Por Dr. Richard Portier
em 8 de agosto de 2020.
Existem vários mitos sobre a transmissão do HIV. E falsas informações aumentam o preconceito em relação às pessoas vivendo com o vírus.
Neste artigo estão as principais dúvidas sobre esse tema…
Os principais formas para contrair ou transmitir o HIV são:
Apenas algumas secreções corporais de uma pessoa vivendo com o HIV podem transmitir o vírus, como:
Mas como ocorre? Durante a relação sexual, uma dessas secreções infectada com o vírus entra em contato com uma membrana mucosa, como por exemplo, o reto, a vagina, o pênis e a boca ou um tecido danificado, como por exemplo, um pequeno corte na região genital. Também pode ser diretamente injetado na corrente sanguínea através de uma agulha, como no uso de drogas injetáveis.
Também existem outras formas de transmissão que na teoria podem ocorre, porém são extremamente raras:
O HIV não se multiplica e não sobrevive durante muito tempo fora do corpo humano (como em superfícies).
O vírus não é transmitido:
Sim, o sexo anal é comportamento sexual de maior probabilidade para contrair ou transmitir o HIV.
A probabilidade de transmissão é maior através do sexo anal receptivo (passivo) do que o insertivo (ativo). Isso ocorre pois a mucosa retal é fina e chance de trauma local é grande.
No insertivo, o vírus pode entrar através da uretra ou de pequenos cortes, arranhões ou feridas abertas em qualquer parte do pênis ou do saco escrotal.
Sim, tanto a mulher quanto o homem podem contrair ou transmitir o HIV através do sexo vaginal, embora a probabilidade seja menor comparado ao sexo anal.
Quando uma mulher faz sexo vaginal com um parceiro que vive com o HIV, o vírus pode entrar em seu corpo através da membrana mucosa que reveste a vagina e o colo do útero.
Os homens também podem contraí-lo ao fazer sexo vaginal com uma mulher que vive com HIV. Isso ocorre pois o vírus pode entrar através da uretra ou de pequenos cortes, arranhões ou feridas abertas em qualquer parte do pênis e da região do saco escrotal.
Sim, porém a probabilidade é baixa.
Fatores que aumentam o risco de transmissão do vírus através do sexo oral são a ejaculação na boca com úlceras orais ou sangramento gengival, ou se o órgão genital apresentar úlceras e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
O CDC (Center of Disease Control and Prevention) e a US Preventive Services Task Force recomendam que todas as pessoas com idades entre 13 e 64 anos sejam testadas para o HIV pelo menos uma vez na vida. Hoje cerca de uma em cada sete pessoas nos Estados Unidos não sabe que vive com o vírus. No Brasil são aproximadamente 135 mil pessoas.
Se você responder sim a qualquer uma das seguintes questões, você deve fazer o teste de HIV o mais rápido possível e, no mínimo, uma vez ao ano, pois é considerada população chave para o exame:
Homens que fazem sexo com outros homens podem se beneficiar com testes mais frequentes (por exemplo, a cada 3 a 6 meses).
Se você está grávida, fale com o seu médico sobre realizar o teste. Ele faz parte da rotina de pré-natal.
Antes de fazer sexo com um novo parceiro (a), vocês devem falar sobre o histórico sexual e de drogas. Na dúvida, use preservativos.
Realizar o teste para HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis é importante para se proteger, e também proteger as outras pessoas.
A transmissão do HIV entre mulheres é rara. Porém pode ocorrer em no contato com secreções corporais ou sangue menstrual infectados com o vírus.
Sim, ter outra IST aumenta o risco de contrair ou transmitir o HIV.
Se você é HIV negativo, mas tem uma IST, a chance de contrair o vírus em uma relação sexual sem preservativo é três vezes maior. E por que isso ocorre? Pois a infecção aguda causa irritação, lesões ou feridas na pele (por exemplo, sífilis, herpes simples ou HPV) que facilitam a entrada do HIV no corpo durante o contato sexual. Mesmo ISTs que não causam lesões abertas (por exemplo, clamídia, gonorréia, tricomoníase) também possuem um risco aumentado.
Se você vive com HIV e também tem outra IST, também tem cerca de 3 vezes mais chance de transmiti-lo através do contato sexual. Isso ocorre pois há vírus nas lesões, no sêmen ou em outras secreções genitais.
A Sociedade Brasileira de Infectologia e o Ministério da Saúde publicaram em 2018 e 2019, respectivamente, dois pareceres técnicos intitulados “Indetectável = Intransmissível”. Mas o que isso significa?
