Lipodistrofia

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Lipodistrofia

Por Dr. Richard Portier

em 18 de junho de 2021.

A síndrome da lipodistrofia é o termo usado para descrever uma série de sintomas que incluem alterações na forma e no metabolismo do corpo. Essas alterações corporais são duas: perda de gordura e/ou ganho de gordura em determinadas partes do corpo.

Lipoatrofia é a perda de gordura no rosto, braços, nádegas e pernas. Essa perda de gordura pode fazer as veias se projetarem nos braços e pernas e criar bochechas profundas, junto com a perda de gordura em outras partes do rosto.

Lipo-hipertrofia é o acúmulo de gordura nos seios, abdome, mas principalmente, na base do pescoço e na região da coluna torácica, chamada de “giba”. Algumas pessoas também desenvolvem lipomas, que são nódulos redondos e móveis de gordura sob a pele.

Embora seja, para a maioria das pessoas, um problema estético, pode causar desconforto considerável quando:

  • a “giba” leva a dificuldade para dormir, dores de cabeça e dor no pescoço, tornando mais difícil virar o pescoço ou os ombros, o que pode afetar a visão lateral e a direção de veículos.
  • a gordura abdominal causa problemas no sono, respiratórios, digestivos e dores na coluna.
  • o excesso de gordura começa a acumular dentro dos órgãos, como no fígado, e dentro das artérias, causando aterosclerose.
  • a perda de gordura facial e alterações corporais causam depressão e ansiedade, o que leva a não adesão ao tratamento.

Os antirretrovirais atuais causam lipodistrofia?

A resposta para essa pergunta é NÃO. A não ser que você trate com a zidovudina (AZT), a chance dos outros antirretrovirais disponíveis no Brasil causarem lipodistrofia é extremamente raro.

Várias classes de antirretrovirais têm sido associadas ao acúmulo de gordura. Os inibidores da protease (IP) podem alterar a função de certas enzimas necessárias para manter a quantidade de células de gordura saudáveis e funcionais. O resultado é o acúmulo de gordura. Os IPs mais antigos, como o lopinavir, possuem maior probabilidade de causar acúmulo de gordura, enquanto os dois mais recentes, atazanavir e darunavir, não foram associados.

Inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRN) e inibidores da transcriptase reversa não-análogos de nucleósidos (ITRNN) podem causar acúmulo de gordura em algumas pessoas, possivelmente porque contribuem para a resistência à insulina, que está associada a um aumento na gordura visceral.

Já os inibidores da integrase (INI), como o dolutegravir, têm sido associados ao ganho de peso, consequentemente, ganho de gordura corporal. Porém não podemos afirmar com precisão se isso realmente acontece.

A lipoatrofia está mais associada aos ITRN, principalmente a estavudina (d4T) e a zidovudina (AZT). Esses antirretrovirais danificam as mitocôndrias, que são as usinas de energia das nossas células, causando o que chamamos de toxicidade mitocondrial. Esse dano faz as células de gordura percam sua capacidade de funcionar normalmente, distorcendo sua forma. Em alguns casos, as células podem morrer, causando perda de tecido adiposo no rosto e nos membros. 

Os ITRN que não estão ligadados à lipoatrofia são: lamivudina (3TC), emtricitabina (FTC), tenofovir (TDF ou TAF) e abacavir (ABC). Ou seja, os ITRN que usamos atualmente no tratamento da maioria das pessoas vivendo com HIV não estão associados a lipoatrofia.

Ainda não se sabe se o efavirenz (EFV) causa ou não lipoatrofia.

Como tratar a lipodistrofia?

Reverter as mudanças já causadas pela lipodistrofia é difícil. Por isso a melhor opção é escolher antirretrovirais com menor chance de causar essas alterações – o que já fazemos atualmente.

Para pessoas que desenvolveram lipoatrofia, substituir o AZT por tenofovir ou abacavir é extremamente fundamental. Porém a reversão do quadro geralmente é apenas parcial e ocorre muito lentamente, com alterações visíveis após seis meses a vários anos.

Já o uso de esteróides anabolizantes, combinado ao exercício, é controverso e necessita de acompanhamento médico específico para ser realizado.

Por fim, a cirurgia plástica pode ser um excelente aliado. A lipoaspiração pode remover gordura em algumas áreas do corpo, principalmente na “giba”. Cirurgia padrão pode ser feita para redução de mama. Para lipoatrofia, preenchimentos e implantes podem ser realizados. No entanto, esses procedimentos são complexos. Por isso procure um cirurgião plástico ou dermatologista qualificado.

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Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

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RQE 23.586

Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para [email protected] que responderemos o mais breve possível. Obrigado!

