creatinina no exame de sangue, causando confusão.
  3. Comece com uma dose de dois gramas e aumente, conforme necessidade e o seu exame de creatinina. Use no máximo cinco gramas por dia.
  4. Pode ser usada em qualquer horário do dia, já que ela é cumulativa. Por isso, deve ser utilizada todos os dias, mesmo nos dias de descanso.
  5. De preferência a creatina monoidratada e micronizada, pois tem uma absorção melhor no intestino.

Whey protein

Assim como a creatina, existe uma grande dúvida sobre o uso de whey protein nas PVHIV. Por que suplementar? Qual hora do dia usar? Sobrecarrega os rins? Interage com o dolutegravir?

O whey protein é a proteína do soro do leite concentrada. É uma proteína de alta qualidade, rica em aminoácidos essenciais, principalmente BCAA. É de absorção rápida e com maior potencial para aumentar a síntese proteica muscular, devido ao alto teor de leucina (3g por dose). Por isso, serve de matéria-prima para o nosso corpo criar novas fibras musculares e aumentar a massa muscular.

Mas para um bom aproveito, escolher um dos três tipos é fundamental, já que são diferentes de acordo com o seu processamento:

  • Concentrado: 80% de proteína; contém o maior teor de lactose.
  • Isolado: 90% de proteína ou mais; contém menos lactose.
  • Hidrolisado: pré-digerido para ser absorvido mais rapidamente.

Não existem estudos que demonstram vantagens para ganho de massa muscular quando os três tipos são comparados entre si. Porém, o isolado é melhor tolerado por intolerantes à lactose. Enquanto o hidrolisado é melhor tolerado em pessoas com alergia às proteínas do leite ou quem apresenta problemas de digestão.

Geralmente uma dose de whey possui entre 20 a 30 gramas de proteína. Então, se você precisa de 120 gramas de proteínas por dia, uma dose de whey corresponderá a 25 gramas dessas 120. O restante será preenchido por outras fontes, como carne, frango, peixes e ovos.

O melhor horário para tomá-lo é o que se encaixa na sua rotina. Porém, tente dar preferência para antes ou pós-treino.

Sobre a segurança do uso em PVHIV, é seguro. Todos os estudos a seguir demonstram que a suplementação não sobrecarrega os rins, ou qualquer outro órgão.

Em relação ao dolutegravir, o whey protein não interage com o antirretroviral. Existe, na bula do dolutegravir, a indicação para tomar suplementos que contenha cálcio com seis horas de diferença entre eles. Porém, o estudo que demonstrou essa interação era com 1200 mg de carbonato de cálcio, uma dose muito alta. No whey encontramos aproximadamente 250 mg de cálcio em uma dose (muito semelhante a 200 ml de leite), muito menor do que a quantidade do estudo. Por isso, eu posso afirmar que não interage.

Ômega-3

Apenas pessoas vivendo com HIV com hipertrigliceridemia, ou seja, triglicerídeos alto, maior que 150 mL/dL, precisam suplementar ômega-3. Duas metanálise, “Effect of Omega-3 Polyunsaturated Fatty Acids Treatment on Lipid Pattern of HIV Patients: A Meta-Analysis of Randomized Clinical Trials” e “Effectiveness of n-3 fatty acids in the treatment of hypertriglyceridemia in HIV/AIDS patients: a meta-analysis” demonstraram melhora dos valores com o suplemento.

Mas o que você precisa saber é que dentro do ômega-3 destacam-se dois ácidos graxos: o eicosapentaenoico (EPA) e o docosa-hexaenoico (DHA). Encontramos ambos na natureza em peixes gordurosos, como o atum, a sardinha e o salmão. Porém, não na quantidade terapêutica. Por isso é necessário suplementar para baixar os níveis de triglicerídeos.

No entanto, existem centenas de produtos disponíveis no mercado. Nem todos eles possuem a quantidade certa de EPA e DHA, e muitos são de baixa qualidade. Por isso, veja a seguir para comprar o ômega-3 certo:

  • Sempre veja o rótulo para verificar os tipos de ácidos graxos disponíveis no produto. Muitos suplementos contêm pouco ou nenhum EPA e DHA. Certifique-se que o produto contenha-os. Compre aquele com aproximadamente 1g de EPA ou 1g de DHA.
  • Na embalagem do produto pode estar escrito dessa forma “Contém 1.000 mg de ômega-3 por cápsula”. No entanto, no verso, você pode encontrar uma quantidade insuficiente de EPA e o DHA, por exemplo, apenas 160 mg de cada. Fuja desse.
  • Compre produtos que possuem padrão de pureza ou um selo de autenticidade. Estes são seguros e de qualidade.
  • Os ômega-3 tendem a ficar rançosos. Quando estragam, cheiram mal e se tornam menos potentes ou mesmo prejudiciais. Sempre verifique a data de validade e cheire o produto.
  • Tente comprar produtos certificados com selos de sustentabilidade. Peixes pequenos com expectativa de vida curta tendem a ser mais sustentáveis.
  • Se você é vegano, existem produtos com fonte de ômega-3 vem de algas marinhas. Procure-os. 
  • Utilize sempre junto com uma boa refeição.

Vitamina D

Todas as PHVIV com o diagnóstico de deficiência ou insuficiência de vitamina D, algo prevalente nessa população, precisam suplementar vitamina D. O protocolo da European AIDS Clinical Society, 11.ª edição, relata estudos que demonstraram até 80% de deficiência ou insuficiência de vitamina D nas PVHIV.

Como a vitamina D age como um hormônio no nosso corpo, quando estamos com níveis baixos, é como se estivéssemos com baixos níveis hormonais. Tratar essa deficiência é muito importante.

A vitamina D é produzida dentro do nosso corpo a partir da exposição à luz solar – entre 20 a 30 minutos de exposição sem protetor solar, todos os dias, é o suficiente para manter níveis adequados. Além disso, conseguimos vitamina D através dos alimentos como carnes, peixes, frutos do mar, laticínios, alguns queijos, vegetais, manteiga e ovo.

Porém, poucas PVHIV se expõem ao sol o suficiente para manter bons níveis. E nos alimentos a quantidade é muito baixa. Isso explica a alta prevalência de deficiência ou insuficiência de vitamina D.

Mas antes de suplementar é necessário realizar o diagnóstico de deficiência ou insuficiência de vitamina D através do exame de sangue 25-hidroxivitamina D. Consideramos níveis deficientes quando estão abaixo de 20 ng/mL; insuficiente quando estão entre 20 e 30 ng/mL; suficientes quando estão entre 30 e 100 ng/mL. Acima de 100 ng/mL consideramos intoxicação e existe o risco de efeitos colaterais com a suplementação.

O objetivo de suplementar vitamina D é deixar em níveis suficientes. Por isso você só suplementará se seus níveis são deficientes ou insuficientes. Não suplemente sem realizar o exame antes. Você pode estar com níveis suficientes e irá jogar o seu dinheiro fora, ou correr o risco de intoxicação.

A dose pode variar de 400 UI até 14000 UI por dia, dependendo do exame e da resposta individual. O livro “Endocrinologia clínica”, 7.ª edição, sugere doses de 7000 UI por dia ou 50000 UI por semana por 2 a 3 meses para alcançar níveis superiores à 30 ng/mL, e, após, dose de manutenção de 2000 UI por dia.

Vitamina E

A partir do estudo “Vitamin E is an effective treatment for nonalcoholic steatohepatitis in HIV mono-infected patients” publicado na AIDS em fevereiro de 2020, o uso de vitamina E está indicada apenas para pessoas com esteatose hepática.

No estudo, 27 PVH em terapia antirretroviral, com carga viral indetectável e com esteatose hepática foram incluídos. Após 24 semanas de tratamento com vitamina E 800 UI por dia, 23 (85%) participantes atingiram níveis normais de TGP, definida como abaixo de 45 UI/l. Estes níveis permaneceram normais após 24 semanas de suspensão da suplementação.

