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ARTIGOS

14 perguntas sobre a prevenção do HIV

Por Dr. Richard Portier

em 8 de agosto de 2020.

Hoje existem diversas formas para prevenir o HIV. Elas variam desde o uso de preservativos durante a relação sexual até o uso de medicamentos contra o vírus todos os dias. Quanto mais meios de prevenção você utilizar, mais seguro estará. 

Se você está vivendo com o HIV, o tratamento não é apenas a melhor opção para manter-se saudável, mas também a melhor forma de evitar a transmissão.

Neste artigo iremos abordar as principais perguntas em relação a prevenção do vírus…

Como eu posso evitar contrair/transmitir o HIV durante o sexo vaginal e anal?

Existem várias formas para prevenir o HIV. Quanto mais ações você fizer, menor a probabilidade de transmissão.

  1. Use preservativos da maneira correta toda vez que fizer sexo oral, vaginal e anal. 
  2. Reduza o seu número de parceiros (as) sexuais, assim diminui suas chances de ter uma relação sexual com uma pessoa que vive com HIV e não está em tratamento.
  3. Faça a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). Essa forma consiste no uso contínuo de medicamentos contra o HIV por uma pessoa que não tem a infecção pelo vírus. Mas o isso significa? Tomar os medicamentos todos os dias reduz sua chance de contrair o vírus. Sua eficácia, segurança e efetividade foram demonstradas em diversos estudos. 
  4. Faça a Profilaxia Pós-Exposição (PEP). Envolve tomar os medicamentos contra o HIV em até 72 horas após uma exposição de maior probabilidade de contrair o HIV. Pode ser indicada após exposição ocupacional, como por exemplo, quando um profissional de saúde sofre uma perfuração por agulha ou entra em contato com um material biológico; ou pós exposição não ocupacional, como por exemplo, após o uso de drogas injetáveis, agressão sexual ou relação sexual. Se você acha que foi exposto ao HIV, procure assistência médica imediata. A PEP é uma emergência, lembre-se disso. Após 72 horas, provavelmente não funcionará. Quanto mais cedo você começar a medicação, melhor. 
  5. Fale para o seu parceiro (a) sexual vivendo com o HIV tratar corretamente a infecção. A Sociedade Brasileira de Infectologia e o Ministério da Saúde publicaram em 2018 e 2019, respectivamente, dois pareceres técnicos intitulados “Indetectável = Intransmissível”. Mas o que isso significa? Foram realizados dois grandes estudos, chamados HPTN 0528 e PARTNER. Estas pesquisas mostraram que, quando pessoas vivendo com o HIV mantém suas cargas virais indetectáveis por, pelo menos, seis meses e usam de maneira contínua suas medicação, realizam o acompanhamento médico regular e fazem os exames laboratoriais solicitados pelo médico, ao fazerem sexo com pessoas HIV negativas, não transmitem o vírus.

Como eu posso evitar contrair/transmitir o HIV durante o sexo oral?

O risco de transmissão do HIV durante o sexo oral é baixa.

Fatores que aumentam a probabilidade de transmissão do vírus são a ejaculação na boca com úlceras orais ou sangramento gengival, ou se o órgão genital apresentar úlceras e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Usar preservativo ou a PrEP reduz ainda mais a chance de transmissão. 

Caso a sua boca entre contato com fezes ou outras secreções corporais durante o sexo oral, procure assistência médica, principalmente pela chance de contrair a hepatite A e hepatite B. 

 

Preservativos previnem a transmissão do HIV?

Se você usá-los da maneira correta toda vez que fizer sexo, os preservativos são altamente eficazes na prevenção do HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis.

Existem dois tipos principais de preservativos: masculino e feminino.

  1. Preservativo masculino: o de látex oferece a melhor proteção. Os de poliuretano (plástico) ou poliisopreno (borracha sintética) são boas opções para pessoas com alergias ao látex, porém se rompem mais frequentemente. De membrana natural (como pele de cordeiro) possuem pequenos orifícios, portanto, não bloqueiam o vírus e outras ISTs. Usar lubrificante à base de água ou silicone diminui a chance do preservativo se romper ou escorregar durante o sexo. Não use lubrificantes à base de óleo (por exemplo, vaselina, óleo mineral, óleos de massagem, loções para o corpo e óleo de cozinha) porque rompem a camisinha mais facilmente. Não use lubrificantes contendo nonoxinol-9, pois irrita a parede da vagina e do ânus e aumenta o risco de transmissão.
  2. Preservativo feminino: oferece proteção semelhante ao preservativo masculino. Algumas pessoas usam durante o sexo anal, porém sua eficácia não é igual. É seguro usar lubrificante junto. 

Usar lubrificante reduz minha chance de contrair/transmitir o HIV?