© 2022 Richard Portier. CNPJ 31.671.711/0001-11. Todos os direitos reservados. Termos de uso.

Problemas de pele e cabelos

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Problemas de pele e cabelos

Por Dr. Richard Portier

em 18 de junho de 2021.

A maioria dos problemas de pele, cabelos e unhas não estão relacionados aos antirretrovirais. No entanto, erupções cutâneas que surgem logo após ao início do tratamento podem indicar uma alergia aos medicamentos.

Por isso, qualquer alteração de pele logo após o início de um novo medicamento, independente se for um antirretroviral ou não, deve ser imediatamente comunicada ao seu médico. Se for grave, procure um pronto atendimento o mais rápido possível.

Problemas de pele

Uma erupção cutânea é uma alteração na cor e textura da pele que aparece como um surto de manchas vermelhas, associado ou não com inchaços. Também podem surgir feridas e bolhas.

Erupções leves consistem em manchas planas e vermelhas aparecendo em uma pequena área do corpo. É conhecida como urticária.

Erupções cutâneas moderadas se espalham para uma área maior e consiste em manchas achatadas e vermelhas e/ou pequenas saliências ou lesões vermelhas elevadas.

Erupções cutâneas graves formam bolhas ou úlceras grandes.

As causas podem ser diversas: infecções, reações alérgicas, medicamentos, doenças sistêmicas, como câncer, e doenças autoimunes. Independente da causa, procure assistência médica imediatamente após o aparecimento da erupção. Para o seu médico realizar o diagnóstico será fundamental ver a lesão. Então não demore, ela pode desaparecer.

Reação de hipersensibilidade

Uma reação alérgica ao antirretroviral é chamada de reação de hipersensibilidade. Aparece nas primeiras quatro a seis semanas após o início do tratamento. O atazanavir (ATV), o darunavir e o maraviroc são os antirretrovirais que mais causam esse tipo de reação. Os sintomas são leves e tendem a sumir com o uso de corticóides e antihistamínicos. Geralmente não será necessária a troca do antirretroviral.

Já para a prescrição do abacavir será necessário realizar um teste genético para hipersensibilidade. Se for positivo, este antirretroviral estará contraindicado.

Outro medicamento comumente prescrito para as pessoas que vivem com HIV é o sulfametoxazol+trimetoprim (Bactrim®). Também é frequente a reação de hipersensibilidade.

Se você apresentar sintomas graves, como feridas extensas, bolhas, lesões arroxeadas, febre e falta de ar, procure imediatamente um pronto atendimento.

Perda de cabelo

A perda de cabelo, também chamada alopecia, é comum, está ligada a genética e acontece principalmente em homens à medida que envelhecem. Quando a perda de cabelo é súbita, intensa e rápida, é considerado anormal.

Existem diversas causas, incluindo:

  • A própria infecção pelo HIV, quando a pessoa está sem tratamento.
  • Os antirretrovirais, apesar de extremamente raro.
  • Deficiência nutricionais, particularmente baixa ingestão de proteínas.
  • Hipotireoidismo.
  • Deficiência de vitaminas, principalmente do complexo B.
  • Níveis de testosterona muito altos após a utilização de esteróides androgênicos.
  • Sífilis secundária.

Exames laboratoriais de sangue como exames hormonais e de vitaminas irão realizar o diagnóstico de deficiência nutricionais e hormonais.

Caso excluídas as causas mais frequentes, diagnósticos mais raros e efeitos colaterais dos antirretrovirais e outros medicamentos podem ser aventados.

O mais importante é realizar o diagnóstico. Por isso converse com o seu médico na próxima consulta.

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Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

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Dormência e dores nos nervos

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Dormência e dores nos nervos

Por Dr. Richard Portier

em 18 de junho de 2021.

A neuropatia periférica é um tipo de dano nos nervos que pode causar dormência, formigamento, queimação e, às vezes, dor intensa. Ocorre com mais frequência nos dedos dos pés, nos pés e nas pernas, mas também pode surgir nas mãos e nos braços. Normalmente, os dois lados do corpo são afetados. Em casos mais graves, pode prejudicar a força do músculo, levando à fraqueza muscular.

Se você sente algum desses sintomas todos os dias, este não é o momento para o auto-diagnóstico. A causa a neuropatia periférica pode ser simples, mas também algo grave. Apenas seu médico pode diagnosticar adequadamente. Por isso converse com o seu médico sobre qualquer dormência, formigamento ou queimação nos membros para que uma investigação adequada possa determinar a causa. O atraso do diagnóstico pode resultar em problemas permanentes.