Além disso, na semana 24, observou-se a esteatose grave em apenas 41% dos pacientes, em comparação com 67% no início do estudo. A resolução da esteatose hepática foi observada em 22% dos casos.

Onze pacientes apresentaram eventos adversos durante o período do estudo. Dois relataram cansaço, dois náuseas e cólicas abdominais, dois visão turva, dois dores de cabeça, dois tonturas e um coceira. Não houve alterações laboratoriais e efeitos adversos graves. Nenhum paciente descontinuou o tratamento por estes sintomas.

Podemos concluir que, neste primeiro estudo com PVHIV com esteatose hepática, 24 semanas o uso de vitamina E 800 UI por dia diminuiu os níveis de TGP e o grau de esteatose hepática nos participantes. O tratamento foi eficaz e bem tolerado, com nenhuma desistência por efeito colateral e nenhum evento adverso grave.

Baseado neste estudo, e no protocolo da European AIDS Clinical Society, além da mudança de composição corporal através de dieta e exercício físico, e cessar o uso de álcool, drogas e cigarro, eu prescrevo a vitamina E 800 UI para os meus pacientes vivendo com HIV com esteatose hepática.

Termogênicos

Existem três termogênicos com evidências científicas melhores, porém não magníficas, relativamente baratos e que podem dar resultados. São a cafeína, o chá verde e o cromo. Todos fazem parte da minha fórmula que utilizo todos os dias e prescrevo para os meus pacientes.

Cafeína

A cafeína é um dos principais suplementos utilizados na performance esportiva. Diversas entidades esportivas consideram o seu nível de evidência A (evidência comprovada).

A revisão “Fat burners: nutrition supplements that increase fat metabolism”, publicada em setembro de 2011 na revista Obesity Reviews, concluiu que, em algumas circunstâncias, a cafeína pode aumentar o gasto energético (em repouso) ou a oxidação de gordura (em repouso e durante exercícios de baixa intensidade). A cafeína por si só não demonstrou ser eficaz na redução do peso corporal e, se aumenta o metabolismo da gordura, os efeitos geralmente são pequenos (<20%). Ou seja, associado a dieta e exercício físico pode ter valor prático significativo.

Chá verde

O chá verde é rico em polifenóis (catequinas), responsáveis por seus efeitos metabólicos, sendo a epigalocatequina a mais abundante.

A metanálise “The effects of green tea on weight loss and weight maintenance: a meta-analysis”, publicada em julho de 2009 na revista International Journal of Obesity, conclui que as catequinas diminuíram, significativamente, o peso corporal e mantiveram o peso corporal.

Outra metanálise, “Effect of green tea catechins with or without caffeine on anthropometric measures: a systematic review and meta-analysis”, publicada em janeiro de 2010 na revista The American Journal of Clinical Nutrition, concluiu que, as catequinas associadas a cafeína reduziram, significativamente, o IMC, o peso corporal e a circunferência da cintura.

Picolinato de cromo

No estudo “In patients with HIV-infection, chromium supplementation improves insulin resistance and other metabolic abnormalities: a randomized, double-blind, placebo controlled trial”, publicado em agosto de 2010 na revista Current HIV Research, houve uma redução significativa na gordura total, tronco, braço e perna, e um aumento no percentual de massa magra após 16 semanas de suplementação de cromo em PVHIV.

Não jogue seu dinheiro fora com suplementos que você não precisa

Dos que eu mais recebo dúvidas no Instagram, não indico o uso de multivitamínicos, colágeno, glutamina, caseína, albúmina, BCAA e hipercalóricos. 

Também não indico fitoterápicos, como tribulus terrestris, maca peruana, cúrcuma, gengibre, etc.

Por isso vou repetir e deixar como mensagem final deste artigo: não use suplementos porque estão na moda ou porque você viu alguém na internet dizendo que é bom. Use com sabedoria. 

Invista seu dinheiro nos suplementos com mais evidência científica, em uma boa dieta com comida de verdade e na mensalidade da academia. Isso é o que vai trazer resultado para o seu físico e sua saúde.

infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para richard@richardportier.com que responderemos o mais breve possível. Obrigado!

© 2022 Richard Portier. CNPJ 31.671.711/0001-11. Todos os direitos reservados. Termos de uso.

Lipodistrofia

Pesquisar
Close this search box.

ARTIGOS

Lipodistrofia

Por Dr. Richard Portier

em 18 de junho de 2021.

A síndrome da lipodistrofia é o termo usado para descrever uma série de sintomas que incluem alterações na forma e no metabolismo do corpo. Essas alterações corporais são duas: perda de gordura e/ou ganho de gordura em determinadas partes do corpo.

Lipoatrofia é a perda de gordura no rosto, braços, nádegas e pernas. Essa perda de gordura pode fazer as veias se projetarem nos braços e pernas e criar bochechas profundas, junto com a perda de gordura em outras partes do rosto.

Lipo-hipertrofia é o acúmulo de gordura nos seios, abdome, mas principalmente, na base do pescoço e na região da coluna torácica, chamada de “giba”. Algumas pessoas também desenvolvem lipomas, que são nódulos redondos e móveis de gordura sob a pele.

Embora seja, para a maioria das pessoas, um problema estético, pode causar desconforto considerável quando:

  • a “giba” leva a dificuldade para dormir, dores de cabeça e dor no pescoço, tornando mais difícil virar o pescoço ou os ombros, o que pode afetar a visão lateral e a direção de veículos.
  • a gordura abdominal causa problemas no sono, respiratórios, digestivos e dores na coluna.
  • o excesso de gordura começa a acumular dentro dos órgãos, como no fígado, e dentro das artérias, causando aterosclerose.
  • a perda de gordura facial e alterações corporais causam depressão e ansiedade, o que leva a não adesão ao tratamento.

Os antirretrovirais atuais causam lipodistrofia?

A resposta para essa pergunta é NÃO. A não ser que você trate com a zidovudina (AZT), a chance dos outros antirretrovirais disponíveis no Brasil causarem lipodistrofia é extremamente raro.

Várias classes de antirretrovirais têm sido associadas ao acúmulo de gordura. Os inibidores da protease (IP) podem alterar a função de certas enzimas necessárias para manter a quantidade de células de gordura saudáveis e funcionais. O resultado é o acúmulo de gordura. Os IPs mais antigos, como o lopinavir, possuem maior probabilidade de causar acúmulo de gordura, enquanto os dois mais recentes, atazanavir e darunavir, não foram associados.

Inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRN) e inibidores da transcriptase reversa não-análogos de nucleósidos (ITRNN) podem causar acúmulo de gordura em algumas pessoas, possivelmente porque contribuem para a resistência à insulina, que está associada a um aumento na gordura visceral.

Já os inibidores da integrase (INI), como o dolutegravir, têm sido associados ao ganho de peso, consequentemente, ganho de gordura corporal. Porém não podemos afirmar com precisão se isso realmente acontece.

A lipoatrofia está mais associada aos ITRN, principalmente a estavudina (d4T) e a zidovudina (AZT). Esses antirretrovirais danificam as mitocôndrias, que são as usinas de energia das nossas células, causando o que chamamos de toxicidade mitocondrial. Esse dano faz as células de gordura percam sua capacidade de funcionar normalmente, distorcendo sua forma. Em alguns casos, as células podem morrer, causando perda de tecido adiposo no rosto e nos membros. 

Os ITRN que não estão ligadados à lipoatrofia são: lamivudina (3TC), emtricitabina (FTC), tenofovir (TDF ou TAF) e abacavir (ABC). Ou seja, os ITRN que usamos atualmente no tratamento da maioria das pessoas vivendo com HIV não estão associados a lipoatrofia.

