ARTIGOS

Cansaço crônico

Por Dr. Richard Portier

em 23 de junho de 2023.

O cansaço crônico, chamado de fadiga crônica, é diferente do cansaço inerente da nossa rotina. É um peso, uma dor, uma falta de energia que não é aliviada por dormir o suficiente ou tirar umas férias.

A fadiga crônica causa efeitos físicos, deixando você incapaz de fazer as coisas que costumava fazer. Fazer tarefas simples parecerem esmagadoras. Também leva à sintomas mentais, dificultando o foco no seu trabalho ou deixando-o sem a motivação para realizar as tarefas da vida diária.

Mas como diferenciar o cansaço da vida com a fadiga crônica? Responda às seguintes perguntas:

  • Seu nível de energia agora é semelhante como o do passado?
  • Você é capaz de trabalhar um dia inteiro e ainda tem energia para sua vida social? Ou você chega em casa tão exausto que cai no sofá?
  • Você tem energia para se exercitar quantas vezes quiser ou apenas o pensamento de ir à academia é cansativo?
  • Como você se sente quando acorda de manhã? Você está saindo da cama se sentindo ótimo ou está se arrastando para fora e se forçando a seguir em frente?
  • Você está cochilando ou talvez pegando mais uma xícara de café só para ficar acordado?
  • Você sente dores musculares todos os dias?

Se você sente fadiga todos os dias, este não é o momento para o auto-diagnóstico. A causa para o seu problema pode ser simples, mas também ser algo grave. Apenas seu médico pode diagnosticar adequadamente. Por isso converse com o seu médico sobre qualquer sintoma para que uma investigação adequada possa determinar a causa.

Prevalência e os fatores associados

O artigo “Prevalence and predictors of fatigue among people living with HIV in Norway”, publicado na AIDS Care em junho de 2021, nos mostra qual é a prevalência e os fatores associados ao problema.

Este foi um estudo transversal, com PVHIV dos ambulatórios do Hospital of Southern Norway (SSHF) e University Hospital of North Norway (UNN). A fadiga foi aferida através do questionário Chalder Fatigue Questionnaire (CFQ), uma escala validada para avaliar o cansaço mental e físico. A fadiga foi considerada crônica se os sintomas estivessem presentes por 6 meses ou mais.

A prevalência de cansaço entre os 244 participantes foi de 38,5%, sendo que 18% (n=44) sofriam de fadiga crônica. Cinco fatores foram significativamente associados à fadiga: sofrimento mental, multimorbidade, morar sozinho, dificuldade para dormir e dores no corpo.

O que podemos concluir? Primeiro, o cansaço é prevalente nas PVHIV, sendo, neste estudo, relatado por 38,5% das pessoas, sendo que 18% relataram fadiga por mais de 6 meses. Segundo, entre as principais causas, estão a privação de sono, transtornos de saúde mental e dores no corpo, que podem ser diagnosticadas através de perguntas básicas durante a consulta médica. Terceiro, a maioria das PVHIV apresentam outras comorbidades, como hipertensão, diabetes tipo II, hipogonadismo, hipotireoidismo, que podem ser causas deste sintoma.

Investigando a causa

Através da entrevista médica, com perguntas simples, eu consigo identificar algumas causas, como distúrbio do sono, apneia obstrutiva do sono, transtorno depressivo ou de ansiedade, dores crônicas, tabagismo, alcoolismo, uso de drogas, efeitos colaterais de medicamentos, sedentarismo e má alimentação.

Depois, solicito exames, dividindo-os em 6 grupos: efeitos colaterais dos antirretrovirais, metabólicos, hormonais, deficiência de vitaminas e minerais, infecções e imagens.

  1. Efeitos colaterais dos antirretrovirais: hemograma para avaliar alterações hematológicas, como a anemia; TGO e TGP para função hepática; creatinina e urina tipo I para função renal; LDH para acidose lática; e CPK para miopatias. 
  2. Metabólicos: glicemia de jejum, hemoglobina glicada e insulina para diabetes tipo II, lipidograma para dislipidemia; e ureia para excesso de exercício físico.
  3. Hormonais: TSH e t4 livre para função tireoidiana; e testosterona total e livre para deficiência de testosterona.
  4. Vitaminas e minerais: 25 hidroxi-vitamina D, vitamina B12, ácido fólico, homocisteína, zinco e ferro para deficiência desses micronutrientes.
  5. Infecções: VDRL para sífilis; anti-HCV para hepatite C; EBV IgM e IgG para mononucleose; CMV IgG e IgM para citomegalovirose; e toxoplasmose IgG e IgM para toxoplasmose.
  6. Imagens: densitometria óssea de corpo inteiro para composição corporal; e ecocardiograma para insuficiência cardíaca.

O tratamento inclui múltiplas condutas, como mudança na alimentação, prática de exercício físico, suplementação, cessar tabagismo e uso de drogas, higiene do sono, troca de medicamentos, tratamento farmacológico e terapia. Tudo depende das possíveis causas diagnosticadas. 

infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

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