Por Dr. Richard Portier
em 8 de agosto de 2020.
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Este é o número de bebês que tiveram suas vidas alteradas desde o início da epidemia de zika em 2015 até 2018. Não só deles, mas também das suas famílias.
Além da microcefalia, outras alterações neurológicas podem ser encontradas em recém-nascidos expostos ao vírus Zika durante a gestação, secundárias à má-formação cerebral, como convulsões, alterações comportamentais (como irritabilidade e distúrbios do sono) e atraso do desenvolvimento.
Alterações que são, na maioria das vezes, irreversíveis.
Não sabíamos da existência da doença em 2015, mas agora sabemos. E devemos nos proteger, principalmente pelos métodos de prevenção.
A Zika é uma doença febril aguda causada pelo vírus zika, arbovírus do gênero Flavivirus, família Flaviviridae.
Diferente da dengue e da febre chikungunya, pode causar síndrome congênita e má-formação fetal se a infecção for transmitida de mãe para filho durante a gestação.
As principais formas de transmissão do vírus são:
O vírus não pode ser transmitido diretamente entre pessoas por via respiratória.
Então em maior risco gestantes nos primeiros três meses de gravidez (primeiro trimestre), que é o momento em que o bebê está sendo formado. O risco parece existir também, porém em menor grau, quando a infecção é adquirida no segundo trimestre de gestação. Aparentemente, a partir do terceiro trimestre, o risco de microcefalia é baixo, pois o feto já está completamente formado.
A melhor medida preventiva para quem vive em áreas que há mosquitos é eliminar os locais onde ele põe seus ovos, principalmente locais que contêm água parada, como por exemplo, recipientes de plástico, tambores, baldes ou pneus usados. Estes devem ser cobertos ou descartados adequadamente. Recipientes para comida de animais e vasos com flores devem ser esvaziados e limpos pelo menos uma vez por semana. Eliminando os ovos e as larvas do mosquito, reduzirá o número de mosquitos presentes nessas áreas e consequentemente, o número de infecções.
Já as principais medidas de proteção individual são:
O uso de repelente é a melhor forma de proteção individual. Os principais no mercado brasileiro com princípio ativo comprovado cientificamente e que funcionam na prevenção na picada de insetos são:
Vários fatores podem influenciar na eficácia e a duração da proteção do produto, como a espécie do mosquito e do carrapato, temperatura ambiente, exposição à água, entre outros.
Em geral, concentrações mais altas do ingrediente ativo proporcionam maior duração de proteção, independentemente do princípio ativo. Produtos com menos de 10 % de ingrediente podem oferecer apenas uma proteção limitada de 1 a 2 horas. Por exemplo, é recomendado o uso de produtos contendo mais de 20 % de DEET, próximos a 50 %. Maior que 50 % não oferece proteção maior.1
Independentemente do produto usado, se você começar a perceber picadas de insetos, reaplique o repelente de acordo com as instruções do rótulo.
Eles podem ser aplicados com filtro solar sem redução da sua atividade. No entanto, dados limitados mostram uma redução de um terço no fator de proteção solar de filtros solares quando repelentes de insetos contendo DEET são usados após a aplicação do protetor solar. Produtos que combinam filtro solar e repelente não são recomendados, porque o filtro solar é reaplicado com mais frequência e em maior quantidade. Ou seja, use produtos separados, aplicando a proteção solar primeiro e depois o repelente. Se for um repelente com DEET, reaplique o filtro solar com mais frequência.
Roupas, chapéus, sapatos, mosquiteiros, jaquetas e equipamentos de acampamento podem ser tratados com permetrina para proteção adicional.
A permetrina é um inseticida, acaricida e repelente altamente eficaz. A roupa tratada com o produto repele e mata carrapatos, piolhos, mosquitos e outros artrópodes que picam e incomodam. Roupas e outros itens devem ser tratados com 24 a 48 horas de antecedência para permitir a secagem. Siga as instruções do rótulo ao usar nas suas roupas. Lembre-se que nunca deve ser aplicada na pele, apenas em roupas, mosquiteiros ou outros tecidos, conforme indicado no rótulo do produto.