Ainda não se sabe se o efavirenz (EFV) causa ou não lipoatrofia.

Como tratar a lipodistrofia?

Reverter as mudanças já causadas pela lipodistrofia é difícil. Por isso a melhor opção é escolher antirretrovirais com menor chance de causar essas alterações – o que já fazemos atualmente.

Para pessoas que desenvolveram lipoatrofia, substituir o AZT por tenofovir ou abacavir é extremamente fundamental. Porém a reversão do quadro geralmente é apenas parcial e ocorre muito lentamente, com alterações visíveis após seis meses a vários anos.

Já o uso de esteróides anabolizantes, combinado ao exercício, é controverso e necessita de acompanhamento médico específico para ser realizado.

Por fim, a cirurgia plástica pode ser um excelente aliado. A lipoaspiração pode remover gordura em algumas áreas do corpo, principalmente na “giba”. Cirurgia padrão pode ser feita para redução de mama. Para lipoatrofia, preenchimentos e implantes podem ser realizados. No entanto, esses procedimentos são complexos. Por isso procure um cirurgião plástico ou dermatologista qualificado.

infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para richard@richardportier.com que responderemos o mais breve possível. Obrigado!

© 2022 Richard Portier. CNPJ 31.671.711/0001-11. Todos os direitos reservados. Termos de uso.

Problemas de pele e cabelos

Pesquisar
Close this search box.

ARTIGOS

Problemas de pele e cabelos

Por Dr. Richard Portier

em 18 de junho de 2021.

A maioria dos problemas de pele, cabelos e unhas não estão relacionados aos antirretrovirais. No entanto, erupções cutâneas que surgem logo após ao início do tratamento podem indicar uma alergia aos medicamentos.

Por isso, qualquer alteração de pele logo após o início de um novo medicamento, independente se for um antirretroviral ou não, deve ser imediatamente comunicada ao seu médico. Se for grave, procure um pronto atendimento o mais rápido possível.

Problemas de pele

Uma erupção cutânea é uma alteração na cor e textura da pele que aparece como um surto de manchas vermelhas, associado ou não com inchaços. Também podem surgir feridas e bolhas.

Erupções leves consistem em manchas planas e vermelhas aparecendo em uma pequena área do corpo. É conhecida como urticária.

Erupções cutâneas moderadas se espalham para uma área maior e consiste em manchas achatadas e vermelhas e/ou pequenas saliências ou lesões vermelhas elevadas.

Erupções cutâneas graves formam bolhas ou úlceras grandes.

As causas podem ser diversas: infecções, reações alérgicas, medicamentos, doenças sistêmicas, como câncer, e doenças autoimunes. Independente da causa, procure assistência médica imediatamente após o aparecimento da erupção. Para o seu médico realizar o diagnóstico será fundamental ver a lesão. Então não demore, ela pode desaparecer.

Reação de hipersensibilidade

Uma reação alérgica ao antirretroviral é chamada de reação de hipersensibilidade. Aparece nas primeiras quatro a seis semanas após o início do tratamento. O atazanavir (ATV), o darunavir e o maraviroc são os antirretrovirais que mais causam esse tipo de reação. Os sintomas são leves e tendem a sumir com o uso de corticóides e antihistamínicos. Geralmente não será necessária a troca do antirretroviral.

Já para a prescrição do abacavir será necessário realizar um teste genético para hipersensibilidade. Se for positivo, este antirretroviral estará contraindicado.

Outro medicamento comumente prescrito para as pessoas que vivem com HIV é o sulfametoxazol+trimetoprim (Bactrim®). Também é frequente a reação de hipersensibilidade.

Se você apresentar sintomas graves, como feridas extensas, bolhas, lesões arroxeadas, febre e falta de ar, procure imediatamente um pronto atendimento.

Perda de cabelo

A perda de cabelo, também chamada alopecia, é comum, está ligada a genética e acontece principalmente em homens à medida que envelhecem. Quando a perda de cabelo é súbita, intensa e rápida, é considerado anormal.

Existem diversas causas, incluindo:

  • A própria infecção pelo HIV, quando a pessoa está sem tratamento.
  • Os antirretrovirais, apesar de extremamente raro.
  • Deficiência nutricionais, particularmente baixa ingestão de proteínas.
  • Hipotireoidismo.
  • Deficiência de vitaminas, principalmente do complexo B.
  • Níveis de testosterona muito altos após a utilização de esteróides androgênicos.
  • Sífilis secundária.

Exames laboratoriais de sangue como exames hormonais e de vitaminas irão realizar o diagnóstico de deficiência nutricionais e hormonais.

Caso excluídas as causas mais frequentes, diagnósticos mais raros e efeitos colaterais dos antirretrovirais e outros medicamentos podem ser aventados.

O mais importante é realizar o diagnóstico. Por isso converse com o seu médico na próxima consulta.

infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para richard@richardportier.com que responderemos o mais breve possível. Obrigado!

© 2022 Richard Portier. CNPJ 31.671.711/0001-11. Todos os direitos reservados. Termos de uso.

Dormência e dores nos nervos

Pesquisar
Close this search box.

ARTIGOS

Dormência e dores nos nervos

Por Dr. Richard Portier

em 18 de junho de 2021.

A neuropatia periférica é um tipo de dano nos nervos que pode causar dormência, formigamento, queimação e, às vezes, dor intensa. Ocorre com mais frequência nos dedos dos pés, nos pés e nas pernas, mas também pode surgir nas mãos e nos braços. Normalmente, os dois lados do corpo são afetados. Em casos mais graves, pode prejudicar a força do músculo, levando à fraqueza muscular.

Se você sente algum desses sintomas todos os dias, este não é o momento para o auto-diagnóstico. A causa a neuropatia periférica pode ser simples, mas também algo grave. Apenas seu médico pode diagnosticar adequadamente. Por isso converse com o seu médico sobre qualquer dormência, formigamento ou queimação nos membros para que uma investigação adequada possa determinar a causa. O atraso do diagnóstico pode resultar em problemas permanentes.

Descobrindo a causa

Algumas causas de neuropatia periférica são:

  • A própria infecção pelo HIV, em pessoas sem tratamento.
  • Os antirretrovirais que já foram a causa mais frequente de neuropatia em pessoas vivendo com HIV – estavudina (d4T) e didanosina (ddL) – não são mais usados no Brasil. Muito, mas muito raramente a neuropatia pode ser causada pela lamivudina (3TC) e enfuvirtida (T20).
  • Outros medicamentos.
  • Compressões nervosas, principalmente em coluna lombar e cervical.
  • Diabetes.
  • Hipotireoidismo.
  • Uso de álcool, cocaína ou anfetamina
  • Deficiência de vitamina, principalmente do complexo B, como a B12.
  • Outras doenças, como hanseníase.

O que fazer?

Descobrir a causa.

Exames laboratoriais de sangue como glicemia de jejum, hemoglobina glicada, exames hormonais e de vitaminas irão realizar o diagnóstico de diabetes, de deficiência nutricionais e hormonais.

Exames de imagem, como ressonância magnética, irão realizar o diagnóstico de compressões nervosas na coluna.

Caso excluídas as causas mais frequentes, diagnósticos mais raros e efeitos colaterais dos antirretrovirais e outros medicamentos podem ser aventados.

O mais importante é realizar o diagnóstico. Por isso converse com o seu médico na próxima consulta ou procure um neurologista.

infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para richard@richardportier.com que responderemos o mais breve possível. Obrigado!

© 2022 Richard Portier. CNPJ 31.671.711/0001-11. Todos os direitos reservados. Termos de uso.

Dores musculares crônicas

Pesquisar
Close this search box.

ARTIGOS

Dores musculares crônicas

Por Dr. Richard Portier

em 18 de junho de 2021.