Descobrindo a causa

Algumas causas de neuropatia periférica são:

  • A própria infecção pelo HIV, em pessoas sem tratamento.
  • Os antirretrovirais que já foram a causa mais frequente de neuropatia em pessoas vivendo com HIV – estavudina (d4T) e didanosina (ddL) – não são mais usados no Brasil. Muito, mas muito raramente a neuropatia pode ser causada pela lamivudina (3TC) e enfuvirtida (T20).
  • Outros medicamentos.
  • Compressões nervosas, principalmente em coluna lombar e cervical.
  • Diabetes.
  • Hipotireoidismo.
  • Uso de álcool, cocaína ou anfetamina
  • Deficiência de vitamina, principalmente do complexo B, como a B12.
  • Outras doenças, como hanseníase.

O que fazer?

Descobrir a causa.

Exames laboratoriais de sangue como glicemia de jejum, hemoglobina glicada, exames hormonais e de vitaminas irão realizar o diagnóstico de diabetes, de deficiência nutricionais e hormonais.

Exames de imagem, como ressonância magnética, irão realizar o diagnóstico de compressões nervosas na coluna.

Caso excluídas as causas mais frequentes, diagnósticos mais raros e efeitos colaterais dos antirretrovirais e outros medicamentos podem ser aventados.

O mais importante é realizar o diagnóstico. Por isso converse com o seu médico na próxima consulta ou procure um neurologista.

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Dores musculares crônicas

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Dores musculares crônicas

Por Dr. Richard Portier

em 18 de junho de 2021.

Todo mundo tem dores musculares ocasionais. Geralmente acontecem após praticarmos alguma atividade física intensa, quando ficamos na mesma posição durante horas ou dormimos mal.

Mas pessoas vivendo com HIV podem desenvolver problemas musculares crônicos, como dor muscular, cãibras e fraqueza.

Se você sente dores musculares todos os dias, este não é o momento para o auto-diagnóstico. A causa para o seu problema muscular pode ser simples, mas também ser algo grave. Apenas seu médico pode diagnosticar adequadamente. Por isso converse com o seu médico sobre qualquer fraqueza muscular e dores musculares crônicas para que uma investigação adequada possa determinar a causa.

Descobrindo a causa

Em particular, é muito importante descartar doenças neurológicas (relacionadas ao HIV ou não) que possam estar causando seus sintomas. Porém existem dois distúrbios mais frequentes relacionados aos antirretrovirais.

Miopatia

A miopatia é um distúrbio muscular que resulta em fraqueza, que muitas vezes leva a dores musculares crônicas. Pode ser causada por:

  • Toxidade mitocondrial causada pela zidovudina (AZT) e estavudina (d4T). Mais raramente outros inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRN).
  • Medicamentos para tratar dislipidemia, como as estatinas (sinvastatina, atorvastatin, etc).
  • Deficiência de vitaminas e minerais, principalmente a vitamina D e magnésio.
  • Deficiências de aminoácidos essenciais.
  • Deficiência hormonais, como a testosterona.
  • Doenças neurológicas diversas.
  • Estresse oxidativo intenso. 

Acidose lática

A acidose lática acontece quando há um aumento anormal na produção de lactato, que leva à dor muscular intensa. Pode ser causada pela toxidade mitocondrial causada pela zidovudina (AZT) e estavudina (d4T).

Bem mais raramente outros inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRN) e inibidores da integrase (INI), como o dolutegravir e o raltegravir.

O que fazer?

Descobrir a causa.

Exames laboratoriais de sangue detectam deficiência nutricionais e hormonais, além do aumento de CPK, um indicativo que está acontecendo dano muscular.

Podem ser necessários exames mais complexos, como a eletroneuromiografia.

Caso seja um efeito colateral de um medicamento, será necessário trocá-lo.

O mais importante é realizar o diagnóstico. Por isso converse com o seu médico na próxima consulta.

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Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

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Cansaço crônico

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Cansaço crônico

Por Dr. Richard Portier

em 23 de junho de 2023.

O cansaço crônico, chamado de fadiga crônica, é diferente do cansaço inerente da nossa rotina. É um peso, uma dor, uma falta de energia que não é aliviada por dormir o suficiente ou tirar umas férias.

A fadiga crônica causa efeitos físicos, deixando você incapaz de fazer as coisas que costumava fazer. Fazer tarefas simples parecerem esmagadoras. Também leva à sintomas mentais, dificultando o foco no seu trabalho ou deixando-o sem a motivação para realizar as tarefas da vida diária.

