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ARTIGOS

Infecções Sexualmente Transmissíveis: tudo o que você precisa saber

Por Dr. Richard Portier

em 8 de agosto de 2020.

As infecções sexualmente transmissíveis são comuns e podem ser causadas por mais de 30 diferentes microrganismo, entre eles: 

  1. Vírus.
  2. Bactérias.
  3. Fungos.
  4. Protozoários. 

São transmitidas por:

  1. Contato sexual – principal forma.
  2. Da mãe para a filho durante a gestação, o parto ou a amamentação.
  3. Através do uso de itens contaminados – como seringas, materiais de manicure e tatuagem. 

Quando você contrai uma infecção sexualmente transmissível, a chance de contrair outra aumenta

Por exemplo, você está com uma lesão ativa de herpes simples da região genital e tem relação sexual sem preservativo com uma pessoa com sífilis. A sua ferida é uma porta de entrada para qualquer infecção. Ao entrar em contato com o sangue infectado dessa pessoa, a bactéria irá entrar no seu corpo através da lesão e causar doença. 

Por esse motivo todas as pessoas sexualmente ativas devem fazer todos os exames de sangue pelo menos uma vez na vida

Dentre as principais infecções estão: HIV, sífilis, hepatite B, hepatite C, HPV, herpes simples, vaginose bacteriana, clamídia, gonorreia e tricomoníase. Neste artigo iremos abordar as quatro últimas por apresentarem sintomatologias semelhantes

Vaginose bacteriana

A vaginose bacteriana é a infecção vaginal mais comum em mulheres entre 15 e 44 anos. 

Está ligada a um desequilíbrio entre as bactérias “boas” e “nocivas” que normalmente são encontradas na vagina, com diminuição acentuada ou desaparecimento de lactobacilos acidófilo (Lactobacillus spp) e aumento de bactérias anaeróbias (Prevotella sp. e Mobiluncus sp.), G. vaginalis, Ureaplasma sp., Mycoplasma sp., e outros. Por esse motivo não é considerada uma infecção sexualmente transmissível, porém é desencadeada pela relação sexual.

Ela raramente afeta mulheres que nunca tiveram relações sexuais e não é transmitida por assentos sanitários, roupas de cama ou piscinas.

Prevenção da vaginose bacteriana

Você pode prevenir a infecção:

  1. Limitar o número de parceiros (as) sexuais.
  2. Evite lavar a região genital com ducha.

Vaginose bacteriana na gestação

Mulheres grávidas com a doença estão mais propensas a ter bebês prematuros ou com baixo peso ao nascer. 

Sinais e sintomas da vaginose bacteriana

Os principais são: 

  1. Corrimento vaginal fino, branco ou cinzento.
  2. Dor, coceira ou ardor na vagina.
  3. Odor forte, principalmente depois da relação sexual.
  4. Queimação ao urinar.

Se você apresentar alguns desses sintomas, procure assistência médica.

Diagnóstico da vaginose bacteriana

Seu médico fará o exame ginecológico em busca de sinais de corrimento vaginal. Também é possível fazer testes diagnósticos na secreção.

Tratamento da vaginose bacteriana

O tratamento da infecção é realizado com antibióticos, prescritos pelo seu médico. 

Parceiros sexuais masculinos de mulheres diagnosticadas não precisam ser tratados, porém pode ser transmitida entre parceiras sexuais femininas.

Se não tratada, o infecção pode causar sérios riscos à saúde, incluindo:

  1. Aumenta sua chance de contrair o HIV ao ter relações sexuais com alguém vivendo com o vírus.
  2. Se você está vivendo com o HIV, aumenta a sua chance de transmitir o vírus ao seu parceiro (a) sexual.
  3. Torna mais provável que o seu bebê nasça prematuro ou com baixo peso ao nascer.
  4. Aumenta suas chances de contrair outras infecções sexualmente transmissíveis, como clamídia e gonorreia. 
  5. Pode evoluir para doença inflamatória pélvica, infecção grave e com possibilidade de internação hospitalar.