Todo mundo tem dores musculares ocasionais. Geralmente acontecem após praticarmos alguma atividade física intensa, quando ficamos na mesma posição durante horas ou dormimos mal.

Mas pessoas vivendo com HIV podem desenvolver problemas musculares crônicos, como dor muscular, cãibras e fraqueza.

Se você sente dores musculares todos os dias, este não é o momento para o auto-diagnóstico. A causa para o seu problema muscular pode ser simples, mas também ser algo grave. Apenas seu médico pode diagnosticar adequadamente. Por isso converse com o seu médico sobre qualquer fraqueza muscular e dores musculares crônicas para que uma investigação adequada possa determinar a causa.

Descobrindo a causa

Em particular, é muito importante descartar doenças neurológicas (relacionadas ao HIV ou não) que possam estar causando seus sintomas. Porém existem dois distúrbios mais frequentes relacionados aos antirretrovirais.

Miopatia

A miopatia é um distúrbio muscular que resulta em fraqueza, que muitas vezes leva a dores musculares crônicas. Pode ser causada por:

  • Toxidade mitocondrial causada pela zidovudina (AZT) e estavudina (d4T). Mais raramente outros inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRN).
  • Medicamentos para tratar dislipidemia, como as estatinas (sinvastatina, atorvastatin, etc).
  • Deficiência de vitaminas e minerais, principalmente a vitamina D e magnésio.
  • Deficiências de aminoácidos essenciais.
  • Deficiência hormonais, como a testosterona.
  • Doenças neurológicas diversas.
  • Estresse oxidativo intenso. 

Acidose lática

A acidose lática acontece quando há um aumento anormal na produção de lactato, que leva à dor muscular intensa. Pode ser causada pela toxidade mitocondrial causada pela zidovudina (AZT) e estavudina (d4T).

Bem mais raramente outros inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRN) e inibidores da integrase (INI), como o dolutegravir e o raltegravir.

O que fazer?

Descobrir a causa.

Exames laboratoriais de sangue detectam deficiência nutricionais e hormonais, além do aumento de CPK, um indicativo que está acontecendo dano muscular.

Podem ser necessários exames mais complexos, como a eletroneuromiografia.

Caso seja um efeito colateral de um medicamento, será necessário trocá-lo.

O mais importante é realizar o diagnóstico. Por isso converse com o seu médico na próxima consulta.

infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para richard@richardportier.com que responderemos o mais breve possível. Obrigado!

© 2022 Richard Portier. CNPJ 31.671.711/0001-11. Todos os direitos reservados. Termos de uso.

Cansaço crônico

Pesquisar
Close this search box.

ARTIGOS

Cansaço crônico

Por Dr. Richard Portier

em 23 de junho de 2023.

O cansaço crônico, chamado de fadiga crônica, é diferente do cansaço inerente da nossa rotina. É um peso, uma dor, uma falta de energia que não é aliviada por dormir o suficiente ou tirar umas férias.

A fadiga crônica causa efeitos físicos, deixando você incapaz de fazer as coisas que costumava fazer. Fazer tarefas simples parecerem esmagadoras. Também leva à sintomas mentais, dificultando o foco no seu trabalho ou deixando-o sem a motivação para realizar as tarefas da vida diária.

Mas como diferenciar o cansaço da vida com a fadiga crônica? Responda às seguintes perguntas:

  • Seu nível de energia agora é semelhante como o do passado?
  • Você é capaz de trabalhar um dia inteiro e ainda tem energia para sua vida social? Ou você chega em casa tão exausto que cai no sofá?
  • Você tem energia para se exercitar quantas vezes quiser ou apenas o pensamento de ir à academia é cansativo?
  • Como você se sente quando acorda de manhã? Você está saindo da cama se sentindo ótimo ou está se arrastando para fora e se forçando a seguir em frente?
  • Você está cochilando ou talvez pegando mais uma xícara de café só para ficar acordado?
  • Você sente dores musculares todos os dias?

Se você sente fadiga todos os dias, este não é o momento para o auto-diagnóstico. A causa para o seu problema pode ser simples, mas também ser algo grave. Apenas seu médico pode diagnosticar adequadamente. Por isso converse com o seu médico sobre qualquer sintoma para que uma investigação adequada possa determinar a causa.

Prevalência e os fatores associados

O artigo “Prevalence and predictors of fatigue among people living with HIV in Norway”, publicado na AIDS Care em junho de 2021, nos mostra qual é a prevalência e os fatores associados ao problema.

Este foi um estudo transversal, com PVHIV dos ambulatórios do Hospital of Southern Norway (SSHF) e University Hospital of North Norway (UNN). A fadiga foi aferida através do questionário Chalder Fatigue Questionnaire (CFQ), uma escala validada para avaliar o cansaço mental e físico. A fadiga foi considerada crônica se os sintomas estivessem presentes por 6 meses ou mais.

A prevalência de cansaço entre os 244 participantes foi de 38,5%, sendo que 18% (n=44) sofriam de fadiga crônica. Cinco fatores foram significativamente associados à fadiga: sofrimento mental, multimorbidade, morar sozinho, dificuldade para dormir e dores no corpo.

O que podemos concluir? Primeiro, o cansaço é prevalente nas PVHIV, sendo, neste estudo, relatado por 38,5% das pessoas, sendo que 18% relataram fadiga por mais de 6 meses. Segundo, entre as principais causas, estão a privação de sono, transtornos de saúde mental e dores no corpo, que podem ser diagnosticadas através de perguntas básicas durante a consulta médica. Terceiro, a maioria das PVHIV apresentam outras comorbidades, como hipertensão, diabetes tipo II, hipogonadismo, hipotireoidismo, que podem ser causas deste sintoma.

Investigando a causa

Através da entrevista médica, com perguntas simples, eu consigo identificar algumas causas, como distúrbio do sono, apneia obstrutiva do sono, transtorno depressivo ou de ansiedade, dores crônicas, tabagismo, alcoolismo, uso de drogas, efeitos colaterais de medicamentos, sedentarismo e má alimentação.

Depois, solicito exames, dividindo-os em 6 grupos: efeitos colaterais dos antirretrovirais, metabólicos, hormonais, deficiência de vitaminas e minerais, infecções e imagens.

  1. Efeitos colaterais dos antirretrovirais: hemograma para avaliar alterações hematológicas, como a anemia; TGO e TGP para função hepática; creatinina e urina tipo I para função renal; LDH para acidose lática; e CPK para miopatias. 
  2. Metabólicos: glicemia de jejum, hemoglobina glicada e insulina para diabetes tipo II, lipidograma para dislipidemia; e ureia para excesso de exercício físico.
  3. Hormonais: TSH e t4 livre para função tireoidiana; e testosterona total e livre para deficiência de testosterona.
  4. Vitaminas e minerais: 25 hidroxi-vitamina D, vitamina B12, ácido fólico, homocisteína, zinco e ferro para deficiência desses micronutrientes.
  5. Infecções: VDRL para sífilis; anti-HCV para hepatite C; EBV IgM e IgG para mononucleose; CMV IgG e IgM para citomegalovirose; e toxoplasmose IgG e IgM para toxoplasmose.
  6. Imagens: densitometria óssea de corpo inteiro para composição corporal; e ecocardiograma para insuficiência cardíaca.

O tratamento inclui múltiplas condutas, como mudança na alimentação, prática de exercício físico, suplementação, cessar tabagismo e uso de drogas, higiene do sono, troca de medicamentos, tratamento farmacológico e terapia. Tudo depende das possíveis causas diagnosticadas. 

infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para richard@richardportier.com que responderemos o mais breve possível. Obrigado!

© 2022 Richard Portier. CNPJ 31.671.711/0001-11. Todos os direitos reservados. Termos de uso.