Mas como diferenciar o cansaço da vida com a fadiga crônica? Responda às seguintes perguntas:

  • Seu nível de energia agora é semelhante como o do passado?
  • Você é capaz de trabalhar um dia inteiro e ainda tem energia para sua vida social? Ou você chega em casa tão exausto que cai no sofá?
  • Você tem energia para se exercitar quantas vezes quiser ou apenas o pensamento de ir à academia é cansativo?
  • Como você se sente quando acorda de manhã? Você está saindo da cama se sentindo ótimo ou está se arrastando para fora e se forçando a seguir em frente?
  • Você está cochilando ou talvez pegando mais uma xícara de café só para ficar acordado?
  • Você sente dores musculares todos os dias?

Se você sente fadiga todos os dias, este não é o momento para o auto-diagnóstico. A causa para o seu problema pode ser simples, mas também ser algo grave. Apenas seu médico pode diagnosticar adequadamente. Por isso converse com o seu médico sobre qualquer sintoma para que uma investigação adequada possa determinar a causa.

Prevalência e os fatores associados

O artigo “Prevalence and predictors of fatigue among people living with HIV in Norway”, publicado na AIDS Care em junho de 2021, nos mostra qual é a prevalência e os fatores associados ao problema.

Este foi um estudo transversal, com PVHIV dos ambulatórios do Hospital of Southern Norway (SSHF) e University Hospital of North Norway (UNN). A fadiga foi aferida através do questionário Chalder Fatigue Questionnaire (CFQ), uma escala validada para avaliar o cansaço mental e físico. A fadiga foi considerada crônica se os sintomas estivessem presentes por 6 meses ou mais.

A prevalência de cansaço entre os 244 participantes foi de 38,5%, sendo que 18% (n=44) sofriam de fadiga crônica. Cinco fatores foram significativamente associados à fadiga: sofrimento mental, multimorbidade, morar sozinho, dificuldade para dormir e dores no corpo.

O que podemos concluir? Primeiro, o cansaço é prevalente nas PVHIV, sendo, neste estudo, relatado por 38,5% das pessoas, sendo que 18% relataram fadiga por mais de 6 meses. Segundo, entre as principais causas, estão a privação de sono, transtornos de saúde mental e dores no corpo, que podem ser diagnosticadas através de perguntas básicas durante a consulta médica. Terceiro, a maioria das PVHIV apresentam outras comorbidades, como hipertensão, diabetes tipo II, hipogonadismo, hipotireoidismo, que podem ser causas deste sintoma.

Investigando a causa

Através da entrevista médica, com perguntas simples, eu consigo identificar algumas causas, como distúrbio do sono, apneia obstrutiva do sono, transtorno depressivo ou de ansiedade, dores crônicas, tabagismo, alcoolismo, uso de drogas, efeitos colaterais de medicamentos, sedentarismo e má alimentação.

Depois, solicito exames, dividindo-os em 6 grupos: efeitos colaterais dos antirretrovirais, metabólicos, hormonais, deficiência de vitaminas e minerais, infecções e imagens.

  1. Efeitos colaterais dos antirretrovirais: hemograma para avaliar alterações hematológicas, como a anemia; TGO e TGP para função hepática; creatinina e urina tipo I para função renal; LDH para acidose lática; e CPK para miopatias. 
  2. Metabólicos: glicemia de jejum, hemoglobina glicada e insulina para diabetes tipo II, lipidograma para dislipidemia; e ureia para excesso de exercício físico.
  3. Hormonais: TSH e t4 livre para função tireoidiana; e testosterona total e livre para deficiência de testosterona.
  4. Vitaminas e minerais: 25 hidroxi-vitamina D, vitamina B12, ácido fólico, homocisteína, zinco e ferro para deficiência desses micronutrientes.
  5. Infecções: VDRL para sífilis; anti-HCV para hepatite C; EBV IgM e IgG para mononucleose; CMV IgG e IgM para citomegalovirose; e toxoplasmose IgG e IgM para toxoplasmose.
  6. Imagens: densitometria óssea de corpo inteiro para composição corporal; e ecocardiograma para insuficiência cardíaca.

O tratamento inclui múltiplas condutas, como mudança na alimentação, prática de exercício físico, suplementação, cessar tabagismo e uso de drogas, higiene do sono, troca de medicamentos, tratamento farmacológico e terapia. Tudo depende das possíveis causas diagnosticadas. 

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Saúde mental e HIV: como tratar a depressão e a ansiedade

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Saúde mental e HIV: como tratar a depressão e a ansiedade

Por Dr. Richard Portier

em 21 de junho de 2023.

Para iniciar este artigo eu faço a seguinte pergunta: qual a prevalência de transtornos de saúde mental nas pessoas vivendo com HIV?

Para responder essa pergunta eu trouxe o artigo “The prevalence of mental health disorders in people with HIV and the effects on the HIV care continuum” publicado na revista AIDS em fevereiro de 2023.