Foram realizados dois grandes estudos, chamados HPTN 0528 e PARTNER. Estas pesquisas mostraram que, quando pessoas vivendo com o HIV mantém suas cargas virais indetectáveis por, pelo menos, seis meses e usam de maneira contínua suas medicação, realizam o acompanhamento médico regular e fazem os exames laboratoriais solicitados pelo médico, ao fazerem sexo com pessoas HIV negativas, não ocorre transmissão do vírus.
O estudo HPTN 052 acompanhou 1.763 casais heterossexuais – um parceiro era HIV positivo e o outro HIV negativo – em nove países. Esses casais praticavam principalmente sexo vaginal. Nenhuma transmissão do vírus ocorreu entre os parceiros quando a pessoa que vive com HIV estava em tratamento e tinha uma carga viral indetectável.
Já o estudo PARTNER acompanhou 888 casais de 14 países europeus. Ele incluiu casais homossexuais e heterossexuais que mantinham relações sexuais desprotegidas. Todas as pessoas vivendo com HIV estavam em tratamento e tinham carga viral indetectável. Assim como o estudo anterior, nenhuma transmissão ocorreu.
Embora um pequeno número de pessoas tenha contraído o vírus nos dois estudos, essas infecções vieram de um parceiro sexual fora do relacionamento ou quando o parceiro (a) HIV positivo tinha uma carga viral detectável por abandono de tratamento.
O que podemos concluir: o risco de transmitir o vírus por via sexual é insignificante. Portanto, podemos dizer com segurança, que alcançar e permanecer com carga viral indetectável não é apenas a melhor escolha que as pessoas vivendo com HIV podem fazer para manter a sua saúde, mas também a melhor maneira de não o transmitir o vírus através do sexo.
Para isso é necessário manter a adesão ao tratamento perfeita, avaliar regularmente a carga viral e comparecer às consultas médicas regularmente.
Sim, seu risco de contrair ou transmitir o HIV é muito alto se você compartilhar agulhas ou outros materiais (como algodão ou água) para injetar drogas. Isso ocorre pois sangue pode transmitir o vírus, a hepatite B e a hepatite C.
Quando você está bêbado ou sobre o efeito de outras drogas como o crack, maconha, cocaína, ecstasy e LSD, aumentam a sua chances de tomar decisões ruins que o colocam em maior probabildiade de contrair ou transmitir o vírus, como fazer sexo sem preservativo ou compartilhar agulhas ao injetar drogas.
Sim, a superinfecção pelo HIV ocorre quando uma pessoa vivendo com o vírus é infectada por outra cepa. Essa nova cepa substitui ou permanece junto com a original.
Mas por isso ocorre? O novo vírus pode ser resistente às medicações que você toma, por isso ele consegue se multiplicar, deixando sua carga viral detectável.
O risco é extremamente baixo se você utilizar os equipamentos de proteção individual.
A transmissão pode ocorrer se você sofrer um acidente com um objeto perfurocortante contaminado com o vírus. Porém a chance de contrair é inferior a 1%.
Embora a transmissão do HIV seja possível em ambientes de saúde, é extremamente raro.
Exija que o profissional de saúde utilize equipamentos de proteção individual, como luvas, ao coletar sangue ou outra secreção corporal.
O risco de contrair o vírus através de transfusões de sangue e derivados ou transplantes de órgãos é extremamente pequeno no Brasil, pois as leis de biossegurança são rigorosas. Porém fique atento em outros países.
Não, o vírus não é transmitido:
Apesar de extremamente raro, é possível contrair ou transmitir o HIV através de uma agulha ou outro material mal esterilizado.
Certifique-se que a pessoa que está fazendo o procedimento esteja devidamente licenciada e que use apenas agulhas, tintas e outros equipamentos novos ou esterilizados.
Não, o HIV não é transmitido através da saliva, e não há risco de transmissão através de arranhadura.
Não, o HIV não é transmitido através da picada de mosquitos ou outros insetos.
Embora seja extremamente raro, o HIV pode ser transmitido pela ingestão de alimentos que foram pré-mastigados por alguém que vive com HIV. A contaminação ocorre quando o sangue infectado da boca de um cuidador se mistura com a comida durante a mastigação. Os únicos casos conhecidos são entre crianças.
Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.
Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.
Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV.
Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para richard@richardportier.com que responderemos o mais breve possível. Obrigado!
© 2022 Richard Portier. CNPJ 31.671.711/0001-11. Todos os direitos reservados. Termos de uso.