Sim, usar lubrificante à base de água ou silicone diminui a chance do preservativo se romper ou escorregar durante o sexo. Não use lubrificantes à base de óleo (por exemplo, vaselina, óleo mineral, óleos de massagem, loções para o corpo e óleo de cozinha) porque rompem a camisinha mais facilmente. Não use lubrificantes contendo nonoxinol-9, pois irrita a parede da vagina e do ânus e aumenta a chance de transmissão do HIV.

Circuncisão previne o HIV?

Homens circuncidados apresentam menor chance de transmissão do vírus comparado a não circuncidados, porém não diminui a chance como as outras formas de prevenção. Ou seja, deve-se utilizar os outros métodos de prevenção em todas as relações sexuais. 

Posso tomar medicamentos para evitar contrair o HIV?

Sim, através da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP).

A PrEP consiste no uso contínuo de medicamentos contra o HIV por uma pessoa que não tem a infecção pelo vírus. 

Mas o que é profilaxia? A palavra “profilaxia” significa prevenir uma infecção. Por exemplo, as vacinas. Elas te protegem contra uma determinada infecção. Quando você toma a vacina para gripe, reduz seu risco de ficar doente pelo vírus da gripe. A mesma lógica vale para a PrEP. Tomar os medicamentos todos os dias reduz sua chance de contrair o vírus. Sua eficácia, segurança e efetividade foram demonstradas em diversos estudos. 

Se você acha que a PrEP pode ser adequada para você, procure assistência médica. Clique aqui e encontre o serviço de saúde do SUS que oferece a PrEP na sua cidade.

Você também comprar a medicação. Porém é necessário acompanhamento médico e prescrição médica. Para isso, a melhor opção é agendar uma consulta com um médico infectologista.

O medicamento atualmente usado é um comprimido composto por dois medicamentos contra o HIV: tenofovir disoproxil fumarato e emtricitabina. A profilaxia funciona ao tomar de forma consistente todos os dias. 

Estudos mostram que ao usá-lo todos os dias, você pode diminuir seu risco de contrair o vírus através do sexo em mais de 90%, ou ao usar drogas injetáveis em mais de 70%. Porém, se você não tomá-lo diariamente, a PrEP não é eficaz. 

A maioria das pessoas que tomam essa medicação não apresentam efeitos colaterais graves. Mas é muito importante o acompanhamento médico após o início da PrEP, e se você tiver algum efeito colateral, falar com seu médico.

Adicionar outras formas de prevenção, como o uso de preservativos, pode reduzir ainda mais o risco contrair o vírus, além de te proteger contra outras infecções sexualmente transmissíveis.

Posso tomar medicações após uma relação sexual na qual acredito que contrai o HIV?

Sim, através da Profilaxia Pós-Exposição (PEP). Ela envolve tomar os medicamentos contra o HIV em até 72 horas após a relação sexual.

Ela pode ser indicada de duas formas:

  1. Após exposição ocupacional, como por exemplo, quando um profissional de saúde sofre uma perfuração por agulha ou ao entrar em contato com um material biológico. 
  2. Após exposição não ocupacional, como por exemplo, após o uso de drogas injetáveis, agressão sexual ou relação sexual.

Se você acha que foi exposto ao vírus, procure assistência médica imediata. A PEP é uma emergência, lembre-se disso. Após 72 horas, provavelmente não funcionará. 

Se houver indicação, você tomará, todos os dias, três medicações, que juntos, são dois comprimidos: tenofovir disoproxil, lamivudina e dolutegravir. O tratamento tem duração de 28 dias. 

Ela é eficaz na prevenção da infecção pelo HIV quando tomada corretamente, mas não é 100% efetiva. Quanto mais cedo você começar a medicação após uma exposição de risco, melhor. 

As medicações podem causar efeitos colaterais, e se você apresentar alguns deles, fale com seu médico. Sempre informe as medicações você já toma, pois pode ocorrer interações medicamentosas.

Durante o tratamento você deve praticar abstinência sexual. Porém, em caso de relação sexual, use camisinhas com os parceiros (as) sexuais. 

Posso tomar uma vacina para prevenir o HIV?

Não, ainda não existe vacina para prevenir o HIV.

Posso usar microbicidas para evitar contrair o HIV?

Microbicidas são géis, filmes ou supositórios que podem matar ou neutralizar vírus e bactérias. Nenhum deles previnem a transmissão. 

Estou vivendo com o HIV, como posso impedir a transmissão para outras pessoas?

Há muitas formas de diminuir a probabilidade de transmitir o HIV a um parceiro (a). Quanto mais ações você fizer, mais seguro estará.