Saúde mental e HIV: como tratar a depressão e a ansiedade

Pesquisar
Close this search box.

ARTIGOS

Saúde mental e HIV: como tratar a depressão e a ansiedade

Por Dr. Richard Portier

em 21 de junho de 2023.

Para iniciar este artigo eu faço a seguinte pergunta: qual a prevalência de transtornos de saúde mental nas pessoas vivendo com HIV?

Para responder essa pergunta eu trouxe o artigo “The prevalence of mental health disorders in people with HIV and the effects on the HIV care continuum” publicado na revista AIDS em fevereiro de 2023.

Este foi um estudo observacional com participantes vivendo com HIV da North American AIDS Cohort Collaboration on Research and Design. Foram coletados dados de 2008 até 2018.

Entre 122.896 PVHIV, 67.643 (55,1%) foram diagnosticados com um ou mais transtornos de saúde mental: 39% com transtornos depressivos, 28% com transtornos de ansiedade, 10% com transtorno bipolar e 5% com esquizofrenia. A prevalência de transtornos depressivos e de ansiedade aumentou entre 2008 e 2018, enquanto o transtorno bipolar e a esquizofrenia permaneceram estáveis. Mais de um transtorno afetou 24% das PVHIV.

O que podemos concluir? Primeiro, que a prevalência de transtornos de saúde mental são prevalentes nas PVHIV, principalmente a depressão e a ansiedade. Segundo, que a prevalência tem aumentado.

Por isso o rastreio é importante, particularmente em PVHIV com: história positiva de depressão ou ansiedade na família; episódio depressivo ou de ansiedade prévio; idosos; adolescente; com histórico de uso de drogas; uso excessivo de álcool; uso de efavirenz; socialmente isoladas; personalidade ansiosa; e múltiplos eventos estressantes da vida.

Se você tem sintomas de depressão ou ansiedade, converse com o seu médico. E não deixe de procurar assistência psicológica o quanto antes.

Para escrever este artigo eu utilizei como referência o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 5ª edição (DSM-5), o livro Tratado de Psiquiatria da Associação Brasileira de Psiquiatria, 1.ª edição e o guideline da European AIDS Clinical Society 11.ª edição.

Sintomas da depressão

São sintomas da depressão: tristeza; desânimo ou perda de prazer; diminuição de energia ou cansaço; alterações de apetite, do sono e da libido; alterações psicomotoras, como lentificação ou agitação; dificuldade de concentração; indecisão ou mudanças na capacidade de toma de decisões; e sintomas cognitivos e emocionais que incluem culpa, ideias de desvalia, e por vezes, pensamentos de morte, ideação e tentativas de suicídio. 

Esses sintomas servem com indicadores de depressão, mas podem existir outros não descritos anteriormente.

Subtipos de transtornos depressivos

O diagnóstico dos diversos subtipos de transtornos depressivos é realizado a partir da entrevista clínica para caracterização de sintomas, tempo de duração e prejuízos funcionais na PVHIV.

Transtorno depressivo maior: sintomas depressivos diários e persistentes na maior parte do tempo, com duração mínima de duas semanas, com intensos prejuízos funcionais, em geral, recorrentes.

Transtorno depressivo persistente: sintomas depressivos persistentes, por período mínimo de dois anos, diagnóstico anteriormente chamado de distimia.

Transtorno disfórico pré-menstrual: alterações de humor e sintomas gerais significativos (por exemplo, labilidade, depressão, irritabilidade, ansiedade, letargia, alterações no sono, apetite, libido) em período precedente à menstruação, presentes na maior parte dos ciclos menstruais ao longo de um ano.

Transtorno depressivo induzido por substâncias: quadro depressivo relacionado ao uso de substâncias ou medicamentos, como, por exemplo, o efavirenz, não explicado por outros transtornos depressivos antecedentes, sintomas breves de intoxicação ou delirium.

Transtornos depressivos devido a outras condições médicas gerais: quadro depressivo persistente relacionado à presença de doenças clínicas, não explicado por outros transtornos mentais, transtorno de ajustamento relacionado à presença de mudanças e perdas com a doença ou delirium.

Critérios diagnósticos do transtorno depressivo maior e persistente

Conforme o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 5ª edição (DSM-5), estes são os critérios.

Transtorno depressivo maior:

A. Cinco ou mais sintomas presentes na maior parte do dia, quase todos os dias, por período mínimo de duas semanas, sendo ao menos um deles os critérios 1 ou 2. Desconsiderar sintomas claramente atribuídos a condições médicas gerais.

1) Humor deprimido (a partir de relatos do paciente ou observação de terceiros).

2) Marcada diminuição de interesse ou prazer na maior parte das atividades.

3) Alterações de apetite/peso (aumento ou diminuição) não explicados por outro motivo.

4) Insônia ou hipersonia.

5) Agitação ou retardo psicomotor.

6) Cansaço ou diminuição da energia.

7) Pensamento de desvalia ou culpa excessiva e inapropriada.

8) Diminuição na concentração ou dificuldade para pensar ou tomar decisões.

9) Pensamentos recorrentes de morte e/ou suicídio, e/ou planos ou tentativas de suicídio.

B. Significativos prejuízos funcionais com sintomas.

C. Sintomas não podem ser atribuídos a outras condições médicas gerais ou substâncias.

D. Sintomas não são bem explicados por outros diagnósticos psiquiátricos.

E. Ausência de episódios maníacos ou hipomaníacos prévios.

Transtorno depressivo persistente:

A. Humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias, por período mínimo de dois anos.

B. Presença de dois ou mais dos seguintes sintomas:

1) Apetite (diminuído ou aumentado).

2) Insônia ou hipersonia.

3) Pouca energia ou cansaço.

4) Baixa autoestima.

5) Dificuldades de concentração ou para tomar decisões.

6) Sentimento de desesperança.

C. Durante o período de dois anos, o indivíduo nunca esteve sem sintomas por mais de dois meses.

D. Critérios para episódios depressivos podem estar presentes ao longo dos dois anos.

E. Ausência de episódios maníacos ou hipomaníacos ou ciclotimia.

F. Sintomas não são bem explicados por outros diagnósticos psiquiátricos.

G. Sintomas não podem ser atribuídos a outras condições médicas gerais ou substâncias.

H. Significativos prejuízos funcionais com sintomas.

Tratamento para o transtorno depressivo

Hoje, existem mais de 20 antidepressivos disponíveis  no Brasil. Não há evidências que demonstram superioridade de um medicamento quando comparado a outro, por isso, a escolha baseia-se em outros critérios e deve ser individualizada.

O primeiro passo, caso o paciente faça o tratamento do HIV com efavirenz, é trocá-lo. Sabemos que o principal efeito deste antirretroviral são os sintomas neuropsiquiátricos, por isso está contraindicado em pacientes com depressão ou que tenham predisposição à depressão.

Em relação ao dolutegravir, existem estudos demonstrando uma associação, enquanto outros não. Ou seja, ainda não sabemos. Por não existir uma indicação protocolar para a substituição do dolutegravir neste caso, eu não faço a troca inicialmente. Apenas se, mesmo com o tratamento otimizado ou com trocas de antidepressivos o paciente não melhorar dos sintomas, eu penso em substituí-lo.

O segundo passo é escolher um antidepressivo, e verificar se não há interações medicamentosas com os antirretrovirais. Caso não exista interação, deve-se iniciar com a dose mínima por causa dos possíveis efeitos colaterais. 

Durante as primeiras duas a quatro semanas o objetivo estará na tolerabilidade e na melhora dos sintomas. Caso tenha melhora parcial com uma boa tolerabilidade, deve-se otimizar a dose. Se depois de seis a oito semanas houver remissão completa dos sintomas, e o paciente não tem risco de recorrência, deve-se manter o tratamento por 6 a 9 meses. Caso tenha risco de recorrência, deve-se manter por 2 anos ou mais.

