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ARTIGOS

HIV, doenças crônicas e o envelhecimento: descubra como combatê-los

Por Dr. Richard Portier

em 18 de julho de 2020.

Eu recebo diariamente no Instagram perguntas como essas:

  • Dr Richard, o HIV envelhece mais rápido?
  • Dr. Richard, o tratamento nos faz envelhecer mais rápido?
  • Dr. Richard, vou morrer antes dos outros?

Obviamente que ninguém quer envelhecer. Porém o envelhecimento é um processo natural do nosso corpo, e acontecerá com todos. Na verdade, está acontecendo neste exato momento. Mas o que difere um envelhecimento precoce e um envelhecimento tardio?

A seguinte situação já lhe ocorreu? Você viu uma pessoa, e jurou que ela tinha 60 anos, porém ela tinha 40. Ou ao contrário: você jurou que ela tinha 40, mas tinha 60. Como pode haver um discrepância tão grande? Por causa dos hábitos de vida individuais.

Você pode ficar exposto ao sol sem proteção, ou não ficar exposto, ou usar proteção. Você pode escolher alimentos vazios, sem nutrientes, ou alimentos ricos em nutrientes. Você pode ser sedentário, ou fazer atividade física. Você pode dormir mal, ou melhorar a qualidade do seu sono. Você pode viver uma vida de estresse, ou encontrar um sentido profundo para tudo o que faz. Você pode dormir e acordar sempre em horários diferente, ou ter uma rotina ideal. 

Tudo isso influência nos nossos genes, no nosso DNA, na nossas células, nos nossos tecidos, nos nossos órgãos, e, finalmente, no nosso corpo. Independente se você vive com o HIV ou não.

Mas Dr Richard, o que me difere das pessoas que não vivem com o HIV?” 

Hoje, as pessoas vivendo com HIV (PVHIV) vivem mais do que nunca devido a terapia antirretroviral. Ou seja, é extremamente improvável que você fique doente por causa da doença causada pelo HIV, a AIDS, se você realizar o tratamento. Porém há um número crescente de PVHIV com doenças crônicas, como doenças cardíacas, diabetes e outras ‘doenças relacionadas à idade’. E mais: as taxas de algumas desses problemas são mais altas do que na população geral, e surgem em idades mais jovens.

Isso levou às seguintes perguntas: o HIV acelera o processo de envelhecimento? Ou é o tratamento? Ou múltiplos fatores?

Ainda não sabemos muito sobre isso. E não há consenso científico sobre essa questão. Porém, o que já sabemos:

  • PVHIV têm altas taxas de algumas doenças relacionadas à idade.
  • Existem várias explicações possíveis para essas taxas; nem todas ligadas ao próprio HIV.
  • Você pode fazer muito para impedir que essas doenças ocorram.
  • No geral, as PVHIV têm uma expectativa de vida semelhante à população geral.

Neste artigo responderei essas dúvidas. E te mostrei o caminho para impedir o envelhecimento precoce e prevenir doenças crônicas. Mas lembre-se: tudo isso depende exclusivamente de você.

Como acontece o processo de envelhecimento?

Pense em um carro. 

O carro é composto por peças, que, funcionando em harmonia, fazem o carro funcionar perfeitamente. Mas não adianta apenas ter peças boas, o combustível é necessário para o carro desempenhar sua função – transportar as pessoas entre lugares.

E qual é o papel do combustível? Veja a ilustração abaixo.

No motor, o combustível, junto com o oxigênio e a faísca, gera combustão (energia), que irá movimentar o pistão, movimentando o eixo do carro, que gira as rodas, fazendo o carro se movimentar.

Veja como o combustível é importante; sem, o carro não sai do lugar. E você pode escolher qual combustível abastecer o seu carro – de boa qualidade ou de má qualidade. “Richard, existe combustível de má qualidade?” Sim, existe, por isso há fiscalização de postos de combustíveis.

A Elisa, minha esposa, trabalhou em um laboratório de análise de combustíveis. Você se impressionaria com a quantidade de adulteração. A consequência: perde-se desempenho; formam-se resíduos mais viscosos que entopem válvulas e canos; até o momento em que o motor funde, e o carro para. Ou seja, o carro, que têm uma vida útil de X anos, agora tem muito menos.