Este foi um estudo observacional com participantes vivendo com HIV da North American AIDS Cohort Collaboration on Research and Design. Foram coletados dados de 2008 até 2018.

Entre 122.896 PVHIV, 67.643 (55,1%) foram diagnosticados com um ou mais transtornos de saúde mental: 39% com transtornos depressivos, 28% com transtornos de ansiedade, 10% com transtorno bipolar e 5% com esquizofrenia. A prevalência de transtornos depressivos e de ansiedade aumentou entre 2008 e 2018, enquanto o transtorno bipolar e a esquizofrenia permaneceram estáveis. Mais de um transtorno afetou 24% das PVHIV.

O que podemos concluir? Primeiro, que a prevalência de transtornos de saúde mental são prevalentes nas PVHIV, principalmente a depressão e a ansiedade. Segundo, que a prevalência tem aumentado.

Por isso o rastreio é importante, particularmente em PVHIV com: história positiva de depressão ou ansiedade na família; episódio depressivo ou de ansiedade prévio; idosos; adolescente; com histórico de uso de drogas; uso excessivo de álcool; uso de efavirenz; socialmente isoladas; personalidade ansiosa; e múltiplos eventos estressantes da vida.

Se você tem sintomas de depressão ou ansiedade, converse com o seu médico. E não deixe de procurar assistência psicológica o quanto antes.

Para escrever este artigo eu utilizei como referência o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 5ª edição (DSM-5), o livro Tratado de Psiquiatria da Associação Brasileira de Psiquiatria, 1.ª edição e o guideline da European AIDS Clinical Society 11.ª edição.

Sintomas da depressão

São sintomas da depressão: tristeza; desânimo ou perda de prazer; diminuição de energia ou cansaço; alterações de apetite, do sono e da libido; alterações psicomotoras, como lentificação ou agitação; dificuldade de concentração; indecisão ou mudanças na capacidade de toma de decisões; e sintomas cognitivos e emocionais que incluem culpa, ideias de desvalia, e por vezes, pensamentos de morte, ideação e tentativas de suicídio. 

Esses sintomas servem com indicadores de depressão, mas podem existir outros não descritos anteriormente.

Subtipos de transtornos depressivos

O diagnóstico dos diversos subtipos de transtornos depressivos é realizado a partir da entrevista clínica para caracterização de sintomas, tempo de duração e prejuízos funcionais na PVHIV.

Transtorno depressivo maior: sintomas depressivos diários e persistentes na maior parte do tempo, com duração mínima de duas semanas, com intensos prejuízos funcionais, em geral, recorrentes.

Transtorno depressivo persistente: sintomas depressivos persistentes, por período mínimo de dois anos, diagnóstico anteriormente chamado de distimia.

Transtorno disfórico pré-menstrual: alterações de humor e sintomas gerais significativos (por exemplo, labilidade, depressão, irritabilidade, ansiedade, letargia, alterações no sono, apetite, libido) em período precedente à menstruação, presentes na maior parte dos ciclos menstruais ao longo de um ano.

Transtorno depressivo induzido por substâncias: quadro depressivo relacionado ao uso de substâncias ou medicamentos, como, por exemplo, o efavirenz, não explicado por outros transtornos depressivos antecedentes, sintomas breves de intoxicação ou delirium.

Transtornos depressivos devido a outras condições médicas gerais: quadro depressivo persistente relacionado à presença de doenças clínicas, não explicado por outros transtornos mentais, transtorno de ajustamento relacionado à presença de mudanças e perdas com a doença ou delirium.

Critérios diagnósticos do transtorno depressivo maior e persistente

Conforme o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 5ª edição (DSM-5), estes são os critérios.

Transtorno depressivo maior:

A. Cinco ou mais sintomas presentes na maior parte do dia, quase todos os dias, por período mínimo de duas semanas, sendo ao menos um deles os critérios 1 ou 2. Desconsiderar sintomas claramente atribuídos a condições médicas gerais.

1) Humor deprimido (a partir de relatos do paciente ou observação de terceiros).

2) Marcada diminuição de interesse ou prazer na maior parte das atividades.

3) Alterações de apetite/peso (aumento ou diminuição) não explicados por outro motivo.

4) Insônia ou hipersonia.

5) Agitação ou retardo psicomotor.

6) Cansaço ou diminuição da energia.

7) Pensamento de desvalia ou culpa excessiva e inapropriada.

8) Diminuição na concentração ou dificuldade para pensar ou tomar decisões.

9) Pensamentos recorrentes de morte e/ou suicídio, e/ou planos ou tentativas de suicídio.

