Por Dr. Richard Portier
em 18 de junho de 2021.
A síndrome da lipodistrofia é o termo usado para descrever uma série de sintomas que incluem alterações na forma e no metabolismo do corpo. Essas alterações corporais são duas: perda de gordura e/ou ganho de gordura em determinadas partes do corpo.
Lipoatrofia é a perda de gordura no rosto, braços, nádegas e pernas. Essa perda de gordura pode fazer as veias se projetarem nos braços e pernas e criar bochechas profundas, junto com a perda de gordura em outras partes do rosto.
Lipo-hipertrofia é o acúmulo de gordura nos seios, abdome, mas principalmente, na base do pescoço e na região da coluna torácica, chamada de “giba”. Algumas pessoas também desenvolvem lipomas, que são nódulos redondos e móveis de gordura sob a pele.
Embora seja, para a maioria das pessoas, um problema estético, pode causar desconforto considerável quando:
A resposta para essa pergunta é NÃO. A não ser que você trate com a zidovudina (AZT), a chance dos outros antirretrovirais disponíveis no Brasil causarem lipodistrofia é extremamente raro.
Várias classes de antirretrovirais têm sido associadas ao acúmulo de gordura. Os inibidores da protease (IP) podem alterar a função de certas enzimas necessárias para manter a quantidade de células de gordura saudáveis e funcionais. O resultado é o acúmulo de gordura. Os IPs mais antigos, como o lopinavir, possuem maior probabilidade de causar acúmulo de gordura, enquanto os dois mais recentes, atazanavir e darunavir, não foram associados.
Inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRN) e inibidores da transcriptase reversa não-análogos de nucleósidos (ITRNN) podem causar acúmulo de gordura em algumas pessoas, possivelmente porque contribuem para a resistência à insulina, que está associada a um aumento na gordura visceral.
Já os inibidores da integrase (INI), como o dolutegravir, têm sido associados ao ganho de peso, consequentemente, ganho de gordura corporal. Porém não podemos afirmar com precisão se isso realmente acontece.
A lipoatrofia está mais associada aos ITRN, principalmente a estavudina (d4T) e a zidovudina (AZT). Esses antirretrovirais danificam as mitocôndrias, que são as usinas de energia das nossas células, causando o que chamamos de toxicidade mitocondrial. Esse dano faz as células de gordura percam sua capacidade de funcionar normalmente, distorcendo sua forma. Em alguns casos, as células podem morrer, causando perda de tecido adiposo no rosto e nos membros.
Os ITRN que não estão ligadados à lipoatrofia são: lamivudina (3TC), emtricitabina (FTC), tenofovir (TDF ou TAF) e abacavir (ABC). Ou seja, os ITRN que usamos atualmente no tratamento da maioria das pessoas vivendo com HIV não estão associados a lipoatrofia.
Ainda não se sabe se o efavirenz (EFV) causa ou não lipoatrofia.
Reverter as mudanças já causadas pela lipodistrofia é difícil. Por isso a melhor opção é escolher antirretrovirais com menor chance de causar essas alterações – o que já fazemos atualmente.
Para pessoas que desenvolveram lipoatrofia, substituir o AZT por tenofovir ou abacavir é extremamente fundamental. Porém a reversão do quadro geralmente é apenas parcial e ocorre muito lentamente, com alterações visíveis após seis meses a vários anos.
Já o uso de esteróides anabolizantes, combinado ao exercício, é controverso e necessita de acompanhamento médico específico para ser realizado.
Por fim, a cirurgia plástica pode ser um excelente aliado. A lipoaspiração pode remover gordura em algumas áreas do corpo, principalmente na “giba”. Cirurgia padrão pode ser feita para redução de mama. Para lipoatrofia, preenchimentos e implantes podem ser realizados. No entanto, esses procedimentos são complexos. Por isso procure um cirurgião plástico ou dermatologista qualificado.
Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.
Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.
Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV.
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