Mas não é só o combustível que influência na vida útil do carro: como você dirige; se acelera e freia muito; se bate muito ou não; se leva para revisão ou não; se repõem peças ou não; entre outros.

Portanto, se você quer que o seu carro dure bastante, cuide dele. Coloque um bom combustível, dirija de forma prudente, leve para a revisão, troque o óleo, etc.

Acredito que você já tenha sacado a analogia. Se não, vou te explicar. Mas antes, eu gostaria que você respondesse a seguinte pergunta:

Porque as pessoas cuidam mais do próprio carro – e não só o carro, mas como qualquer bem, objeto ou até animais de estimação – e não cuidam da própria máquina, o corpo?

O corpo humano é uma máquina. Os órgãos são as peças, o pistão é a célula, e o combustível é o alimento.

Por que comer alimentos ruins, sem nutrientes, se sabemos que a alimentação de má qualidade só irá causar problemas, como sobrepeso, obesidade, pressão alta, diabetes, osteoporose, problemas cardíacos e renais?

Por que utilizar substâncias nocivas ao corpo, como o álcool, drogas e o cigarro, se sabemos que causará câncer, cirrose, problemas pulmonares e cardíacos?

Por que dormir mal e não ter uma rotina, se sabemos que respeitar nosso ritmo circadiano evita o cansaço crônico e recupera nossas energias?

Por que viver estressado, em um estado de “luta e fuga” a todo momento, levando o nosso corpo à exaustão?

Por que viver sedentário, se somos animais que precisam estar em movimento a todo instante?

E eu poderia continuar citando diversos hábitos de vidas ruins, que diminuem a vida útil da nossa máquina, ou seja, que leva ao envelhecimento precoce e diminui a quantidade de anos que iremos viver.

Eu quero que você anote em um papel as respostas das seguintes perguntas. Responda com a maior sinceridade do mundo:

“Você está cuidando do seu corpo? Como você está guiando a sua vida?”.

Como acontece o processo de envelhecimento?

Existem diversos mecanismo, mas eu gostaria de citar três:

  • Genética e epigenética.
  • Estresse oxidativo e antioxidantes.
  • Fatores inflamatórios e anti-inflamatórios.

Genética e epigenética

A genética é o código que recebemos nos nossos pais – o DNA e os genes.

O DNA é um conjunto de diversos genes; dá as nossas características, como, por exemplo, a cor dos nossos olhos. Ou seja, cada um possui um código diferente. O meu é diferente do seu.

Existem alguns códigos (genes) que se expressão conforme os nossos hábitos de vida. Vou citar alguns exemplos:

  • José possui uma genética que favorece o ganho de peso; se comer alimentos que ativam esses genes, ganhará gordura corporal.
  • João possui uma genética que favorece o alcoolismo; se beber, ativará os genes e será alcoólatra.
  • Maria possui uma genética que dificulta o ganho de massa muscular; se permanecer sedentária, perderá cada vez mais músculo.
  • Helena possui uma genética para ativar inflamação; se vive uma vida estressada, ativará o gene e aumentará o processo inflamatório.

Você percebeu que para cada ação, existe um consequência. É como um botão, que você liga ou desliga.

Você pode ligar genes “ruins” e desligar genes “bons”. Ou ligar genes “bons” e desligar genes “ruins”.

Isso chamamos de epigenética. A epigenética é como expressamos nossos genes. Semelhante a uma máquina, podemos regulá-la:

Imagem adaptada de Epigenetic Markers and Microbiota/Metabolite-Induced Epigenetic Modifications in the Pathogenesis of Obesity, Metabolic Syndrome, Type 2 Diabetes, and Non-alcoholic Fatty Liver Disease. Stols-Gonçalves et al. 2019. Hábitos de vida mudam a expressão dos genes.

Para cada hábito de vida, você está regulando essa máquina para aumentar sua vida útil, ou diminuí-la. Isso é chamado de idade epigenética:

Imagem adaptada de Dynamic DNA Methylation During Aging: A “Prophet” of Age-Related Outcomes. Xiao et al. 2019. Hábitos de vida alteram a idade epigenética para um envelhecimento saudável.

Por isso há pessoas que você achou que tinham 60 anos, porém tinham 40. Ou ao contrário: você achou tinham 40, mas tinham 60. A idade epigenética está acelerada, ou retardada. 