B. Significativos prejuízos funcionais com sintomas.

C. Sintomas não podem ser atribuídos a outras condições médicas gerais ou substâncias.

D. Sintomas não são bem explicados por outros diagnósticos psiquiátricos.

E. Ausência de episódios maníacos ou hipomaníacos prévios.

Transtorno depressivo persistente:

A. Humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias, por período mínimo de dois anos.

B. Presença de dois ou mais dos seguintes sintomas:

1) Apetite (diminuído ou aumentado).

2) Insônia ou hipersonia.

3) Pouca energia ou cansaço.

4) Baixa autoestima.

5) Dificuldades de concentração ou para tomar decisões.

6) Sentimento de desesperança.

C. Durante o período de dois anos, o indivíduo nunca esteve sem sintomas por mais de dois meses.

D. Critérios para episódios depressivos podem estar presentes ao longo dos dois anos.

E. Ausência de episódios maníacos ou hipomaníacos ou ciclotimia.

F. Sintomas não são bem explicados por outros diagnósticos psiquiátricos.

G. Sintomas não podem ser atribuídos a outras condições médicas gerais ou substâncias.

H. Significativos prejuízos funcionais com sintomas.

Tratamento para o transtorno depressivo

Hoje, existem mais de 20 antidepressivos disponíveis  no Brasil. Não há evidências que demonstram superioridade de um medicamento quando comparado a outro, por isso, a escolha baseia-se em outros critérios e deve ser individualizada.

O primeiro passo, caso o paciente faça o tratamento do HIV com efavirenz, é trocá-lo. Sabemos que o principal efeito deste antirretroviral são os sintomas neuropsiquiátricos, por isso está contraindicado em pacientes com depressão ou que tenham predisposição à depressão.

Em relação ao dolutegravir, existem estudos demonstrando uma associação, enquanto outros não. Ou seja, ainda não sabemos. Por não existir uma indicação protocolar para a substituição do dolutegravir neste caso, eu não faço a troca inicialmente. Apenas se, mesmo com o tratamento otimizado ou com trocas de antidepressivos o paciente não melhorar dos sintomas, eu penso em substituí-lo.

O segundo passo é escolher um antidepressivo, e verificar se não há interações medicamentosas com os antirretrovirais. Caso não exista interação, deve-se iniciar com a dose mínima por causa dos possíveis efeitos colaterais. 

Durante as primeiras duas a quatro semanas o objetivo estará na tolerabilidade e na melhora dos sintomas. Caso tenha melhora parcial com uma boa tolerabilidade, deve-se otimizar a dose. Se depois de seis a oito semanas houver remissão completa dos sintomas, e o paciente não tem risco de recorrência, deve-se manter o tratamento por 6 a 9 meses. Caso tenha risco de recorrência, deve-se manter por 2 anos ou mais.

Porém, caso o paciente não apresente melhora inicial, deve-se otimizar até a dose máxima, e aguardar até 12 semanas de tratamento. Se mesmo assim não houver melhora, existem três alternativas possíveis: potencialização, combinação ou troca.

A potencialização é acrescentar um medicamento não antidepressivo para potencializar o antidepressivo, como o lítio, a triiodotironina ou antipsicóticos atípicos. Essa estratégia é boa quando o paciente apresenta resposta adequada, mas os efeitos colaterais impedem o uso na dose plena.

A combinação é utilizada quando apenas um antidepressivo não leva a remissão dos sintomas. Deve-se escolher um antidepressivo com outro mecanismo de ação ou que possa melhorar um sintoma específico, por exemplo, insônia.

A troca está indicada em três situações: (1) o paciente não obteve resposta apesar de doses e tempo otimizados; (2) os efeitos colaterais não são tolerados; e (3) o custo impossibilita a continuação do tratamento.

Tipos transtornos de ansiedade

A ansiedade é um estado mental natural e fundamental para a sobrevivência do ser humano. É suscitado em antecipação a uma ameaça ou a uma ameaça potencial, resultando em um estado de maior vigilância. Porém, quando persistente, disruptiva ou desproporcional ao perigo real, pode ser debilitante e considerada uma doença.

O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 5ª edição (DSM-5) divide a ansiedade patológica tem 7 transtornos:

Transtorno do pânico: caracterizado por ataques de pânico recorrentes, que são períodos de ansiedade e desconforto intenso, sem qualquer gatilho, acompanhados por sintomas somáticos.

Agorafobia: medo de locais ou situações (por exemplo, transporte público, multidões) dos quais a fuga pode ser difícil ou em que a ajuda pode não estar disponível.

Transtorno de ansiedade generalizada: os pacientes sofrem de ansiedade e preocupações excessivas, acompanhados por sintomas como inquietação, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular, distúrbios do sono e fadiga.

Fobia específica: medo excessivo ou irracional de objetos isolados ou situações (por exemplo, medo de voar, de ver sangue, de altura ou de animais).

