Pesquisar
Close this search box.

ARTIGOS

Hepatite C: tudo o que você precisa saber

Por Dr. Richard Portier

em 8 de agosto de 2020.

Você sabia que hoje, no Brasil, todas as pessoas com hepatite C crônica podem realizar o tratamento, independentemente do grau da doença, e ele é totalmente gratuito?

Você sabia que hoje a chance de cura varia entre 80% a 100%, e quanto mais precoce o diagnóstico, maior a sua chance de cura?

Você sabia que quem falhou ao tratamento no passado pode ser retratado e as chances de cura são boas?

O tratamento da hepatite C crônica mudou muito nos últimos 3 anos. Mas por que? Antes os medicamentos causavam muitos efeitos colaterais e a chance de cura era menor que 50%. Hoje, os medicamentos quase não possuem efeitos colaterais e a cura é alta. 

Seja qual for a sua dúvida, continue lendo esse artigo.

O que é a hepatite C e a diferença entre hepatite aguda e crônica

A hepatite C é uma doença hepática causada pelo vírus da hepatite C. Ela é contagiosa pois é transmitida, na maioria das vezes, pelo sangue. 

Existem duas condições em relação a hepatite C, similar a hepatite B – a infecção aguda e a crônica

  1. A infecção aguda é de curta duração e ocorre nos primeiros 6 meses após a exposição ao vírus.
  2. A infecção crônica é de longa duração e ocorre quando o vírus da hepatite C permanece no seu corpo após 6 meses.

O risco de cronificação da hepatite C varia entre 60% e 90%, sendo maior em homens, pessoas com alguma imunodeficiência e pessoas com mais de 40 anos.

Transmissão da hepatite C

A hepatite C é transmitida quando o sangue infectado com o vírus entra no corpo de alguém que não o tem. Hoje, a maioria das pessoas contraem ao compartilhar agulhas, através de equipamentos para injetar drogas e materiais não esterilizados. 

Também pode ser transmitida por meio da relação sexual sem preservativo, porém é menos frequente. Antes de 1992, ano que o vírus foi descoberto, a hepatite C era disseminada por transfusões de sangue e transplantes de órgãos.

Você pode contrair o vírus pelo sangue, sêmen ou outros fluidos corporais infectados, e pode ocorrer: 

  1. Compartilhando agulhas, seringas ou outros equipamentos de drogas injetáveis, inaláveis (cocaína) e pipadas (crack).
  2. Acidente de trabalho (por exemplo, com uma agulha contaminada) em ambientes de cuidados de saúde.
  3. Verticalmente – transmissão da mãe vivendo com o vírus para o bebê durante o parto.
  4. Compartilhando itens como lâminas de barbear ou escovas de dente com uma pessoa vivendo com o vírus. 
  5. Durante o sexo oral, vaginal e anal sem preservativo com um parceiro(a) vivendo com o vírus.
  6. Contato direto com o sangue ou feridas abertas de uma pessoa vivendo com o vírus.
  7. Exposição ao sangue de agulha ou outros instrumentos cortantes infectados, geralmente materiais não esterilizados, como por exemplo, material de manicure e pedicure, lâminas de barbear e depilar, tatuagens, piercing.
  8. Procedimento odontológicos e cirúrgicos, hemodiálise, transfusão, endoscopia, entre outros, quando às normas de biossegurança não são aplicadas.

O vírus da hepatite C pode sobreviver fora do corpo à temperatura ambiente por até 3 semanas. Durante esse tempo, ele ainda pode causar infecção se entrar no corpo de uma pessoa que não esteja infectada. Limpe superfícies sujas com sangue com uma mistura de água sanitária e água, sempre utilizando luvas, mesmo se o sangue estiver seco. 

Diferentemente da hepatite A, ela não é transmitida rotineiramente por comida ou água. No entanto, pode ser transmitida por alimentos pré-mastigados por uma pessoa com o vírus. 

Ele não se espalha por talheres, amamentação, abraços, beijos, toque, tosse ou espirros. Também não pode ser transmitido por picada de insetos. 

Algumas pessoas estão em risco aumentado, incluindo:

  1. Usuários de drogas injetáveis. ​​
  2. Ex-usuários de drogas injetáveis, incluindo aqueles que injetaram apenas uma vez a muitos anos atrás.
  3. Quem realizou transfusão de sangue ou derivados, transplante de órgãos e hemodiálise antes de 1992.
  4. Pessoas que fizeram piercings ou tatuagens com instrumentos não estéreis.
  5. Profissionais de saúde que sofreram acidente de trabalho com agulhas contaminadas.
  6. Pessoas vivendo com HIV.
  7. Crianças nascidas de mães vivendo com o vírus.
  8. Ter contato sexual sem preservativo com uma pessoa vivendo com o vírus.
  9. Viver com uma pessoa que tem hepatite C crônica.
  10. Ter vários parceiros (as) sexuais.
  11. Ter uma infecção sexualmente transmissível.
  12. Homens que fazem com homens (HSH).
  13. Viajar para países com taxas moderadas a altas de hepatite C.
  14. Fazer sexo violento.

Se você está preocupado com a possibilidade de exposição ao vírus da hepatite C, marque uma consulta com seu médico. A hepatite C é diagnosticada através de exame de sangue disponíveis no SUS e em laboratórios particulares. 

Prevenção da Hepatite C

Se você é sexualmente ativo, pode diminuir sua probabilidade de contrair a hepatite C:

  • Ao ter um relacionamento mutuamente monogâmico de longo prazo com um parceiro (a) que foi testado para hepatite C e não tem a infecção crônica;
  • Usar preservativos da maneira certa sempre que fizer sexo. 