Portanto, a nossa idade epigenética pode ser diferente da idade cronológica. E isso depende, e muito, dos nossos hábitos de vida.

Estresse oxidativo e antioxidantes

Nossa célula, além do combustível, precisa do oxigênio para formar energia. Porém, durante essa reação, são produzidos resíduos, chamados de espécies reativas de oxigênio (ERO), também conhecidos como radicais livres. Essa reação é natural e acontece com todos.

Esses resíduos prejudicam as células, por isso há antioxidantes que neutralizam os radicais livres – são produzidos pelo próprio corpo ou adquiridos através da alimentação. São eles: vitaminas, minerais, fitoquímicos, flavonóis, entre outros.

Portanto, para a célula funcionar em harmonia, há uma balança entre ERO e antioxidantes.

Quando acontece um desbalanço a favor dos radicais livres, chamamos de estresse oxidativo:

Estresse oxidativo

Esse desbalanço pode ocorrer de duas formas:

  1. A pessoa está produzindo muitos radicais livres, como por exemplo, consequência da infecção pelo HIV sem tratamento.
  2. A pessoa está ingerindo poucos antioxidantes, resultados de uma alimentação pobre em nutrientes.

O estresse oxidativo danifica as células e os nossos órgãos, causando mutações no nosso DNA, que podem levar ao câncer, doenças crônicas ou ao envelhecimento precoce.

Fatores inflamatórios e anti-inflamatórios

A inflamação é um processo natural e de defesa no nosso corpo. O problema acontece quando este processo é ativado a todo momento – o que chamamos de inflamação crônica.

Existem diversos motivos para a inflamação crônica. Citarei alguns:

  1. Infecções, como a infecção causada pelo HIV sem tratamento.
  2. Sobrepeso e obesidade.
  3. Estresse, viver no estado de “luta e fuga”.
  4. Diabetes.
  5. Colesterol alto.
  6. Sono ruim.
  7. Uso de substâncias nocivas.

O nosso corpo tenta impedir com anti-inflamatórios naturais, porém dificilmente consegue, deixando a balança desnivelada.

Essa inflamação crônica leva à doenças crônicas e o envelhecimento precoce.

Comparando pessoas que vivem com HIV e pessoas HIV negativas

Os resultados dos estudos sobre HIV e envelhecimento precisam ser interpretados cuidadosamente. Comparações simples podem ser enganosas e levar a confusão.

Em primeiro lugar, em termos de idade, existem grandes diferenças entre as PVHIV e a população geral. Por exemplo, enquanto atualmente existem muitas PVHIV com idade entre cinquenta e sessenta, existem relativamente poucas com mais de setenta.

Em segundo lugar, as PVHIV precisam fazer o acompanhamento médico e exames regularmente, por isso, têm sua saúde monitorada de perto. Como resultado, doenças crônicas tendem a ser diagnosticados precocemente.

Por exemplo, a idade média que uma PVHIV é diagnosticada com diabetes tipo 2 é de 47 anos, enquanto na população geral é de 54. Isso não é necessariamente evidência de envelhecimento precoce, mas sim de um diagnóstico precoce, já que muitas pessoas fazem o diagnóstico tardiamente, quando os sintomas aparecem.

Um estudo particularmente grande examinou a saúde dos militares americanos veteranos. Esse estudo é excelente, pois a população estudada é semelhante em vários aspectos – militares tendem a ter um padrão de vida igual. 

Sobre o estudo: um terço deles vivia com HIV e dois terços não. Os pesquisadores descobriram que, se observassem 1000 veteranos HIV negativos e 1000 veteranos vivendo com HIV durante um período de dez anos, esperariam ver:

  • 13 ataques cardíacos em pessoas HIV negativas, com idade média de 56 anos.
  • 20 ataques cardíacos em pessoas HIV positivas, com idade média de 56 anos.
  • 74 cânceres em pessoas HIV negativas, com idade média de 59 anos.
  • 95 cânceres em pessoas HIV positivas, com idade média de 58 anos.

Portanto, neste estudo, comparando pessoas de idades semelhantes que tiveram experiências de vida semelhantes, os pesquisadores observaram que existem taxas mais altas de doenças nas pessoas vivendo com HIV, mas as diferenças não são gigantescas.