Algumas precauções que você deve tomar ao usar um repelente:
Se após o uso você desenvolver uma alergia na pele ou outro tipo de reação, como coceira ou inchaço, lave-se com água e sabão neutro e interrompa o uso. Se ocorrer uma reação grave, procure assistência médica urgente.
O aumento assustador do número de crianças com microcefalia causada pelo vírus nos leva a refletir sobre a importância de realizar um planejamento antes de engravidar.
Se você está querendo engravidar e mora ou irá viajar para uma região onde há casos de zika, procure assistência médica. Uma avaliação prévia, associado a medidas de proteção, podem diminuir sua chance de contrair o vírus, principalmente no primeiro trimestre.
Se está grávida, realize o pré-natal de forma correta. Caso apresente os sinais e sintomas da doença, fale com seu médico, principalmente se ocorrer erupção cutânea parecido como uma alergia. Serão realizadas ultrassonografias para detecção da má-formação.
A confirmação da infecção ou a presença de microcefalia no bebê não são indicações para parto cesariana, sendo a indicação obstétrica a via de parto.
A amamentação não é contraindicada.
A síndrome congênita ocorre, principalmente, se você contrair a infecção no primeiro trimestre de gestação. Através da placenta, o vírus é transmitido para o bebê.
A doença é assintomática após o nascimento. O principal sinal nesta fase é um perímetro cefálico (tamanho da cabeça) abaixo do normal.
Além da microcefalia, outras alterações neurológicas podem ser encontradas em recém-nascidos expostos ao vírus Zika durante a gestação, secundárias à má-formação cerebral, como convulsões, alterações comportamentais (como irritabilidade e distúrbios do sono) e atraso do desenvolvimento.
A criança deverá ter um acompanhamento especial com pediatra, infectopediatra e equipe multidisciplinar. Eles terão papel fundamental para o desenvolvimento da criança. A avaliação das necessidades apresentadas é individual.
Não há cura para a síndrome congênita, porém com o tratamento multidisciplinar é possível minimizar os danos.
A maioria das pessoas infectadas não apresentam sintomas. Quando apresentam são leves. Por esse motivo, muitas não percebem que foram infectadas.
Os sintomas iniciam de 3 a 6 dias após a infecção e podem durar até uma semana. Os mais comuns são:
Se você apresentar alguns desses sintomas, procure assistência médica.
Como os sintomas podem ser parecidos com o da dengue, e esta possui uma fase crítica, é importante que seu médico difira a zika com a dengue.
Raramente apresenta complicações neurológicas como encefalite, meningoencefalite, parestesia, paralisia facial, mielite e a síndrome de Guillain-Barré. Os principais sintomas são:
Se você, gestante, apresentar um dos sintomas acima ou achar que está em risco para a doença, procure atendimento médico precocemente.
Seu médico pode diagnosticar a infecção simplesmente observando seus sintomas e a epidemiologia local, ou seja, se há casos em sua região ou na região onde você viajou.
São solicitados sorologias para detectar anticorpos contra o vírus para confirmar a infecção, principalmente em gestantes e bebês com suspeita de infecção congênita.
Os sinais e sintomas da zika podem ser parecido com outras doenças, como: dengue, febre chikungunya, artrite séptica, malária, leptospirose, febre reumática, entre outros.
Não há medicação específica para o tratamento do vírus zika.
São usados medicamentos para aliviar sintomas, como analgésicos.
Descanse, beba bastante líquido e consulte um médico, se necessário.
Não tome aspirina e outros antiinflamatórios não esteróides devido a possibilidade do diagnóstico de dengue.
Anote todos os seus sintomas, quando eles iniciaram e quando você teve a exposição ao mosquito. Anote também suas dúvidas e leve-as ao médico. Não hesite em fazer outras perguntas caso elas ocorram no momento da consulta.
Previna-se. Essa é a melhor forma de evitar que seu bebê tenha a síndrome congênita.
Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.
Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.
Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV.
Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para [email protected] que responderemos o mais breve possível. Obrigado!
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