Porém, caso o paciente não apresente melhora inicial, deve-se otimizar até a dose máxima, e aguardar até 12 semanas de tratamento. Se mesmo assim não houver melhora, existem três alternativas possíveis: potencialização, combinação ou troca.

A potencialização é acrescentar um medicamento não antidepressivo para potencializar o antidepressivo, como o lítio, a triiodotironina ou antipsicóticos atípicos. Essa estratégia é boa quando o paciente apresenta resposta adequada, mas os efeitos colaterais impedem o uso na dose plena.

A combinação é utilizada quando apenas um antidepressivo não leva a remissão dos sintomas. Deve-se escolher um antidepressivo com outro mecanismo de ação ou que possa melhorar um sintoma específico, por exemplo, insônia.

A troca está indicada em três situações: (1) o paciente não obteve resposta apesar de doses e tempo otimizados; (2) os efeitos colaterais não são tolerados; e (3) o custo impossibilita a continuação do tratamento.

Tipos transtornos de ansiedade

A ansiedade é um estado mental natural e fundamental para a sobrevivência do ser humano. É suscitado em antecipação a uma ameaça ou a uma ameaça potencial, resultando em um estado de maior vigilância. Porém, quando persistente, disruptiva ou desproporcional ao perigo real, pode ser debilitante e considerada uma doença.

O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 5ª edição (DSM-5) divide a ansiedade patológica tem 7 transtornos:

Transtorno do pânico: caracterizado por ataques de pânico recorrentes, que são períodos de ansiedade e desconforto intenso, sem qualquer gatilho, acompanhados por sintomas somáticos.

Agorafobia: medo de locais ou situações (por exemplo, transporte público, multidões) dos quais a fuga pode ser difícil ou em que a ajuda pode não estar disponível.

Transtorno de ansiedade generalizada: os pacientes sofrem de ansiedade e preocupações excessivas, acompanhados por sintomas como inquietação, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular, distúrbios do sono e fadiga.

Fobia específica: medo excessivo ou irracional de objetos isolados ou situações (por exemplo, medo de voar, de ver sangue, de altura ou de animais).

Fobia social: medo persistente e irracional de ser observado ou avaliado negativamente por outros em situações de desempenho social ou interação. Associado a sintomas de ansiedade somática e cognitiva.

Transtorno de ansiedade de separação: experiência de sofrimento excessivo quando a separação de grandes figuras de apego é antecipada ou ocorre. As pessoas se preocupam com o bem-estar ou a morte potencial das figuras de apego, particularmente quando separadas delas, e se sentem compelidas a permanecer em contato.

Mutismo seletivo: fracasso persistente para falar em situações sociais específicas em que existe a expectativa para tal (por exemplo, escola), apesar de falar em outras situações.

Ferramenta para triagem e diagnóstico da ansiedade generalizada

O guideline da European AIDS Clinical Society 11.ª edição sugere o uso da Ferramenta de Triagem de Transtorno de Ansiedade Generalizada-2 (GAD-2), validada para pessoas vivendo com HIV (disponível aqui).

Se a pontuação de corte do GAD-2 for igual ou mais que 3, realizam-se as seguintes perguntas para diagnosticar o transtorno de ansiedade generalizada:

  • ansiedade excessiva por mais dias do que não, por mais de 6 meses.
  • dificuldade em controlar a preocupação.
  • associado a pelo menos três destes sintomas (inquietação, fadiga, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular, distúrbios do sono).
  • comprometimento significativo da vida.
  • não atribuível a outra substância ou condição médica.
  • não sendo melhor explicado por outro distúrbio médico.

É fundamental o diagnóstico diferencial com outros transtornos de ansiedade e a exclusão de hipertireoidismo, hipoglicemia e hiperadrenocorticismo. Também é necessário excluir excesso de cafeína e uso de estimulantes (como cocaína, metanfetamina, anfetaminas).

Tratamento farmacológico dos transtornos de ansiedade

Os antidepressivos e os benzodiazepínicos são considerados medicamentos farmacológicos de primeira linha para o tratamento da maioria dos transtornos de ansiedade, com exceção de fobia específica. 

Os antidepressivos mais utilizados são os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs) e os inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSNs). A seleção de qual medicamento utilizar é individual, e baseia-se na resposta prévia, caso já tenha tratado anteriormente, na preferência do paciente e nos efeitos colaterais.

Os benzodiazepínicos são bastante eficazes. Sua grande vantagem é a melhora rápida dos sintomas. Porém, o abuso pode causar dependência. Por isso devem ser usados com cautela ou não devem ser utilizados em pessoas com histórico de abuso de álcool e outras substâncias. 

Outros antidepressivos, como tricíclicos e inibidores da monoaminoxidase, estão sendo menos utilizados, porém são eficazes e têm sua utilidade, principalmente no transtorno de ansiedade generalizada. Outra opção são os anticonvulsivantes que modulam a sinalização do GABA, como gabapentina ou pregabalina, buspirona e bloqueadores β-adrenérgicos.

Medicamentos utilizados para o tratamento do transtorno depressivo e de ansiedade

Hoje existem diversas classes e medicamentos para o tratamento do transtorno depressivo e do transtorno de ansiedade. Eu irei abordar os principais medicamentos para o tratamento na PVHIV, quais são suas doses iniciais, doses padrão e qual o risco dos principais efeitos colaterais.

Em relação aos efeitos colaterais, para não ficar repetitivo, usarei os seguintes sinais para classificar o risco: (-) sem risco; (+) risco moderado; e (++) alto risco.

Paroxetina:

  • Dose inicial: 10-20 mg/dia.
  • Dose padrão: 20-40 mg/dia.
  • Insônia e agitação (+), sedação (-/+), sintomas gastrointestinais (+), disfunção sexual (++), ganho de peso (++).

Sertralina:

  • Dose inicial: 25-50 mg/dia.
  • Dose padrão: 50-150 mg/dia.
  • Insônia e agitação (+), sedação (-/+), sintomas gastrointestinais (+), disfunção sexual (+), ganho de peso (+).

Citalopram:

  • Dose inicial: 10-20 mg/dia.
  • Dose padrão: 20-40 mg/dia.
  • Insônia e agitação (+), sedação (-/+), sintomas gastrointestinais (+), disfunção sexual (+), ganho de peso (+).

Escitalopram:

  • Dose inicial: 5-10 mg/dia.
  • Dose padrão: 10-20 mg/dia.
  • Insônia e agitação (+), sedação (-/+), sintomas gastrointestinais (+), disfunção sexual (+), ganho de peso (+).

Venlafaxina:

  • Dose inicial: 37,5-75 mg/dia.
  • Dose padrão: 75-225 mg/dia.
  • Insônia e agitação (++), sedação (-/+), sintomas gastrointestinais (+), disfunção sexual (+), ganho de peso (-/+).

Duloxetina:

  • Dose inicial: 30 mg/dia.
  • Dose padrão: 30-60 mg/dia.
  • Insônia e agitação (++), sedação (+++), sintomas gastrointestinais (+++), disfunção sexual (++), ganho de peso (+).

Mirtazapina:

  • Dose inicial: 30 mg/dia.
  • Dose padrão: 30-60 mg/dia.
  • Insônia e agitação (-/+), sedação (++), sintomas gastrointestinais (-/+), disfunção sexual (-/+), ganho de peso (++).

Alprazolam:

  • Dose inicial: 0.25-0.5 mg/dia.
  • Dose padrão: 1-4 mg/dia.
  • Insônia e agitação (+), sedação (++), sintomas gastrointestinais (+), disfunção sexual (+), ganho de peso (+).