Por que problemas de saúde são mais comuns em pessoas com HIV?

O estudo acima não encontrou evidências de que o vírus acelere o processo de envelhecimento, porém descobriu que as PVHIV eram mais propensas a desenvolver doenças cardíacas e câncer do que pessoas HIV negativas. Outros estudos encontraram resultados semelhantes para diabetes, doença renal, doença hepática, problemas ósseos e outras problemas de saúde.

Existem vários fatores diferentes que provavelmente contribuem para a maior frequência desses problemas de saúde. Eles podem ser agrupados em três áreas principais: sistema imunológico, medicamentos e características individuais

Há um debate científico sobre a importância de cada fator, mas a maioria dos especialistas concorda que os três provavelmente se combinam para causar impacto.

O sistema imunológico

É claro que o sistema imunológico enfraquecido pelo HIV, ou seja, a AIDS, torna mais provável o desenvolvimento de doenças e suas complicações.

Porém, pessoas que passaram algum tempo com uma contagem muito baixa de CD4 – por exemplo, naquelas diagnosticadas tardiamente – têm mais probabilidade de desenvolver doenças não relacionadas ao HIV, mesmo que a contagem de CD4 se recupere.

O tratamento fortalece bastante o sistema imunológico e previne doenças oportunistas, mas parece que não restaura completamente a saúde e reverte completamente todos os danos já causados.

O vírus pode continuar causando inflamação contínua e crônica, além de aumentar o processo oxidativo. Essas respostas disfuncionais do sistema imunológico ao HIV provavelmente contribuem para uma ampla gama de problemas de saúde.

Pesquisas mostram que as PVHIV geralmente apresentam altos níveis de fatores inflamatórios e ativação imune, como interleucina-6, proteína C reativa, CD14 e D-dímero, mesmo em tratamento, conforme a imagem abaixo.

Imagem adaptada de Immune activation in the course of HIV-1 infection: Causes, phenotypes and persistence under therapy. Younas et al. 2015. Os fatores inflamatórios sublinhados permanecem ativos mesmo com a terapia anti-retroviral.

Além disso, muito ainda é desconhecido. Esta é uma nova área de pesquisa e ainda não está claro quais são suas implicações práticas.

Realizar o tratamento ainda é o fator mais importante que você diminuir a inflamação, a ativação imune e o estresse oxidativo.

Os antirretrovirais

Se você foi diagnosticado com HIV há muito tempo, utilizou medicamentos que hoje não são mais recomendados. Alguns são conhecidos por causem danos nas células, como a zidovudina.

Imagem adaptada de Premature and accelerated aging HIV or HAART. Reuben et al. 2013. O dano causado pela zidovudina na mitocôndria, diminui sua atividade e aumenta ERO.

Embora todos os medicamentos tenham efeitos colaterais, os modernos são muito mais seguros. O tratamento atual tem menor probabilidade de contribuir para problemas relacionadas à idade, porém cuidados ainda são necessários.

As características individuais

Definitivamente, as características individuais são os principais fatores entre o envelhecimento precoce e o tardio; e desenvolver ou não uma doença crônica.

Sabemos que o tabagismo, consumo excessivo de álcool, uso de drogas, dietas ricas em carboidratos e açucares, sobrepeso e a obesidade são as principais causas de problemas crônicos de saúde, pois levam à inflamação crônica e aumento do estresse oxidativo.

Estes problemas são a resistência à insulina, diabetes tipo II, pressão alta, colesterol alto, esteatose hepática, cirrose, câncer, Alzheimer, derrame, doenças cardíacas, pulmonares e renais. E tudo isso leva ao envelhecimento precoce.

Você pode fazer (e muito!) para impedir que tudo isso ocorra

O envelhecimento é inevitável. Mas você pode fazer muito para retardá-lo, e impedir doenças crônicas.

Para isso, você precisa ir na raiz do problema:

A raiz do problema: sono, relaxamento, exercício, movimento, nutrição, hidratação, estresse, resiliência, relações, redes, trauma, microrganismos, ambiente e poluentes.

