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ARTIGOS

Herpes Zóster: tudo o que você precisa saber

Por Dr. Richard Portier

em 8 de agosto de 2020.

Um caminhão de comprimidos…. Esse é o tratamento do herpes zóster. 

E a dor? É muito forte. 

Por ser um doença muito comum e com gravidade diferente entre as pessoas, principalmente em relação a dor, geram bastante dúvidas. 

Quase 1 em cada 3 pessoas nos Estados Unidos desenvolve herpes zóster em algum momento da vida.

Neste artigo iremos abordar diversos aspectos do herpes zóster, e da neuralgia pós-herpética.

O que é herpes zóster

O herpes zóster, conhecido popularmente como cobreiro, é uma doença infecciosa causada pelo mesmo vírus da catapora (varicela), o vírus varicela-zoster. As erupções bolhosas na pele ocorrem após reativação do vírus muitos anos depois da primeira infecção. O vírus, que estava dormente (inativo) nos nervos reativa-se, porém não se sabe o porquê disso ocorrer.

Transmissão do herpes zóster

O vírus varicela-zoster pode ser transmitido de forma direta através de uma pessoa com lesões de pele ativas (fase de bolhas) para alguém que nunca teve catapora ou nunca recebeu a vacina contra catapora. 

Pode ocorrer através de secreções respiratórias ou contato direto com as lesões. Enquanto você permanecer com bolhas, pode transmitir o vírus. Se só apresentar crostas, deixa de transmitir a infecção. 

Indiretamente, e raramente, pode ser transmitido por meio de objetos contaminados com secreções das bolhas. 

Algumas pessoas têm um risco maior de desenvolver a herpes zoster, entre elas:

  1. Idosos.
  2. Certos tipos de câncer, como leucemia e linfoma.
  3. Pessoas vivendo com o HIV.
  4. Pessoas em uso de imunossupressores, como corticóides em altas doses e medicamentos pós-transplante.
  5. Pessoas com doença crônicas.
  6. Uso de inibidores de bomba de prótons, como omeprazol. 

Prevenção do herpes zoster

A única maneira de reduzir o risco de desenvolver a herpes zóster e a neuralgia pós-herpética é através da vacina

No Brasil, a única disponível é composta por vírus vivos atenuados da varicela-zoster. Uma dose é recomendada para maiores de 60 anos, porém pode ser administrada para maiores de 50 anos. 

Por ser uma vacina de vírus atenuado, ela é contraindicada para pessoas com imunossupressão, alergia grave, tuberculose sem tratamento e gestantes. 

Outra vacina, porém não disponível no Brasil, é chamada de Shingrix®. Ela é recomenda que adultos saudáveis com 50 anos, em duas doses. Quando estiver licenciada em nosso país, essa página será atualizada. 

Se você está com lesões bolhosas, siga as seguintes recomendações:

  1. Cubra as lesões.
  2. Evite tocar ou coçar as lesões.
  3. Lave as mãos frequentemente. 
  4. Evite o contato com mulheres grávidas que nunca tiveram catapora ou vacina contra varicela; bebês prematuros ou com baixo peso ao nascer; pessoas com sistema imunológico enfraquecido, como por exemplo, recebendo medicamentos imunossupressores ou em quimioterapia, pós-transplantados e pessoas vivendo com o HIV

Sinais e sintomas do herpes zóster

Antes da lesão de pele ocorrer, você sentirá dor, coceira, ardor ou formigamento na área onde a erupção aparecerá. Isso acontece entre 1 a 5 dias antes das bolhas (vesículas) surgirem. Outros sintomas comuns são:

  1. Febre
  2. Dor de cabeça
  3. Mal-estar
  4. Arrepios
  5. Dor de estômago.

As lesões são erupções cutâneas bolhosas dolorosas que aparecem em um lado do rosto ou corpo, distribuídas como uma faixa (pois a lesão acompanha o nervo). Elas permanecem de 7 a 10 dias, evoluem para lesões crostosas e desaparecem dentro de 2 a 4 semanas. As regiões mais comprometidas são a torácica (53%), cervical (20%), nervo trigêmeo do rosto (15%) e lombossacra (11%).

Em casos raros (geralmente em pessoas com sistema imunológico debilitado), a erupção cutânea pode ser mais disseminada e parecida com a catapora. 

Pessoas com herpes zóster disseminado e/ou recidivante devem investigar neoplasias malignas, HIV | AIDS e outras doenças imunossupressoras.

Doença mais grave ocorre em face. Pode afetar o olho ou causar meningite/encefalite. Nesses casos, a avaliação médica imediata é necessária. Raramente ela causará pneumonia e morte. 

Neuralgia pós-herpética

A complicação mais comum é a neuralgia pós-herpética. 

Ela manifesta-se como dores intensas nas áreas onde ocorreram as erupções cutâneas, mesmo após o desaparecimento das lesões.

A dor pode ser grave e debilitante, mas geralmente desaparece após semanas ou meses. Porém, algumas pessoas permanecem com os sintomas durante muitos anos, interferindo em suas atividades diárias.

O risco de desenvolver a neuralgia pós-herpética aumenta com a idade. Cerca de 10 a 13% das pessoas desenvolvem essa complicação. Raramente ela ocorre em pessoas com menos de 40 anos de idade.

Diagnóstico do herpes zóster

Seu médico pode diagnosticar o herpes-zóster simplesmente observando seus sintomas. É possível coletar amostras das lesões e testá-las para confirmar o diagnóstico, mas não é realizado de rotina. 

Diagnóstico diferencial

Os sinais e sintomas da doença podem ser parecidos com outras, como a varíola (erradicada), coxsackioses, infecções cutâneas, dermatite herpetiforme, impetigo, erupção variceliforme de Kaposi, riquetsioses, entre outras. 

Tratamento do herpes zóster

O tratamento do herpes zóster é realizado com antivirais, analgésicos e anti-histamínicos prescritos pelo seu médico. 

O antiviral de escolha, geralmente, é o aciclovir. Quanto mais precoce o início do tratamento, melhor. Mas ele não diminui o risco de desenvolver a neuralgia pós-herpética. 

O uso de corticóides, como a prednisona, também não altera a chance de apresentar a neuralgia. 

As lesões de pele geralmente desaparecem mesmo não realizando o tratamento. 

Compressas úmidas podem ajudar a aliviar a coceira. Corte suas unhas e evite coçar. Isso impede uma infecção por bactérias na região. 

Casos em face ou complicações, como a meningite e encefalite, podem necessitar de internação hospitalar para tratamento com antivirais intravenosos. 

Se a dor persistir, mesmo após as lesões desaparecerem, poderá necessitar de tratamento para a neuralgia pós-herpética. Ela é realizada com analgésicos e medicamentos chamados moduladores de dor. Os principais são a amitriptilina, carbamazepina e benzodiazepínicos. Marque uma consulta com seu médico para saber mais sobre esses medicamentos. 

Conclusão

Caso você desenvolva o herpes zóster, não sofra. Procure atendimento médico, principalmente para controle da dor. Hoje existem medicamentos que tratam esse sintoma tão terrível que atrapalha suas atividades diárias.

infectologista curitiba

Dr. Richard Portier

Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.

Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.

Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV. 

Médico Infectologista

CRMPR 32.357

RQE 23.586

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