Clamídia

A clamídia é causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, que pode infectar tanto homens quanto mulheres. Se não tratada, evolui com sequelas no sistema reprodutivo.

Transmissão da clamídia

A transmissão ocorre durante o sexo vaginal, anal ou oral sem preservativos com alguém com clamídia. Mesmo tratando uma vez a infecção, você pode contraí-la novamente. 

Prevenção da clamídia

A principal forma de prevenção é através do uso de preservativo durante a relação sexual.

Clamídia na gestação

Se você está grávida, pode transmitir a infecção para o bebê durante o parto. Isso pode causar uma infecção ocular ou pneumonia em seu recém-nascido. A infecção também pode aumenta a chance de prematuridade do bebê. Faça o pré-natal corretamente, assim o diagnóstico será realizado precocemente. 

Sinais e sintomas de clamídia

A maioria das pessoas com clamídia não apresentam sintomas.

Os principais sintomas nas mulheres são: 

  1. Corrimento vaginal anormal.
  2. Sensação de ardor ao urinar.

Nos homens os principais sintomas são:

  1. Secreção saindo da uretra do pênis.
  2. Sensação de queimação ao urinar.
  3. Dor e/ou inchaço nos testículos.

Homens e mulheres também podem se infectar com clamídia no reto. Acontece durante sexo anal receptivo ou por disseminação de outro local infectado (como a vagina). Geralmente não causa sintomas, porém apresentam-se como: 

  1. Dor anal.
  2. Secreção saindo no ânus.
  3. Sangramento.

Diagnóstico da clamídia

Você deve ser examinado pelo seu médico se detectar algum destes sintomas ou se seu parceiro (a) tiver uma infecção sexualmente transmissível.

Testes laboratoriais podem ser realizados para diagnosticar clamídia. Geralmente são realizados em amostra de urina ou secreção da vagina, pênis ou ânus. 

Tratamento da clamídia

A clamídia tem tratamento e cura. É realizado com antibióticos prescritos pelo seu médico. 

Seu parceiro (a) sexual deve realizar o tratamento, se não, pode retransmitir a bactéria para você.

Não façam sexo até ambos completarem o tratamento. Espere, no mínimo, 7 dias após o fim da terapia para ter relações sexuais. 

Se não tratada, a infecção pode levar a complicações graves nas mulheres, como a doença inflamatória pélvica, dor pélvica a longo prazo, incapacidade de engravidar e gravidez ectópica (gravidez fora do útero). Os homens raramente têm complicações ligados à infecção.

Gonorreia

A gonorreia é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, que pode infectar tanto homens quanto mulheres.

Pode causar infecções na região genital, no reto e na garganta. É muito comum, especialmente entre jovens de 15 a 24 anos.

Transmissão da gonorreia

Você pode contrair a gonorreia durante o sexo vaginal, anal ou oral sem preservativo com alguém que tenha gonorreia. Mesmo tratando uma vez a infecção, você pode contraí-la novamente. 

Prevenção da gonorreia

A principal forma de prevenção é através do uso de preservativo durante a relação sexual.

Gonorreia na gestação

Se você estiver grávida, pode transmitir a infecção para seu bebê durante o parto. Isso pode causar sérios problemas de saúde recém-nascido. Faça o pré-natal corretamente, assim o diagnóstico será realizado precocemente. 

Sinais e sintomas da gonorreia

A maioria das pessoas não apresentam sintomas

Nos homens apresentam-se como: 

  1. Sensação de queimação ao urinar.
  2. Secreção branca, amarela ou verde saindo da uretra do pênis.
  3. Testículos doloridos ou inchados.

Nas mulheres, muitas vezes os sintomas são leves e podem ser confundidos com uma infecção da bexiga. Geralmente apresentam-se como: 

  1. Sensação dolorosa ou ardência ao urinar.
  2. Corrimento vaginal.
  3. Sangramento vaginal entre os períodos menstruais.