Clonazepam:

  • Dose inicial: 0.25 mg/dia.
  • Dose padrão: 1-2 mg/dia.
  • Insônia e agitação (-/+), sedação (+), sintomas gastrointestinais (-), disfunção sexual (-/+), ganho de peso (-/+).
infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para richard@richardportier.com que responderemos o mais breve possível. Obrigado!

© 2022 Richard Portier. CNPJ 31.671.711/0001-11. Todos os direitos reservados. Termos de uso.

Diarreia, gases e distensão abdominal

diarreia hiv
Pesquisar
Close this search box.

ARTIGOS

Diarreia, gases e distensão abdominal

Por Dr. Richard Portier

em 18 de junho de 2021.

A diarreia é o aumento na frequência e a diminuição na consistência das fezes. É um efeito colateral comum no início do tratamento. Porém, para a maioria das pessoas, desaparece após alguns dias ou semanas, embora, para outras, permaneça um problema por anos. Gases e distensão abdominal também são sintomas comuns.

Além disso, esses sintomas causam dor e constrangimento, pois são imprevisíveis. Você deixa de sair de casa porque não quer arriscar um incidente.

A diarreia pode se tornar uma ameaça à vida quando há grande perda de  líquido, causando desidratação, ou quando causa problemas na absorção dos nutrientes, o que leva à perda de peso e desnutrição.

Por isso você precisa descobrir a causa. Esses estão os principais benefícios:

  • Você reduz a irritação do intestino, o que reduz a dor e o inchaço abdominal.
  • Você volta a sua vida normal, pois não vai passar por constrangimentos.
  • Seu sono melhora porque você não precisa correr ao banheiro à noite.
  • Você melhora a absorção de nutrientes, mantêm o peso e melhora o sistema imunológico.
  • Seus antirretrovirais funcionam melhor, pois serão melhor absorvidos.
  • Você melhora a adesão, pois estes sintomas são alguns dos principais motivos pelos quais as pessoas abandonam o tratamento.

Se você está com diarreia há mais de 7 dias ou nas fezes há sangue, este não é o momento para o auto-diagnóstico. A causa para o seu problema pode ser simples, mas também ser algo grave. Apenas seu médico pode diagnosticar adequadamente. Por isso converse com o seu médico sobre qualquer seus sintomas para que uma investigação adequada possa determinar a causa.

Descobrindo a causa

Existem diversas causas para esses sintomas. A seguir estão algumas:

  • O próprio HIV: nas pessoas sem tratamento, o vírus danifica o intestino atacando as células imunológicas do local.
  • Os antirretrovirais: são uma causa comum, de curto prazo e desaparecem após alguns dias ou semanas de tratamento. Pessoas que utilizam antirretrovirais da classe dos inibidores da protease, como o atazanavir, o darunavir e o ritonavir possuem uma chance maior de permanecer com a diarreia.
  • Síndrome do intestino irritável.
  • Doença inflamatória intestinal.
  • Intolerância à lactose.
  • Sensibilidade ao glúten.
  • Infecções, incluindo bactérias, vírus e parasitas.
  • Intolerância à gordura e má absorção.
  • Excesso de açúcar ou cafeína.
  • Intolerância às FODMAPS.
  • Efeito colateral de outros medicamentos, como antibióticos.
  • Estresse.

O que fazer?

Descobrir a causa.

Por exemplo, se você tem intolerância à lactose, retirar alimentos lácteos. Se tem sensibilidade ao glúten, consumir menos trigo.

Exames podem ser necessários, como exame de fezes ou colonoscopia.

Se utiliza inibidores da protease, a troca do medicamente é uma opção.

O mais importante é realizar o diagnóstico. Por isso converse com o seu médico na próxima consulta.

infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para richard@richardportier.com que responderemos o mais breve possível. Obrigado!

© 2022 Richard Portier. CNPJ 31.671.711/0001-11. Todos os direitos reservados. Termos de uso.

Zika: tudo o que você precisa saber

Pesquisar
Close this search box.

ARTIGOS

Zika: tudo o que você precisa saber

Por Dr. Richard Portier

em 8 de agosto de 2020.

368.

Este é o número de bebês que tiveram suas vidas alteradas desde o início da epidemia de zika em 2015 até 2018. Não só deles, mas também das suas famílias.

Além da microcefalia, outras alterações neurológicas podem ser encontradas em recém-nascidos expostos ao vírus Zika durante a gestação, secundárias à má-formação cerebral, como convulsões, alterações comportamentais (como irritabilidade e distúrbios do sono) e atraso do desenvolvimento. 

Alterações que são, na maioria das vezes, irreversíveis

Não sabíamos da existência da doença em 2015, mas agora sabemos. E devemos nos proteger, principalmente pelos métodos de prevenção.

O que é a zika?

A Zika é uma doença febril aguda causada pelo vírus zika, arbovírus do gênero Flavivirus, família Flaviviridae

Diferente da dengue e da febre chikungunya, pode causar síndrome congênita e má-formação fetal se a infecção for transmitida de mãe para filho durante a gestação.

Transmissão da zika

As principais formas de transmissão do vírus são:

  1. Através da picada do mosquito Aedes fêmea infectada. Ela se infecta quando pica uma pessoa que tem o vírus da zika no sangue, criando um ciclo homem-Aedes-homem. 
  2. Transmissão da mãe para o filho durante a gestação (vertical), causando síndrome congênita. 
  3. Via sexual sem o uso de preservativos.
  4. Via transfusional e transplante.

O vírus não pode ser transmitido diretamente entre pessoas por via respiratória.

Então em maior risco gestantes nos primeiros três meses de gravidez (primeiro trimestre), que é o momento em que o bebê está sendo formado. O risco parece existir também, porém em menor grau, quando a infecção é adquirida no segundo trimestre de gestação. Aparentemente, a partir do terceiro trimestre, o risco de microcefalia é baixo, pois o feto já está completamente formado.

Prevenção da zika

A melhor medida preventiva para quem vive em áreas que há mosquitos é eliminar os locais onde ele põe seus ovos, principalmente locais que contêm água parada, como por exemplo, recipientes de plástico, tambores, baldes ou pneus usados. Estes devem ser cobertos ou descartados adequadamente. Recipientes para comida de animais e vasos com flores devem ser esvaziados e limpos pelo menos uma vez por semana. Eliminando os ovos e as larvas do mosquito, reduzirá o número de mosquitos presentes nessas áreas e consequentemente, o número de infecções.

Já as principais medidas de proteção individual são:

  1. Evite surtos. Se possível, evite lugares conhecidos de transmissão de doenças epidêmicas. 
  2. Esteja ciente dos horários e lugares de exposição a picada do mosquito. Embora eles possam picar a qualquer hora, os mosquitos que transmitem doenças como dengue, zika e chikungunya picam durante o dia. Evite ficar ao ar livre ou use mais repelente durante esses horários.
  3. Use roupas apropriadas. Você diminui sua exposição usando camisas de mangas compridas, calças compridas, calçados fechados e chapéus. Enfiar a camisa dentro da calça, e depois as calças dentro das meias e usar sapatos fechados reduz o risco. Repelentes ou inseticidas, como a permetrina, podem ser aplicados nas roupas e equipamentos para maior proteção.
  4. Mosquiteiros. Quando as acomodações não são adequadamente protegidas ou não têm ar condicionado, as redes mosquiteiras são essenciais para fornecer proteção. Se as redes não chegarem ao chão, elas devem ser colocadas embaixo dos colchões. Redes de cama são mais eficazes quando são tratadas com um inseticidas. Existem algumas pré-tratadas.

Repelentes

O uso de repelente é a melhor forma de proteção individual. Os principais no mercado brasileiro com princípio ativo comprovado cientificamente e que funcionam na prevenção na picada de insetos são: 

  • DEET – Off!®, Repelex®.
  • Icaridina – Exposis®.
  • IR3535 – Merck IR 3535®.

