Por Dr. Richard Portier
em 8 de agosto de 2020.
A tuberculose é a doença infecciosa que mais mata no mundo.
Mas por que existe essa letalidade, Richard?
Pois é um quebra-cabeça.
Juntando as peças é possível realizar o diagnóstico e curar a tuberculose.
Ao longo dessa leitura irei apresentar essas peças.
A tuberculose é uma doença infecciosa transmissível causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis.
As duas primeiras definições são relacionadas aos locais onde a bactéria faz doença:
O terceiro e o quarto está relacionado a desenvolver ou não a doença. Como resultado, existem duas condições relacionadas à tuberculose:
A bactéria é transmitida pelo ar. Quando você tem a tuberculose pulmonar e tosse, espirra ou fala, pode transmitir para pessoas próximas. Estão em maior risco aquelas que passam mais tempo como você, como membros da família, amigos, colegas de trabalho ou colegas de escola.
Apenas a tuberculose pulmonar é transmissível. A tuberculose extrapulmonar não é infecciosa.
Ela não é transmitida por:
Se você acha que está em risco, procure assistência médica.
O tratamento da tuberculose latente é a melhor forma de prevenção da tuberculose (ver abaixo).
Existe também a vacina contra a tuberculose que é aplicada logo após o nascimento. Ela previne a forma miliar e meníngea da doença.
Existe risco maior para você e seu bebê se a doença da tuberculose não for tratada. Ele pode apresentar baixo peso ao nascer, e raramente, nascer com tuberculose.
As gestantes devem iniciar o tratamento assim que a tuberculose for detectada. Os antibióticos de primeira escolha não são nocivos ao bebê, apenas alguns utilizados para tuberculose resistente.
A amamentação não é contra-indicada, porém necessita de cuidados especiais.
Após contrair a bactéria, ela pode viver no seu corpo sem deixá-lo doente. Isso é chamado de tuberculose latente. Você:
A maioria das pessoas não desenvolvem a doença da tuberculose, ou seja, a bactéria permanece inativa por toda a vida. Porém algumas pessoas apresentam um risco maior de desenvolver a doença (veja abaixo).
Quando a bactéria entra no seu corpo e você não consegue combatê-la, ela causará a doença da tuberculose.
Você pode desenvolver a doença logo após ser infectado (dentro de semanas) ou anos depois, quando o sistema imunológico se enfraquece por outro motivo.
Se você tem a doença da tuberculose:
Cerca de 5 a 10% das pessoas infectadas, que não receberam tratamento para a infecção latente da tuberculose, desenvolveram a doença. Algumas pessoas apresentam risco maior:
Se você acha que está em risco, procure assistência médica.
A tuberculose pulmonar pode causar sintomas como:
Os sintomas da doença em outras partes do corpo dependem do órgão afetado, porém você pode apresentar os 6 últimos sintomas descritos acima.
O diagnóstico da doença da tuberculose não é fácil pois envolve sete etapas:
O diagnóstico da tuberculose é complexo. Envolve várias etapas que nem sempre estão presentes, principalmente os testes microbiológicos. Por isso, na maioria das vezes, o diagnóstico é provável.
Só juntando várias peças desse quebra-cabeça é possível chegar ao diagnóstico.
O teste cutâneo para a tuberculose, também chamado de teste tuberculínico ou PPD, é realizado em duas etapas:
O resultado depende do tamanho da reação:
O PPD não confirma, porém ajuda no diagnóstico da tuberculose latente e da doença da tuberculose.
Se você recebeu a vacina BCG, o PPD pode ser positivo, ou seja, um falso-positivo.
Os sinais e sintomas da tuberculose podem ser parecidos com outras doenças, como pneumonias, micoses pulmonares (paracoccidioidomicose, histoplasmose), sarcoidose, carcinoma brônquico, síndrome respiratória aguda grave (SRAG), entre outras.