Homens e mulheres também podem se infectar com gonorreia no reto. Acontece durante o sexo anal receptivo ou por disseminação de outro local infectado (como a vagina). Geralmente não causa sintomas, porém apresentam-se como: 

  1. Secreção saindo no ânus.
  2. Coceira anal.
  3. Dor anal.
  4. Sangramento.

Diagnóstico da gonorreia

Você deve ser examinado pelo seu médico se detectar algum destes sintomas ou se seu parceiro (a) tiver uma infecção sexualmente transmissível.

Testes laboratoriais podem ser realizados para diagnosticar gonorreia. Geralmente são realizados em amostra da secreção da vagina, pênis, ânus ou garganta. 

Tratamento da gonorreia

A gonorreia tem tratamento e pode ser curada. É realizado com antibióticos prescritos pelo seu médico. 

Seu parceiro (a) sexual deve realizar o tratamento, se não, pode retransmitir a bactéria para você.

Infelizmente está se tornando mais difícil tratar a infecção, já que algumas cepas de gonorreia estão resistentes a certos antibióticos. Se seus sintomas persistirem mesmo após o início do tratamento, retorne ao médico para ser reavaliado.

Não façam sexo até ambos completarem o tratamento. Espere, no mínimo, 7 dias após o fim da terapia para ter relações sexuais. 

A infecção não tratada pode causar sequelas graves. Nas mulheres, pode causar gravidez ectópica (gravidez fora do útero), infertilidade e dor pélvica/abdominal a longo prazo. Nos homens, pode causar dor no saco escrotal e infertilidade.

Raramente, a infecção pode se espalhar para o sangue ou articulações.

Tricomoníase

A tricomoníase é causada pelo protozoário chamado Trichomonas vaginalis e é mais comum em mulheres do que em homens.

Transmissão da tricomoníase

O parasita é transmitido de uma pessoa com a infecção para outra durante o sexo sem preservativo

Nas mulheres, a parte mais afetada é o trato genital inferior (vulva, vagina, colo do útero ou uretra). Nos homens, é o interior do pênis (uretra). É incomum ocorrer em outras partes do corpo, como as mãos, boca ou ânus. 

Mesmo não apresentando sintomas, a pessoa pode transmitir a infecção. 

Prevenção da tricomoníase

A principal forma de prevenção é através do uso de preservativo durante a relação sexual.

Tricomoníase na gestação

Mulheres grávidas com a doença estão mais propensas a ter bebês prematuros ou com baixo peso ao nascer.

Sinais e sintomas da tricomoníase

Cerca de 70% das pessoas infectadas não apresentam sinais ou sintomas.

Quando ocorrem, variar entre uma leve irritação e infecção grave. Geralmente iniciam entre 5 a 28 dias após transmissão. 

Os homens apresenta-se com:

  1. Irritação no interior do pénis.
  2. Queimação após micção ou ejaculação.
  3. Secreção saindo da uretra do pênis.

Enquanto nas mulheres

  1. Ardor, vermelhidão ou dor na região genital.
  2. Desconforto durante a micção.
  3. Corrimento vaginal que pode ser claro, branco, amarelado ou esverdeado, com odor forte. 

Outro sintoma muito comum em ambos os sexos é a dor durante a relação sexual. Sem tratamento, a infecção pode durar meses ou até anos.

Diagnóstico da tricomoníase

Você deve ser examinado pelo seu médico se detectar algum destes sintomas ou se o seu parceiro (a) tiver uma infecção sexualmente transmissíveis.

Tratamento da tricomoníase

A tricomoníase tem tratamento e cura. É realizado com antiparasitários prescritos pelo seu médico. 

Seu parceiro (a) sexual deve realizar o tratamento, se não, pode retransmitir o parasita para você.

Não façam sexo até ambos completarem o tratamento. Espere, no mínimo, 7 dias após o fim da terapia para ter relações sexuais.

Conclusão

Anote todos os seus sintomas, quando eles iniciaram e quando você teve a exposição de risco. Anote também suas dúvidas e leve-as ao médico. Não hesite em fazer outras perguntas caso elas ocorram no momento da consulta. 

Quando diagnosticadas precocemente, as infecções sexualmente transmissíveis podem ser tratadas, e assim, não causaram maiores problemas na sua saúde.

infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

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