Se for usar drogas injetáveis, não compartilhe seringas. Também não compartilhe itens como lâminas de barbear ou escovas de dentes.

Cuidado em salões de beleza e clínicas estéticas. Caso queira fazer uma tatuagem ou algum procedimento cirúrgico, fique atento às normas de biossegurança do local. 

Ainda não existe vacina para hepatite C. 

Hepatite C na gestação

A hepatite C raramente é transmitida de uma mulher grávida para o bebê. Cerca de 6% dos bebês nascidos de mães com o vírus são infectados. No entanto, o risco torna-se maior se a mãe for coinfectada com o HIV. 

O teste diagnóstico não faz parte do atendimento pré-natal de rotina. No entanto, se uma mulher grávida tem fatores de risco para a infecção, ela deve realizar o exame.

Sinais e sintomas da hepatite C

Aproximadamente 80% das pessoas com hepatite C aguda não apresentam sintomas. Porém ela ainda pode transmitir o vírus. O tempo médio entre a exposição e o início do sintoma é de 6 a 7 semanas, mas pode variar de 2 semanas a 6 meses. 

Os principais sintomas da hepatite C aguda são: 

  1. Febre.
  2. Fadiga.
  3. Perda de apetite.
  4. Náusea.
  5. Vômito.
  6. Dor abdominal.
  7. Urina escura.
  8. Dor nas articulações.
  9. Icterícia (cor amarela na pele ou nos olhos).
  10. Diarreia.
  11. Erupção cutânea parecido como uma alergia.

A maioria das pessoas com hepatite C crônica também não apresentam sintomas. No entanto, se você viver muitos anos com o vírus, pode ter seu fígado danificado. 

Você só terá sintomas quando a doença já estiver avançada. As principais complicações são insuficiência hepática, cirrose e câncer de fígado.

A hepatite C crônica é a principal causa de cirrose e câncer de fígado e a razão mais comum para o transplante de fígado nos Estados Unidos. 

De cada 100 pessoas vivendo com o vírus da hepatite C, cerca de 60 a 90 pessoas desenvolvem infecção crônica. Desses, 60 a 70 pessoas continuarão a desenvolver doença hepática crônica, sendo que 5 a 20 pessoas irão desenvolver cirrose durante um período de 20 a 30 anos e 1 a 5 pessoas vão morrer de cirrose ou câncer de fígado.

Diagnóstico da hepatite C

O principal exame diagnóstico da hepatite C é o Anti-HCV. Após você contrair o vírus, este teste demora de 8 a 12 semanas para ser detectado, mantendo-se reagente para o resto da sua vida, mesmo se você curar a doença. Se positivo, é necessário confirmar o diagnóstico com a carga viral do vírus da hepatite C (PCR quantitativo). 

Por não apresentar sintomas na fase crônica, a hepatite C é considerada uma doença silenciosa. Portanto, se você está em risco de ter contraído o vírus, deve realizar o teste diagnóstico. Ele é indicado se você:

  • Nasceu entre 1945 a 1965.
  • É um usuário de drogas injetáveis ​​ou ex-usuário, mesmo que você tenha injetado apenas uma vez há muitos anos.
  • Recebeu uma transfusão de sangue ou transplante de órgão antes de 1992.
  • Está em tratamento de hemodiálise a bastante tempo.
  • Tem testes hepáticos anormais ou doença hepática.
  • É profissional de saúde.
  • Está vivendo com o HIV.
  • É sexualmente ativo.

Quando realizado o diagnóstico, é muito importante o seguimento médico para que se possa avaliar a evolução da doença hepática, com exames de sangue e de imagem de rotina, que serão solicitados pelo seu médico.

Diagnóstico diferencial

Os sintomas da hepatite, tanto aguda como crônica, podem ser parecidos com outras doenças, como: mononucleose, toxoplasmose, citomegalovirose e outras doenças virais, leptospirose, febre amarela, malária e dengue hemorrágica, hepatite alcoólica, medicamentosa, autoimune, doenças hemolíticas e obstrução mecânica das vias biliares (tumor, cálculo).

Tratamento da hepatite C

Não há medicação disponível para tratar a infecção aguda. Durante essa fase é necessário descanso, alimentação adequada e ingestão de líquidos, embora alguns casos mais graves possam necessitar de internação hospitalar.

Existem vários medicamentos disponíveis para tratar a infecção crônica e o seu médico irá prescrever o melhor tratamento para você de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções publicado pelo Ministério da Saúde em 2018, sendo que as chances de cura variam entre 80% a 100%.

Você deve evitar a ingestão de álcool. Sempre pergunte ao com seu médico quais medicamentos, suplementos ou chás você pode tomar, pois eles podem danificar ainda mais seu fígado. 

Conclusão

Anote todos os seus sintomas, quando eles iniciaram e quando você teve a exposição de risco. Anote também suas dúvidas e leve-as ao médico. Não hesite em fazer outras perguntas caso elas ocorram no momento da consulta. 

Quando diagnosticada precocemente, a hepatite C não deixa sequelas. Não deixe ela evoluiu para uma insuficiência hepática, cirrose ou câncer de fígado.

infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para richard@richardportier.com que responderemos o mais breve possível. Obrigado!

© 2022 Richard Portier. CNPJ 31.671.711/0001-11. Todos os direitos reservados. Termos de uso.