Vários fatores podem influenciar na eficácia e a duração da proteção do produto, como a espécie do mosquito e do carrapato, temperatura ambiente, exposição à água, entre outros. 

Em geral, concentrações mais altas do ingrediente ativo proporcionam maior duração de proteção, independentemente do princípio ativo. Produtos com menos de 10 % de ingrediente podem oferecer apenas uma proteção limitada de 1 a 2 horas. Por exemplo, é recomendado o uso de produtos contendo mais de 20 % de DEET, próximos a 50 %. Maior que 50 % não oferece proteção maior.1

Independentemente do produto usado, se você começar a perceber picadas de insetos, reaplique o repelente de acordo com as instruções do rótulo.

Eles podem ser aplicados com filtro solar sem redução da sua atividade. No entanto, dados limitados mostram uma redução de um terço no fator de proteção solar de filtros solares quando repelentes de insetos contendo DEET são usados após a aplicação do protetor solar. Produtos que combinam filtro solar e repelente não são recomendados, porque o filtro solar é reaplicado com mais frequência e em maior quantidade. Ou seja, use produtos separados, aplicando a proteção solar primeiro e depois o repelente. Se for um repelente com DEET, reaplique o filtro solar com mais frequência. 

Roupas, chapéus, sapatos, mosquiteiros, jaquetas e equipamentos de acampamento podem ser tratados com permetrina para proteção adicional. 

A permetrina é um inseticida, acaricida e repelente altamente eficaz. A roupa tratada com o produto repele e mata carrapatos, piolhos, mosquitos e outros artrópodes que picam e incomodam. Roupas e outros itens devem ser tratados com 24 a 48 horas de antecedência para permitir a secagem. Siga as instruções do rótulo ao usar nas suas roupas. Lembre-se que nunca deve ser aplicada na pele, apenas em roupas, mosquiteiros ou outros tecidos, conforme indicado no rótulo do produto.

Algumas precauções que você deve tomar ao usar um repelente:

  1. Aplique repelentes somente na pele exposta ou na roupa, conforme indicado na etiqueta do produto. 
  2. Nunca use repelentes em cortes, feridas ou pele irritada.
  3. Ao usar sprays, não borrife diretamente no rosto – borrife as mãos primeiro e depois aplique no rosto. Não aplique nos olhos ou na boca e aplique com moderação nas orelhas.
  4. Lave as mãos após a aplicação para evitar a exposição acidental aos olhos ou ingestão.
  5. Crianças não devem manusear repelentes. Em vez disso, adultos devem aplicar repelentes nas suas próprias mãos primeiro, e depois gentilmente espalhar sobre a pele exposta da criança. 
  6. Evite aplicar diretamente nas mãos das crianças. Depois de voltar para casa, lave a pele e a roupa do seu filho com sabão e água ou dê banho na criança.
  7. Use apenas o suficiente para cobrir a pele ou a roupa exposta. Aplicação exagerada é desnecessária.
  8. Lave as roupas tratadas antes de usá-las novamente. Essa precaução pode variar com diferentes repelentes – verifique o rótulo do produto.

Se após o uso você desenvolver uma alergia na pele ou outro tipo de reação, como coceira ou inchaço, lave-se com água e sabão neutro e interrompa o uso. Se ocorrer uma reação grave, procure assistência médica urgente.

Zika na gestação

O aumento assustador do número de crianças com microcefalia causada pelo vírus nos leva a refletir sobre a importância de realizar um planejamento antes de engravidar. 

Se você está querendo engravidar e mora ou irá viajar para uma região onde há casos de zika, procure assistência médica. Uma avaliação prévia, associado a medidas de proteção, podem diminuir sua chance de contrair o vírus, principalmente no primeiro trimestre. 

Se está grávida, realize o pré-natal de forma correta. Caso apresente os sinais e sintomas da doença, fale com seu médico, principalmente se ocorrer erupção cutânea parecido como uma alergia. Serão realizadas ultrassonografias para detecção da má-formação. 

A confirmação da infecção ou a presença de microcefalia no bebê não são indicações para parto cesariana, sendo a indicação obstétrica a via de parto. 

A amamentação não é contraindicada. 

Síndrome congênita relacionada ao zika

A síndrome congênita ocorre, principalmente, se você contrair a infecção no primeiro trimestre de gestação. Através da placenta, o vírus é transmitido para o bebê. 

A doença é assintomática após o nascimento. O principal sinal nesta fase é um perímetro cefálico (tamanho da cabeça) abaixo do normal. 

Além da microcefalia, outras alterações neurológicas podem ser encontradas em recém-nascidos expostos ao vírus Zika durante a gestação, secundárias à má-formação cerebral, como convulsões, alterações comportamentais (como irritabilidade e distúrbios do sono) e atraso do desenvolvimento. 

A criança deverá ter um acompanhamento especial com pediatra, infectopediatra e equipe multidisciplinar. Eles terão papel fundamental para o desenvolvimento da criança. A avaliação das necessidades apresentadas é individual. 

Não há cura para a síndrome congênita, porém com o tratamento multidisciplinar é possível minimizar os danos. 

Sinais e sintomas da zika

A maioria das pessoas infectadas não apresentam sintomas. Quando apresentam são leves. Por esse motivo, muitas não percebem que foram infectadas. 

Os sintomas iniciam de 3 a 6 dias após a infecção e podem durar até uma semana. Os mais comuns são: 

  1. Febre.
  2. Erupção cutânea parecido como uma alergia.
  3. Dor de cabeça.
  4. Dor nas articulações.
  5. Conjuntivite (olhos vermelhos).
  6. Dor muscular.
  7. Cansaço.
  8. Dor retro-orbital.
  9. Anorexia.
  10. Vômito.
  11. Diarreia.
  12. Dor abdominal.

Se você apresentar alguns desses sintomas, procure assistência médica.

Como os sintomas podem ser parecidos com o da dengue, e esta possui uma fase crítica, é importante que seu médico difira a zika com a dengue.

Raramente apresenta complicações neurológicas como encefalite, meningoencefalite, parestesia, paralisia facial, mielite e a síndrome de Guillain-Barré. Os principais sintomas são:

  1. Sonolência.
  2. Dor de cabeça intensa.
  3. Convulsão.
  4. Perda de força.

Se você, gestante, apresentar um dos sintomas acima ou achar que está em risco para a doença, procure atendimento médico precocemente

Diagnóstico da zika

Seu médico pode diagnosticar a infecção simplesmente observando seus sintomas e a epidemiologia local, ou seja, se há casos em sua região ou na região onde você viajou. 

São solicitados sorologias para detectar anticorpos contra o vírus para confirmar a infecção, principalmente em gestantes e bebês com suspeita de infecção congênita.

Diagnóstico diferencial

Os sinais e sintomas da zika podem ser parecido com outras doenças, como: dengue, febre chikungunya, artrite séptica, malária, leptospirose, febre reumática, entre outros. 

Tratamento da zika

Não há medicação específica para o tratamento do vírus zika. 

São usados medicamentos para aliviar sintomas, como analgésicos. 

Descanse, beba bastante líquido e consulte um médico, se necessário.

Não tome aspirina e outros antiinflamatórios não esteróides devido a possibilidade do diagnóstico de dengue.

Conclusão

Anote todos os seus sintomas, quando eles iniciaram e quando você teve a exposição ao mosquito. Anote também suas dúvidas e leve-as ao médico. Não hesite em fazer outras perguntas caso elas ocorram no momento da consulta. 

Previna-se. Essa é a melhor forma de evitar que seu bebê tenha a síndrome congênita.

infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para richard@richardportier.com que responderemos o mais breve possível. Obrigado!

© 2022 Richard Portier. CNPJ 31.671.711/0001-11. Todos os direitos reservados. Termos de uso.