Fobia social: medo persistente e irracional de ser observado ou avaliado negativamente por outros em situações de desempenho social ou interação. Associado a sintomas de ansiedade somática e cognitiva.

Transtorno de ansiedade de separação: experiência de sofrimento excessivo quando a separação de grandes figuras de apego é antecipada ou ocorre. As pessoas se preocupam com o bem-estar ou a morte potencial das figuras de apego, particularmente quando separadas delas, e se sentem compelidas a permanecer em contato.

Mutismo seletivo: fracasso persistente para falar em situações sociais específicas em que existe a expectativa para tal (por exemplo, escola), apesar de falar em outras situações.

Ferramenta para triagem e diagnóstico da ansiedade generalizada

O guideline da European AIDS Clinical Society 11.ª edição sugere o uso da Ferramenta de Triagem de Transtorno de Ansiedade Generalizada-2 (GAD-2), validada para pessoas vivendo com HIV (disponível aqui).

Se a pontuação de corte do GAD-2 for igual ou mais que 3, realizam-se as seguintes perguntas para diagnosticar o transtorno de ansiedade generalizada:

  • ansiedade excessiva por mais dias do que não, por mais de 6 meses.
  • dificuldade em controlar a preocupação.
  • associado a pelo menos três destes sintomas (inquietação, fadiga, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular, distúrbios do sono).
  • comprometimento significativo da vida.
  • não atribuível a outra substância ou condição médica.
  • não sendo melhor explicado por outro distúrbio médico.

É fundamental o diagnóstico diferencial com outros transtornos de ansiedade e a exclusão de hipertireoidismo, hipoglicemia e hiperadrenocorticismo. Também é necessário excluir excesso de cafeína e uso de estimulantes (como cocaína, metanfetamina, anfetaminas).

Tratamento farmacológico dos transtornos de ansiedade

Os antidepressivos e os benzodiazepínicos são considerados medicamentos farmacológicos de primeira linha para o tratamento da maioria dos transtornos de ansiedade, com exceção de fobia específica. 

Os antidepressivos mais utilizados são os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs) e os inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSNs). A seleção de qual medicamento utilizar é individual, e baseia-se na resposta prévia, caso já tenha tratado anteriormente, na preferência do paciente e nos efeitos colaterais.

Os benzodiazepínicos são bastante eficazes. Sua grande vantagem é a melhora rápida dos sintomas. Porém, o abuso pode causar dependência. Por isso devem ser usados com cautela ou não devem ser utilizados em pessoas com histórico de abuso de álcool e outras substâncias. 

Outros antidepressivos, como tricíclicos e inibidores da monoaminoxidase, estão sendo menos utilizados, porém são eficazes e têm sua utilidade, principalmente no transtorno de ansiedade generalizada. Outra opção são os anticonvulsivantes que modulam a sinalização do GABA, como gabapentina ou pregabalina, buspirona e bloqueadores β-adrenérgicos.

Medicamentos utilizados para o tratamento do transtorno depressivo e de ansiedade

Hoje existem diversas classes e medicamentos para o tratamento do transtorno depressivo e do transtorno de ansiedade. Eu irei abordar os principais medicamentos para o tratamento na PVHIV, quais são suas doses iniciais, doses padrão e qual o risco dos principais efeitos colaterais.

Em relação aos efeitos colaterais, para não ficar repetitivo, usarei os seguintes sinais para classificar o risco: (-) sem risco; (+) risco moderado; e (++) alto risco.

Paroxetina:

  • Dose inicial: 10-20 mg/dia.
  • Dose padrão: 20-40 mg/dia.
  • Insônia e agitação (+), sedação (-/+), sintomas gastrointestinais (+), disfunção sexual (++), ganho de peso (++).

Sertralina:

  • Dose inicial: 25-50 mg/dia.
  • Dose padrão: 50-150 mg/dia.
  • Insônia e agitação (+), sedação (-/+), sintomas gastrointestinais (+), disfunção sexual (+), ganho de peso (+).

Citalopram:

  • Dose inicial: 10-20 mg/dia.
  • Dose padrão: 20-40 mg/dia.
  • Insônia e agitação (+), sedação (-/+), sintomas gastrointestinais (+), disfunção sexual (+), ganho de peso (+).

Escitalopram:

  • Dose inicial: 5-10 mg/dia.
  • Dose padrão: 10-20 mg/dia.
  • Insônia e agitação (+), sedação (-/+), sintomas gastrointestinais (+), disfunção sexual (+), ganho de peso (+).