Agora, siga os 6 pilares para viver mais e melhor:

  1. Controle o HIV.
  2. Controle a toxicidade dos antirretrovirais.
  3. Cuide do seu intestino.
  4. Controle o estresse oxidativo e o processo inflamatório, e ative genes “bons” e desligue genes “ruins”
  5. Faça atividade física.
  6. Module o sono e o ritmo circadiano.

Controle o HIV

Para isso, faça o tratamento. Os medicamentos impedem que o HIV se multiplique; assim, o linfócito CD4 não é destruído e você terá proteção do sistema imunológico, e não desenvolverá a AIDS e suas complicações.

Além disso, reduz drasticamente o processo inflamatório e o estresse oxidativo causado pelo HIV.

Mas não basta apenas tomar os medicamentos todos os dias – é necessário que você faça os exames de sangue e vá nas consultas médicas, no mínimo, a cada 6 meses, para saber se o seu tratamento está funcionando adequadamente.

Controle a toxicidade dos antirretrovirais

Se você ainda utiliza medicamentos antigos, como a zidovudina, lopinavir ou efavirenz, converse com o seu médico sobre a troca das medicações. Os medicamentos modernos causam menos efeitos colaterais e menos toxicidade.

Também é importante realizar os exames de rotina, pois detectam precocemente alterações nos seus órgãos.

Porém, caso você não possa trocar de antirretroviral, se alimente com mais antioxidantes. Citarei alguns alimentos:

  1. Vitamina A: cenoura, espinafre, manga, gema de ovo e óleos de peixes.
  2. Vitamina C: acerola, pimenta, goiaba, limão, laranja.
  3. Vitamina D: gema de ovo, atum, sardinha, salmão selvagem, queijo fortificado, cogumelos, exposição ao sol.
  4. Vitamina E: pistache, amêndoas, castanha-do-pará.
  5. Selênio: castanha-do-pará, arroz, gema de ovo, sementes de girassol, frango.
  6. Magnésio: uva, banana e abacate, gergelim, semente de girassol, castanha, soja, grão de bico, beterraba, couve e espinafre.
  7. Zinco: chocolate amargo, sementes de linhaça, gema de ovo, castanha-do-pará.

Cuidados com o intestino

O eixo intestino-cérebro é fundamental para o funcionamento do nosso corpo. E é a microbiota – os trilhões de microrganismos do nosso intestino – que regula esse eixo.

A microbiota e o cérebro se comunicam através de várias vias, incluindo o sistema imunológico, o metabolismo do triptofano, o nervo vago e o sistema nervoso entérico, envolvendo diversos metabólitos, como ácidos graxos de cadeia curta.

Vários fatores podem influenciar na composição da microbiota, como infecções, uso de antibióticos, alimentação, atividade físicas, estresse, entre outros.

Trabalhos muito recentes demonstram que uma microbiota intestinal doente pode causar inúmeros problemas de saúde, como autismo, ansiedade, obesidade, esquizofrenia, doença de Parkinson e doença de Alzheimer.

Por isso devemos cuidar da nossa microbiota.

Imagem adaptada de Gut Microbiome Alterations During HIV/SIV Infection: Implications for HIV Cure. Crakes et al. 2019. Mudanças nos hábitos de vida que transformam um intestino doente em saudável.

Para isso, faça o tratamento, coma mais fibras dos vegetais e module o estresse oxidativo.

Controle o estresse oxidativo e o processo inflamatório, e ative genes “bons” e desligue genes “ruins”

Anteriormente, eu expliquei sobre ativar genes “bons” e desligar genes “ruins”. Isso acontece por dois processos, lá no nosso DNA: metilação do DNA e modulação do código das histonas.

Imagem adaptada de The role of nutrition on epigenetic modifications and their implications on health. Jiménez-Chillarón. 2012. Como a dieta modula a metilação do DNA e o código das histonas.

Não entrarei em detalhes, mas os alimentos são fundamentais nesse processo de liga/desliga

Por exemplo, José, que possui uma genética que favorece o ganho de peso, pode ingerir mais alimentos com doadores metílicos, precursores de ácidos graxos de cadeia curta e polifenóis para desligar esse gene.

Imagem adaptada de The Impact of Nutrition and Environmental Epigenetics on Human Health and Disease. Tiffon et al. 2018. Como a dieta altera a expressão dos nossos genes, levando ao fenotipo “obeso” ou fenotipo “magro”.