Como explicado anteriormente, se você tem a tuberculose latente, não apresenta sintomas e não transmite a bactéria. No entanto, se a bactéria tornarem-se ativa, você pode desenvolver a doença.
Ela é diagnóstica através do PPD positivo. Porém, antes do tratamento, é necessário descartar doença ativa.
Nem todos precisam realizar o tratamento. Alguns grupos são prioritários, como:
O tratamento é realizado com o antibiótico isoniazida por 9 meses. Ele é disponível exclusivamente pelo SUS. Durante o tratamento é muito importante o acompanhamento médico, principalmente pelos possíveis efeitos colaterais.
Após o diagnóstico confirmado ou provável da doença, faça o tratamento corretamente. Tome os medicamentos exatamente como foram prescritos e finalize a terapia.
Se você abandona o tratamento no meio do caminho, ficará doente novamente e pior, a bactéria se tornar resistente aos antibióticos utilizados. Isso deixa o tratamento mais difícil, pois além de um tempo maior, é necessário medicamentos intravenosos.
O tratamento envolve vários antibióticos que serão tomados por 6 meses (em alguns casos 9). Existem 10 medicamentos atualmente aprovados para a terapia. Todos são disponíveis exclusivamente pelo SUS. Os de primeira escolha são:
Durante os 2 primeiros meses você irá tomar os 4 antibióticos. Nos últimos 4 meses serão apenas a rifampicina e isoniazida.
O acompanhamento médico é essencial, principalmente pelos possíveis efeitos colaterais e para avaliação da efetividade do tratamento. Vários fatores podem fazer o tratamento não funcionar e seu médico poderá identificá-los.
Efeitos adversos são comuns. Informe o seu médico imediatamente se você apresentar alguns deles. Entre os principais estão:
Os antibióticos podem interagir com outros medicamentos que você toma, como por exemplo, medicamentos contra o HIV e anticonvulsivantes. Informe todos os medicamentos que você usa diariamente, incluindo suplementos e chás.
A vacina BCG utilizada no Brasil é preparada com bacilos vivos atenuados, a partir de cepas do Mycobacterium bovis, e apresenta eficácia em torno de 75% contra as formas miliar e meníngea da tuberculose, em indivíduos não infectados pela bactéria.
É administrada em 1 dose por via intradérmica, na inserção do músculo deltoide direito. Essa localização permite a fácil verifiicação da existência da cicatriz vacinal e limita as reações à região axilar.
Crianças de 0 a 4 anos de idade são prioridades:
Ela está contraindicada em gestantes e pessoas imunossuprimidas, como por exemplo, AIDS, neoplasias malignas, em uso de corticóide crônico e outras terapias imunossupressoras.
A tuberculose é um desafio para você e para o seu médico. Porém ela tem tratamento e cura. Fique atento aos riscos e sintomas e procure assistência médica imediata.
Graduado pela Universidade Positivo, é Médico Infectologista graduado pelo Programa de Residência Médica em Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e Membro da Internacional AIDS Society.
Com grande experiência na saúde das pessoas que vivem com HIV, fez estágio no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e trabalhou na Unidade de Internamento de Infectologia e no Ambulatório de HIV/AIDS do Hospital de Clínicas – UFPR. Hoje possui um consultório privado em Curitiba onde realiza consultas online para todo o Brasil.
Sua missão é melhorar o físico, a saúde e a confiança das pessoas vivendo com HIV.
Nenhuma informação desta página e dos nossos produtos substitui uma consulta presencial com seu médico. Jamais faça nenhuma mudança no seu tratamento sem antes consultar seu médico ou profissional de saúde. É só ele quem poderá avaliar de perto a sua situação atual e decidir se você está apto ou não à essas alterações. Portanto, é imprescindível que você tenha acompanhamento médico para sua segurança. Se tiver qualquer dúvida, envie um email para [email protected] que responderemos o mais breve possível. Obrigado!
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