Venlafaxina:

  • Dose inicial: 37,5-75 mg/dia.
  • Dose padrão: 75-225 mg/dia.
  • Insônia e agitação (++), sedação (-/+), sintomas gastrointestinais (+), disfunção sexual (+), ganho de peso (-/+).

Duloxetina:

  • Dose inicial: 30 mg/dia.
  • Dose padrão: 30-60 mg/dia.
  • Insônia e agitação (++), sedação (+++), sintomas gastrointestinais (+++), disfunção sexual (++), ganho de peso (+).

Mirtazapina:

  • Dose inicial: 30 mg/dia.
  • Dose padrão: 30-60 mg/dia.
  • Insônia e agitação (-/+), sedação (++), sintomas gastrointestinais (-/+), disfunção sexual (-/+), ganho de peso (++).

Alprazolam:

  • Dose inicial: 0.25-0.5 mg/dia.
  • Dose padrão: 1-4 mg/dia.
  • Insônia e agitação (+), sedação (++), sintomas gastrointestinais (+), disfunção sexual (+), ganho de peso (+).

Clonazepam:

  • Dose inicial: 0.25 mg/dia.
  • Dose padrão: 1-2 mg/dia.
  • Insônia e agitação (-/+), sedação (+), sintomas gastrointestinais (-), disfunção sexual (-/+), ganho de peso (-/+).
infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para [email protected] que responderemos o mais breve possível. Obrigado!

© 2022 Richard Portier. CNPJ 31.671.711/0001-11. Todos os direitos reservados. Termos de uso.

Diarreia, gases e distensão abdominal

diarreia hiv

ARTIGOS

Diarreia, gases e distensão abdominal

Por Dr. Richard Portier

em 18 de junho de 2021.

A diarreia é o aumento na frequência e a diminuição na consistência das fezes. É um efeito colateral comum no início do tratamento. Porém, para a maioria das pessoas, desaparece após alguns dias ou semanas, embora, para outras, permaneça um problema por anos. Gases e distensão abdominal também são sintomas comuns.

Além disso, esses sintomas causam dor e constrangimento, pois são imprevisíveis. Você deixa de sair de casa porque não quer arriscar um incidente.

A diarreia pode se tornar uma ameaça à vida quando há grande perda de  líquido, causando desidratação, ou quando causa problemas na absorção dos nutrientes, o que leva à perda de peso e desnutrição.

Por isso você precisa descobrir a causa. Esses estão os principais benefícios:

  • Você reduz a irritação do intestino, o que reduz a dor e o inchaço abdominal.
  • Você volta a sua vida normal, pois não vai passar por constrangimentos.
  • Seu sono melhora porque você não precisa correr ao banheiro à noite.
  • Você melhora a absorção de nutrientes, mantêm o peso e melhora o sistema imunológico.
  • Seus antirretrovirais funcionam melhor, pois serão melhor absorvidos.
  • Você melhora a adesão, pois estes sintomas são alguns dos principais motivos pelos quais as pessoas abandonam o tratamento.

Se você está com diarreia há mais de 7 dias ou nas fezes há sangue, este não é o momento para o auto-diagnóstico. A causa para o seu problema pode ser simples, mas também ser algo grave. Apenas seu médico pode diagnosticar adequadamente. Por isso converse com o seu médico sobre qualquer seus sintomas para que uma investigação adequada possa determinar a causa.

Descobrindo a causa

Existem diversas causas para esses sintomas. A seguir estão algumas:

  • O próprio HIV: nas pessoas sem tratamento, o vírus danifica o intestino atacando as células imunológicas do local.
  • Os antirretrovirais: são uma causa comum, de curto prazo e desaparecem após alguns dias ou semanas de tratamento. Pessoas que utilizam antirretrovirais da classe dos inibidores da protease, como o atazanavir, o darunavir e o ritonavir possuem uma chance maior de permanecer com a diarreia.
  • Síndrome do intestino irritável.
  • Doença inflamatória intestinal.
  • Intolerância à lactose.
  • Sensibilidade ao glúten.
  • Infecções, incluindo bactérias, vírus e parasitas.
  • Intolerância à gordura e má absorção.
  • Excesso de açúcar ou cafeína.
  • Intolerância às FODMAPS.
  • Efeito colateral de outros medicamentos, como antibióticos.
  • Estresse.

O que fazer?

Descobrir a causa.

Por exemplo, se você tem intolerância à lactose, retirar alimentos lácteos. Se tem sensibilidade ao glúten, consumir menos trigo.

Exames podem ser necessários, como exame de fezes ou colonoscopia.

Se utiliza inibidores da protease, a troca do medicamente é uma opção.

O mais importante é realizar o diagnóstico. Por isso converse com o seu médico na próxima consulta.

infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para [email protected] que responderemos o mais breve possível. Obrigado!

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