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ARTIGOS

Efeitos colaterais: o básico que você precisa saber

Por Dr. Richard Portier

em 18 de julho de 2020.

Qualquer medicamento pode causar efeitos colaterais. Independente se é um antitérmico, um analgésico ou um anti-inflamatório.

Vou te dar um exemplo: os antibióticos. O efeito desejado é curar uma infecção bacteriana, porém pode causar efeitos indesejados, náuseas ou diarreia.

Esses efeitos não intencionais são chamados de efeitos colaterais e podem variar de leves a graves.

Alguns criarão sinais ou sintomas que você pode ver ou sentir; outros não.

Outros podem alterar resultados dos exames de sangue – por exemplo, você não sentirá, fisicamente, uma mudança no seu colesterol. Mas os resultados dos exames de rotina mostrarão alterações no LDL e nos triglicerídeos.

Efeitos colaterais podem acontecer ao longo do tratamento, depois de muitos anos, como por exemplo, alterações nos rins.

Mas nem todas as pessoas vivendo com HIV (PVHIV) que realizam a terapia antirretroviral desenvolvem efeitos colaterais. Acaba sendo uma questão de sorte: você pode ter ou pode não ter.

Porém, felizmente, os medicamentos atuais causam muito menos toxidade comparado aos da década de 1990 e 2000.

Hoje, a maioria das pessoas conseguem manter os mesmos medicamentos por muitos anos com nenhum, ou poucos, efeitos colaterais. Quando ocorrem, geralmente acontecem nas primeiras semanas de tratamento, são temporários e desaparecem após alguns dias ou semanas.

No entanto, para algumas pessoas, o efeito adverso pode persistir e atrapalhar o dia a dia. Apenas lembre-se de que não está sozinho. Inúmeros outros estão sentindo a mesma coisa. Neste caso, converse com o seu médico para a troca do medicamento.

Eu sei, você está preocupado ou já ficou preocupado por causa dos efeitos colaterais. Aqui está algo a se pensar: sempre converse com seu médico sobre possíveis efeitos colaterais antes de iniciar qualquer tratamento. Assim você estará melhor preparado para lidar com problemas que surgirem e saberá o que fazer.

O que você está sentindo?

Parece óbvio, mas sempre procure um diagnóstico correto junto com seu médico sobre todos os sinais e sintomas que está sentindo. 

Sim, pode ser por causa do seu medicamento. Mas também pode ter outra causa, como hábitos de vida ruins, problemas hormonais, deficiência de nutrientes, infecção, depressão, a própria infecção pelo HIV ou outra coisa.

Você também pode consultar as informações disponíveis na bula – normalmente contêm uma lista bastante abrangente de todos os efeitos colaterais conhecidos. 

Na maioria das bulas, essa lista é longa e inclui todos os efeitos colaterais possíveis. No entanto, se você perceber um sintoma listado como um dos efeitos adversos comuns, essa é uma dica que o seu medicamento pode ser a causa.

Duas outras situações são importantes. Primeiro, é sempre possível que você seja a primeira pessoa a experimentar um sintoma específico. Isso é extremamente improvável, mas é possível. O fato de você não ver um sinal listado não significa que é impossível que o medicamento esteja causando esse problema em você.

Segundo, mesmo que um medicamento contribua para um problema específico, pode não ser a única causa. Muitos sintomas, como diarreia, cansaço, dor de cabeça e outros, têm diversas causas possíveis. Antes de concluir que o medicamento é a única causa do seu sintoma, considere as outras possibilidades.

Converse com o seu médico

Muitas pessoas não trazem todos os seus problemas na consulta médica, por vários motivos: medo, insegurança, tempo limitado da consulta, médicos impacientes.

Se você acha importante conversar sobre efeitos colaterais do seu tratamento, utilize uma consulta apenas para isso. Se você tem condições financeira, marque uma consulta particular para discutir o assunto.

É extremamente importante que você já leve as informações anotadas, para não perder tempo pensando no momento da consulta. E não minimize seus sintomas. Seja muito claro e específico sobre a extensão do problema.

O único sintoma que certamente não será tratado pelo seu médico é o que você não mencionou. Com informações completas, seu médico irá entender completamente o que contribuí para um efeito colateral, ou se há outra causa, e assim desenvolver um plano para diagnosticá-lo e tratá-lo.

O que relatar ao meu médico?

Aqui está um esquema em 5 tópicos simples para você deixar pronto para a próxima consulta:

  1. Qual é o sintoma: em poucas palavras.
  2. Qual a frequência: com que frequência você o sente? É algo que você percebe apenas duas vezes por mês? Várias vezes por dia? Durante o dia inteiro todos os dias?
  3. Intensidade: esse é um problema menor ou algo grave? Se você classificá-lo em uma escala de um a cinco, onde cai? Se a intensidade variar, observar isso em detalhes a cada ocorrência.
  4. Duração: este é um problema que dura apenas alguns minutos ou continua por muitas horas ou dias? Quando isso acontece, ele vem e vai, ou continua sem parar?
  5. Padrão: Você pode identificar algum padrão relacionado a quando e por que o sintoma ocorre? Isso só acontece a uma determinada hora do dia? Isso ocorre logo após você tomar seus medicamentos? Se é um sintoma gastrointestinal, existe algum padrão relacionado à ingestão de determinados alimentos ou bebidas? O seu nível de atividade física afeta isso? Isso ocorre apenas à noite?

Interações medicamentosas

Alguns medicamentos reagem entre si, ou interagem com suplementos, drogas ou fitoterápicos. Essa reação é chamada de interação medicamentosa.

Essa interação pode afetar como um medicamento é absorvido, utilizado ou metabolizado pelo corpo. E em alguns casos, pode ser um problema.

Por exemplo, um medicamento pode retardar a metabolização de outro. Isso aumenta o nível deste no organismo, o que pode melhorar sua eficácia, mas também pode levar a efeitos colaterais mais intensos.

Uma interação medicamentosa também pode ter o efeito oposto: às vezes acelera o metabolismo de outro. Nesse caso, a eficácia do segundo pode ser diminuída. Se o medicamento é o antirretroviral, pode levar à resistência e a menor opções de tratamento no futuro.

As interações nem sempre são óbvias e podem assumir várias formas. Alguns ocorrem imediatamente; outras não causam problemas perceptível por meses ou anos.

Sempre peça ao seu médico e farmacêutico para verificar possíveis interações com outros medicamentos ou tratamentos, incluindo ervas e suplementos, que você possa estar usando ou deseja utilizar.

Você também pode verificar neste site em português.

infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para richard@richardportier.com que responderemos o mais breve possível. Obrigado!

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