Alguns exemplos de doadores metílicos:

  1. Metionina: ovos, castanha-do-pará, leite e derivados, peixes, frutos do mar e carnes.
  2. Folato: folhas verdes escuras, com ênfase para espinafre, brócolis, couve, alface e salsa.
  3. Colina: ovos, carnes, peixe, camarão, leite de vaca, brócolis, quinoa, couve-flor.
  4. Betaína: espinafre, beterraba.
  5. Vitaminas B2: leite e nos seus derivado, cogumelos, soja, ovo.
  6. Vitamina B6: carnes, leite, ovos, banana, abacate, sementes, nozes.
  7. B12: leite, frango, carne, atum.

Alguns exemplos de polifénois:

  1. Genisteína: soja.
  2. Curcumina: cúrcuma.
  3. Resveratrol: uvas, chocolate amargo.

Todos nutrientes e não-nutrientes são fundamentais para controlar o estresse oxidativo e o processo inflamatório.

Faça atividade física

A atividade física assim, como a alimentação, é fundamental para controlar o estresse oxidativo e o processo inflamatório, e ativar genes “bons” e desligar genes “ruins”.

Por isso planeje seu programa de exercícios. Faça exercícios aeróbicos para melhora a capacidade do seu coração de bombear, e exercícios de fortalecimento muscular para construir e manter ossos e músculos fortes.

Você deve ter como objetivo 150 minutos de atividade aeróbica moderada (ou 75 minutos de atividade aeróbica vigorosa) toda semana. Uma maneira de fazer os 150 minutos recomendados é fazer 30 minutos em cinco dias por semana. Isso Inclui atividades como caminhar rapidamente, correr, dançar, nadar, praticar esportes e andar de bicicleta.

Além disso, faça exercícios de fortalecimento muscular em dois ou mais dias da semana. O exercício de fortalecimento muscular inclui musculação ou crossfit.

Imagem adaptada do Physical Activity Guidelines for Americans, 2ª Edição.

Module o sono e o ritmo circadiano

Nós somos animais diurnos, por isso devemos realizar todas as nossas atividades diárias durante o dia, e descansar/dormir durante a noite. “Mas por que, Richard?” 

Durante o dia, estimulados pelo sol, produzimos o cortisol – hormônio que nos da energia e mantém nosso corpo desperto. Já a noite, estimulados pela falta de sol, produzimos a melatonina – hormônio que recupera nossa energia para o dia seguinte. Isso é chamado de ritmo circadiano.

Imagem adaptada de Nutrients, Clock Genes, and Chrononutrition. Oike. 2014. Como o ritmo circadiano dessincronizado causa distúrbios metabólicos.

Se o nosso ritmo circadiano está dessincronizado, isso causará diversos problemas metabólicos, que levam ao ganho de peso e doenças crônicos.

Aqui estão algumas dicas valiosas para você melhorar o seu sono:

  1. Acorde às 6:00.
  2. Faça algo importante às 7:00 (missa, musculação, atividade aeróbica, etc).
  3. Não vá para a cama até às 23:00.
  4. Rotinas/rituais regulares na hora de dormir ajudam a relaxar e a preparar o corpo para dormir (rezar, meditar, leitura, banho quente, etc.).
  5. Não cochile durante o dia.
  6. Use a cama apenas para dormir e transar; não para quaisquer outras atividades, como TV, computador ou telefone, etc.
  7. Evite cafeína após o almoço.
  8. Não beba álcool durante os dias de semana.
  9. Não fume.
  10. Não faça exercício aeróbico intenso antes de dormir.
  11. Deixe o quarto silencioso, o mais escuro possível e um pouco frio em vez de quente.
  12. Evite luz azul emitida pelas telas pelo menos 2 horas antes de dormir (smartphones, laptop, monitores). A luz azul suprime a produção de melatonina necessária para induzir o sono. Evite mensagens de texto, mídia social, jogos, uso de aplicativos.
  13. Não aperte o botão de soneca.
  14. Coma mais carboidrato à noite.
  15. Não suplemente melatonina.
  16. Não adormeça com a TV ligada.
  17. Colchão, travesseiro, roupa de cama e pijama bons.
  18. Não beba muito liquido à noite.
infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para richard@richardportier.com que responderemos o mais breve possível. Obrigado!

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