  1. Tome seus medicamentos da maneira correta todos os dias. Foram realizados dois grandes estudos, chamados HPTN 0528 e PARTNER. Estas pesquisas mostraram que, quando pessoas vivendo com o HIV mantém suas cargas virais indetectáveis por, pelo menos, seis meses e usam de maneira contínua suas medicação, realizam o acompanhamento médico regular e fazem os exames laboratoriais solicitados pelo médico, ao fazerem sexo com pessoas HIV negativas, não ocorre transmissão do vírus. Ou seja, tomar seus medicamentos todos os dias é a melhor forma de prevenção.
  2. Use preservativos da maneira correta toda vez que fizer sexo oral, vaginal e anal.
  3. Converse com seu parceiro (a) sobre a Profilaxia Pré-exposição (PrEP). Ela consiste no uso contínuo de medicamentos contra o HIV por uma pessoa que não tem a infecção pelo vírus. 
  4. Converse com seus parceira (a) sobre a Profilaxia Pós-Exposição (PEP). Ela envolve tomar os antirretrovirais em até 72 horas após uma exposição de risco. 
  5. Faça os exames e o tratamento de outras infecções sexualmente transmissíveis e incentive seus parceiro (a) a fazer o mesmo anualmente. 

Estou com a carga viral indetectável. Eu ainda posso transmitir o HIV?

A Sociedade Brasileira de Infectologia e o Ministério da Saúde publicaram em 2018 e 2019, respectivamente, dois pareceres técnicos intitulados “Indetectável = Intransmissível”. Mas o que isso significa?

Foram realizados dois grandes estudos, chamados HPTN 0528 e PARTNER. Estas pesquisas mostraram que, quando pessoas vivendo com o HIV mantém suas cargas virais indetectáveis por, pelo menos, seis meses e usam de maneira contínua suas medicação, realizam o acompanhamento médico regular e fazem os exames laboratoriais solicitados pelo médico, ao fazerem sexo com pessoas HIV negativas, não ocorre transmissão do vírus.

O estudo HPTN 052 acompanhou 1.763 casais heterossexuais – um parceiro era HIV positivo e o outro HIV negativo – em nove países. Esses casais praticavam principalmente sexo vaginal. Nenhuma transmissão do vírus ocorreu entre os parceiros quando a pessoa que vive com HIV estava em tratamento e tinha uma carga viral indetectável.

Já o estudo PARTNER acompanhou 888 casais de 14 países europeus. Ele incluiu casais homossexuais e heterossexuais que mantinham relações sexuais desprotegidas. Todas as pessoas vivendo com HIV estavam em tratamento e tinham carga viral indetectável. Assim como o estudo anterior, nenhuma transmissão ocorreu.

Embora um pequeno número de pessoas tenha contraído o vírus nos dois estudos, essas infecções vieram de um parceiro sexual fora do relacionamento ou quando o parceiro (a) HIV positivo tinha uma carga viral detectável por abandono de tratamento.

O que podemos concluir: o risco de transmitir o vírus por via sexual é insignificante. Portanto, podemos dizer com segurança, que alcançar e permanecer com carga viral indetectável não é apenas a melhor escolha que as pessoas vivendo com HIV podem fazer para manter a sua saúde, mas também a melhor maneira de prevenir a transmissão através do sexo.

Para isso é necessário manter a adesão ao tratamento perfeita, avaliar regularmente a carga viral e comparecer às consultas médicas regularmente.

Como eu posso evitar contrair/transmitir o HIV ao usar drogas?

A melhor maneira de reduzir o risco de transmissão do HIV é parar de usar drogas. Procure assistência médica pois hoje existem várias opções de tratamento. Porém se você optar por continuar usando, aqui estão algumas dicas: 

  1. Use apenas agulhas ou outros materiais novos e estéreis.
  2. Nunca compartilhe agulhas ou outros materiais.
  3. Limpe as agulhas usadas com alvejante somente quando você não conseguir novas. Isso reduz o risco, mas não o elimina.
  4. Limpe sua pele com um novo algodão e álcool antes de injetar.
  5. Use luvas para não entrar em contato com sangue de outras pessoas.
  6. Descarte as agulhas com segurança após o uso. Mantenha-as longe de outras pessoas.
  7. Faça o exame de HIV pelo menos uma vez por ano, caso não viva com HIV.
  8. Faça a Profilaxia Pré-exposição (PrEP), caso não viva com HIV.

Como eu posso prevenir a transmissão para o meu bebê?

Se você é HIV-negativa, mas tem um parceiro que vive com HIV, e está pensando em engravidar, converse com seu médico. Para isso é necessário que ele mantenha a adesão ao tratamento perfeita, avalie regularmente a carga viral e compareça às consultas médicas regularmente. Caso tenha carga viral detectável, você pode se beneficiar com a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) para evitar contrair o vírus. 

Se você vive com HIV, tome seus medicamentos corretamente todos os dias. O risco de transmissão é menor que 1% ao tratar. Após o parto, mesmo com carga viral indetectável, você não deve amamentar seu bebê.

infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

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